Crítica 2 | Quando as Luzes se Apagam

Você estava certo em ter medo do escuro.

Já faz alguns anos desde que me deparei com um certo curta de terror no YouTube. Intitulado Lights Out, o vídeo, com um pouco mais de um minuto, trazia um conceito bastante simples, porém, extremamente assustador – especialmente o seu segundo final. O objetivo era chamar atenção, e, depois do curta ter ganhado bastante popularidade na internet, eles conseguiram o apoio de ninguém menos do que James Wan, o nome mais respeitado do gênero atualmente. Com um orçamento de pouco menos do que 5 milhões, foi dada a chance para Sandberg mostrar o seu talento, transformando o seu vídeo de alguns minutos em um filme completo – algo que há alguns anos já havia acontecido com Mama. Como o curta-metragem em si não possuía nenhuma trama específica, o roteiro poderia seguir através de uma gama infinita de possibilidades. A grande questão que permanecia era: seguiriam eles a certa?

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Na trama, seguimos uma família disfuncional, marcada pela depressão da matriarca. No passado, Rebecca, a filha mais velha, saiu de casa na esperança de deixar os seus medos de infância para trás. Ela era atormentada por algo que não conseguia entender, e cresceu sem nunca ter certeza o que era ou não real quando as luzes se apagavam. Agora, anos mais tarde, seu pequeno irmão, Martin, está enfrentando os mesmos inexplicáveis e aterrorizantes eventos que uma vez testaram sua sanidade a ameaçaram sua segurança. Uma entidade sombria com uma ligação misteriosa com a sua mãe, Sophie, voltou a emergir das trevas. Mas, desta vez, Rebecca irá bater de frente com os seus medos para proteger aqueles que ama. Enquanto fica cada vez mais perto de descobrir a verdade, não há como negar que a vida de todos eles ficará em perigo… uma vez que as luzes se apagarem.

Respondendo à pergunta deixada no primeiro parágrafo, sim, este filme certamente seguiu na direção certa. Temos um drama familiar no centro de uma história aterrorizante, e isso funciona porque nós nos importamos com os personagens. Depressão é um assunto delicado, e nesta trama é tratado com a importância necessária – ligando-a diretamente com a história principal. Todos os atores estão perfeitos em seus papéis, com destaque especial para Teresa Palmer (Meu Namorado é um Zumbi), Maria Bello (A Casa dos Mortos) e, o fantástico ator mirim, Gabriel Bateman (da série Stalker), que dão uma credibilidade ainda maior ao roteiro por causa de suas performances. A personagem de Bello ganha um aprofundamento bem maior no terceiro ato; momento em que passamos a nos identificar melhor com ela, que é algo fundamental para a dinâmica final da trama.

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Muita gente reclamou sobre o excesso de jump scares, mas não há nenhum susto barato neste filme. O diretor soube muito bem construir o clima de suspense, criando ótimas sequências onde a antagonista pode aparecer a qualquer momento – e ela nem sempre aparece onde esperamos. Ataques repentinos fazem todo o sentido, considerando que a entidade aproveita qualquer oportunidade para pegar os personagens no escuro. Grande parte da tensão consiste exatamente nisso; ela pode aparecer a qualquer momento, em qualquer lugar. Destaque para a caracterização da entidade, que está aterrorizante. Tirando uma única cena, não vemos mais nada além de uma silhueta nas sombras, mas o diretor consegue fazer sua presença ser sentida durante toda a exibição do filme. E, como ele mesmo disse em uma entrevista, ele não quis roubar o seu próprio conceito. Usou truques e fundos mais iluminados para destacar a vilã, ao invés de jogar uma luz leve sobre ela.

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O filme em si é bastante curto e há uma explicação muito curiosa para isso. O fato se deve pela decisão dos envolvidos de cortarem os últimos 10 minutos da projeção. Aparentemente, durante os testes de exibição, os espectadores não gostaram do desfecho, acusando-o de tirar o impacto de um dos momentos mais importantes do filme. Com isso em mente, um novo corte foi feito. O desfecho final do filme foi sólido e não deixa um gancho óbvio para uma segunda parte, apesar de sugerir de uma forma bem sucinta que aquilo pode não ser o fim. E, como uma sequência já recebeu sinal verde, de fato não vai ser a última vez que vemos Diana nos atormentando nas sombras. Espero que eles eventualmente liberem a cena deletada como bônus no DVD/Blu-ray, até porque, seria uma excelente adição aos bônus extras.

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Não posso deixar de comentar também que o filme começa com uma ótima homenagem ao curta-metragem em que é baseado. Não só temos uma recriação da cena icônica em que a personagem fica acendendo e apagando a luz – enquanto uma entidade permanece parada no escuro –, como cena também é interpretada pela mesma atriz do curta. Para quem não sabe, a atriz, Lotta Losten, é a esposa do diretor. Ela foi a protagonista de todos os curtas dele antes que ambos ganhassem reconhecimento. E o próximo projeto da dupla já está definido! David F. Sandberg irá dirigir a sequência de Annabelle, enquanto sua esposa irá interpretar algum papel não especificado. O primeiro filme da boneca demoníaca foi bem fraco, então vamos ver se Sandberg consegue levantar a franquia.

Quanto a Quando as Luzes se Apagam, é um filmaço! Tem um enorme potencial para ser o início de uma nova franquia de sucesso, com ótimos personagens, cenas tensas e uma antagonista que tem um potencial de se tornar a nova sensação do gênero.

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