sexta-feira, março 29, 2024

Crítica 2 | Animais Fantásticos e Onde Habitam

A Arca de Noé de J. K. Rowling

Parte da graça e charme da franquia Harry Potter no cinema está em nos apresentar um novo mundo mágico, o qual poucas vezes havíamos presenciado (o grande crítico Roger Ebert comparou a experiência de assistir ao primeiro longa da franquia com O Mágico de Oz), nos imergindo completamente nele. Bem, agora podemos afirmar que a magia está de volta.

Animais Fantásticos é a adaptação de um livro que soa muito como uma enciclopédia da fauna exótica, para dizer no mínimo, deste universo riquíssimo. O autor do livro, Newt Scamander, é quem ganha os holofotes nesta nova produção, que será parte de uma nova saga, mais uma vez saída da mente da autora britânica mais bem sucedida da história. J. K. Rowling é quem adapta o roteiro de seu próprio livro, estreando assim nos textos para cinema, e se saindo incrivelmente bem na nova empreitada.

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Na trama, acompanhamos Newt Scamander (Eddie Redmayne), uma espécie de zookeeper, ou zelador de zoológico, cuja função é cuidar de diversas espécies de animais e todo tipo de criatura, tidas como nocivas ao mundo dos humanos (trouxas, ou como são chamados aqui, não-maj – não mágicos). Em sua jornada, o protagonista, mais excêntrico do que o trio principal da saga de Harry Potter, precisa provar que os bichos pelos quais tem tanta afeição, não representam real ameaça.

Um diferencial interessante é a centralização da trama nos EUA, em Nova York, e não mais na Inglaterra. Em nota de curiosidade, quando Steven Spielberg esteve vinculado ao projeto de levar HP aos cinemas, o cineasta desejava trazer Hogwarts e a história para a América. Agora, a escritora parece ter finalmente feito a vontade do diretor. Mas o fato não soa despropositado. Newt é britânico e um visitante num país que possui sua própria versão deste mundo mágico, com direito ao seu próprio ministério da magia e uma escola rival a Hogwarts, como apontam alguns personagens numa troca divertida sobre qual o melhor colégio.

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É inegável também que Animais Fantásticos e Onde Habitam era uma das superproduções mais esperadas de 2016, e neste fim de ano irá reinar nos cinemas. Para todos os fãs órfãos de Harry Potter e fãs de cinema em geral, que não viam uma produção da franquia desde 2011, chegou o momento do grande retorno triunfal. E em um ano de blockbusters fracos, Animais Fantásticos sobressai com louvor. Esta é uma das melhores obras de entretenimento do ano.

Um dos elementos que o filme não poderia desperdiçar ou retratar erroneamente era seu cerne, os animais fantásticos. E nisso a produção e os envolvidos acertam em cheio. A retratação de cada uma das criaturas, suas particularidades e detalhes específicos, são minuciosamente adereçados. O filme inclusive destaca algumas, como o gracioso Pelúcio (uma espécie de ornitorrinco atraído por objetos brilhantes), tornando-os chamarizes no longa.

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A data em que o novo filme se passa é outro diferencial, criando a trama por volta das décadas de 1920-1930, o que exige grande comprometimento da direção de arte e figurinos. A história também aborda personagens adultos, longe das paredes de uma escola, como nas produções anteriores. Além de tudo isso, Animais Fantásticos é o primeiro filme da franquia HP a dar espaço (digamos um grande espaço) para personagens humanos. Existe uma subtrama envolvendo a personagem de Samantha Morton, uma fanática que acredita na existência de bruxas e bruxos, e decide combatê-los, formando sua própria seita. Ezra Miller interpreta um de seus filhos adotivos. Este trecho soa muito digno de um filme de terror.

Em outra subtrama focando em humanos, Jon Voight é um magnata, dono de jornais, que pretende lançar a candidatura presidencial de seu filho. Fechando o terceiro arco de personagens humanos no longa, Dan Fogler rouba a cena no papel do verdadeiro protagonista aqui, e nossos olhos perante esta epopeia. Ele vive Jacob Kowalki, um gentil aspirante a dono de confeitaria. A doçura com que Rowling cria Jacob e com que Fogler dá vida a ele, centra o filme na realidade necessária, mostrando que outro tipo de personagem pode ter importância em uma história fantástica.

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Colin Farrell está correto na pele do dúbio Percival Graves, assim como Katherine Waterston como a mocinha Porpentina Goldstein. Completando o elenco principal, Carmen Ejogo vive a presidente do mundo mágico, Seraphina Picquery. E sim, Johnny Depp está no longa, em um papel, bem, que não vale ser mencionado para não estragar a surpresa. Eddie Redmayne escolhe uma abordagem, digamos, curiosa, para seu protagonista. Mas é Dan Fogler, ao lado de seu objeto de afeto, Queenie Goldstein (Alison Sudol), a irmã da personagem de Waterston, quem sequestram o filme e nossos corações. Queremos ver um filme só da dupla.

Animais Fantásticos acerta em todas as suas notas. Utiliza muito bem o humor, possui um ritmo acelerado, criando boas cenas e escrevendo a ação de forma eficiente. Os personagens são bem desenvolvidos e todos recebem tempo em cena suficiente. Como filme de introdução, Animais Fantásticos pode não ter o mesmo frescor de A Pedra Filosofal (2001), mas ao mesmo tempo, introduz novos elementos para se distanciar o suficiente da antiga franquia, adquirindo novas tintas para uma investida em outra série (que assim como a original, tende a seguir numa gradual crescente). Tudo sem esquecer seus elos com o passado – que surgem na forma de referências, em especial a nomes de personagens muito conhecidos desta mitologia. Os fãs sairão satisfeitos. Sim, a magia está de volta!

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