quinta-feira, março 28, 2024

Crítica 2 | Alien: Covenant – Ou Alien, de Michael Fassbender

SOFRÍVEL

 

O ingresso que paguei para ver ao suspense Vida (Life) valeu mais do que o de Alien: Covenant. Pronto, acabou a resenha, pode curtir e compartilhar nas redes sociais!

Comparado com Alien: O Oitavo Passageiro, de 1979, Covenant é sua antítese, um filme sofrível e pavoroso, o PIOR filme da série! – não estou contando aqui os confrontos com o Predador. Quase nada, sendo Michael Fassbender honrosa exceção.  No trailer, Ridley Scott vendeu ao público a ideia de um filme que retomaria o clima de horror do original. Ao sair da sala de projeção, fiquei com a impressão de que todas as cenas que poderiam funcionar no filme foram postas no trailer e só funcionam porque receberam uma montagem própria de trailer, pois no filme, elas não têm vida.

Covenant é uma nave de colonização. Após captarem uma mensagem misteriosa, os tripulantes descobrem um planeta mais semelhante à Terra e mais próximo do que aquele previsto originalmente. Após diálogos extremamente convencionais, a tripulação decide mudar os rumos da missão. Nesta parte inicial, já é possível perceber alguns dos muitos defeitos do filme.

O roteiro ruim é a raiz de muitos erros. Muita coisa é previsível, outras tantas são convencionais. Covenant apresenta uma história de origem dos xenomorfos que ninguém pediu para ser contada, que não contribui para a mitologia da saga e que não fornece elementos para o diretor construir o suspense.

Outro problema derivado do roteiro são os personagens mal trabalhados. O filme não se preocupa em desenvolver as personalidades da tripulação, nem podemos chamá-los de caricaturas. A preguiça é tamanha que os personagens mais parecem ideias que não foram desenvolvidas: “olha, esse aqui vai ser a cientista sabichona e esse outro o cowboy espacial”. O roteiro também apela para a burrice dos personagens para evoluir a narrativa. Na primeira sequência de ação do filme, depois de três decisões estúpidas, parei de contar. É algo que ofende a inteligência do público. Enfim, se o filme trata seus personagens como ração Alien, como o público irá se importar e envolver-se com a ação???

Sem o engajamento do público com os personagens, as cenas de ação não provocam palpitações. Ainda falando da primeira sequência de ação, a sua concepção foi boa: separa o grupo em três para explorar um local desconhecido; o público percebe a ameaça antes dos personagens; quando a ameaça fica evidente, duas ações correm em paralelo, culminando com uma imagem pirotécnica. No papel foi lindo, na tela, não! E uma das muitas falhas dessa sequência está na má construção dos personagens, com os quais não nos importamos e que são muito burros.

Podemos identificar outras escolhas que prejudicam a sequência: a fotografia da sequência é genérica demais para construção do clima; as mudanças na mitologia ajudam a puxa mais ainda o freio de mão da cena; até a má apresentação da relação entre as personagens não colabora. Mas, sem dúvida, é a burrice das escolhas dos personagens o grande problema desta e de muitas outras sequências de Covenant.

No filme de 1979, a direção trabalhava com as sombras, mostrando pouco; o medo vinha do desconhecido. Consciente de que não há novidade em seu xenomorfo, Scott opta pelo gore, pelo grafismo das mortes – sábia decisão, que poderia ter um grande mérito pelo seu lado terror. Porém, faltou coragem na execução de efetivamente explorar a repulsa causada pelos corpos dilacerados. De tão rápidos os planos, as mortes nem causam repulso nos estômagos mais sensíveis, nem satisfaz o sadismo dos apreciadores do terror.

Não deixe de assistir:

Ao lado de Covenant, Prometheus fica melhor – ao menos, você tinha coisas novas no roteiro e uma concepção visual de encher os olhos. Mas, dos vários erros de Covenant, há um erro que também paira sobre Prometheu. Ambos simbolizam algo forte no cinemão atual: o desejo de ter uma franquia para chamar de sua; isto faz com que estúdios e criadores apelam, muitas vezes, ao prólogo (o famoso prequel).

São dois fenômenos distintos que frequentemente andam juntos. A ideia de franquia é antiga no cinema e voltou a ser regra atualmente.  A franquia é uma maneira criar um público cativo, deixando o investimento menos arriscado. É uma decisão comercial compreensível diante da concorrência com outras mídias, mas que contribuiu o rebaixamento da qualidade de muitos filmes e torna o terreno infértil para novas ideias. Sim, muitas sagas são bem feitas (vide Marvel), mas limitam inovações, o que resultará em um público saturado.

Diante da necessidade de criar franquias, algo recorrente atualmente é explicar a origem das coisas. Apesar de alguns filmes ótimos (como Rogue One), a mania dos prólogos parece-me mais uma praga. Por mais curioso que o fã seja, nem sempre queremos saber a origem de tudo. Prólogos que querem explicar (e até mastigar) toda uma mitologia podem prejudicar um dos maiores prazeres dos fãs: imaginar o que veio antes. E Covenant é o melhor exemplo de história de origem desnecessária que enfraquece uma mitologia. (nota mental para um próximo texto: atualmente, o público curte as coisas bem mastigadas…).

Mesmo se pensarmos nele isoladamente, Covenant continua disfuncional. Poucas coisas funcionam, como uma ou outra cena, o CGI dos xenomorfos e, principalmente, a atuação de Fassbender. O cara faz milagre com o roteiro, confirmando as más línguas que dizem que ele é um dos maiores atores desta geração. Mas, como milagre não é suficiente contra um roteiro ruim e uma direção preguiçosa, ele também tem seus momentos constrangedores.

Covenant é uma apoteose de boas ideias desperdiças. Há um “plot twist” na última sequência que é símbolo disso. É um “twist” tão pouco twist, que pelo menos eu e uma outra moça no cinema percebemos do que se tratava logo quando a equipe volta para nave. Sem dar spoiler, digo apenas que se o filme tivesse deixado o público ciente, a sequência final de ação dentro da nave ganharia em suspense, pois o diretor teria mais um ponto de tensão para manipular o público.

Enfim, para você Alien: Covenant foi bom ou também foi um festival de erro e de boas ideias desperdiçadas? Ele vai entrar para a galeria de obras primas ou de grandes fracassos de Ridley Scott? Vamos, comente, compartilhe e curta nossas redes sociais:

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