sexta-feira, março 29, 2024

À Procura do Amor

A Vida Começa aos 50

Guardem esse nome: Nicole Holofcener. Se você ainda não conhece essa que é uma das cineastas mais talentosas trabalhando atualmente em Hollywood, chegou a hora de ser apresentado. Roteirista de todos os seus filmes, a diretora estreou no cinema com um curta em 1991. Em 1996, lançou seu primeiro longa, Walking and Talking, uma comédia-romântica dramática protagonizada por sua atriz favorita Catherine Keener (com quem trabalhou em todos os seus filmes).

Depois de Encontro de Irmãs (2001), realizou seu primeiro trabalho de destaque verdadeiro, Amiga com Dinheiro (2006), um dos únicos filmes bons da carreira de Jennifer Aniston. Como o título já diz, o filme discutia a vida de quatro grandes amigas, e como o status financeiro entra em jogo e divide as pessoas. Em Sentimento de Culpa (2010), Holofcener foi ainda mais longe com seu humor ácido, e descortinou o pensamento incorreto contido em cada um de nós, colocando bem na nossa frente uma realidade muito presente em nosso dia a dia, que na maioria das vezes preferimos ignorar.

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Agora, a cineasta volta aos primórdios de sua carreira ao entregar com seu quinto filme uma comédia-romântica agradável, séria e madura. Julia Louis-Dreyfus (a eterna Elaine do seriado Seinfeld) é Eva, uma massagista divorciada, mãe de uma jovem que acabou de entrar na faculdade. Numa festa sem perspectivas, ela conhece Albert, personagem do saudoso James Gandolfini (o eterno Tony Soprano do seriado Família Soprano).

Esse é um dos trabalhos póstumos de Gandolfini, falecido em setembro desse ano, e o primeiro a ser lançado após sua morte. Embora ambos atores sejam mais conhecidos por seus personagens na TV, Gandolfini teve uma boa carreira no cinema também, ao contrário de Louis-Dreyfus que nunca teve muitas oportunidades. Aqui, no entanto, ela tem toda a chance que precisa para brilhar e não decepciona em seu primeiro papel protagonista no cinema, em vias de completar 53 anos de idade.

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Ela é uma atriz muito carismática, e como Eva entrega o retrato da mulher comum, extremamente identificável com seus variados problemas mundanos e rotineiros.  Quando decidem dar uma chance para o amor, nessa fase da vida, os personagens sabem exatamente onde estão se metendo, e tudo o que tal situação acarretará. Os dois são divorciados, e possuem filhas adultas. Nesse trecho da obra, ao abordar o relacionamento, o filme de Holofcener não poderia ser mais honesto.

O desconforto caminha junto com a vontade, ao saberem que seu auge já passou e não estão mais na idade em que vale tudo. Os dois sabem de seu declínio iminente, e entre diálogos sobre falta de dentes e sobrepeso, encontram também a sinceridade absoluta, e nenhuma futilidade ou vaidade. Em um segundo momento, À Procura do Amor apela ao humor, e é nessa hora que entra em jogo uma subtrama.

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Eva (Louis-Dreyfus) cria grandes laços de amizade com a personagem de Catherine Keener, sem saber que ela na verdade é a ex mulher do personagem de Gandolfini. A protagonista então decide seguir em frente, sem contar nada para nenhuma das partes, a fim de receber informações privilegiadas. Se nos negócios tal fato pode acarretar em um longo tempo de prisão, porque na vida social deveria ser diferente.

Como esperado, a obra da diretora consegue ser engraçada, sem apelar ao mais baixo denominador comum. O filme promete prêmios para o trio principal: Louis-Dreyfus, Gandolfini e Holofcener. É muito bom ver uma comédia romântica que traga boa reputação ao gênero, jogado na lama por anos de exemplares ruins impulsionados por Sandra Bullock, Jennifer Aniston e Katherine Heigl . Deixe para Nicole Holofcener entregar um dos romances adultos mais agradáveis dos últimos anos.

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