terça-feira, março 19, 2024

Crítica 3 | Guardiões da Galáxia Vol. 2 – Excelente para Gregos e Troianos

Guardiões da Galáxia’ pegou todos desprevenidos e talvez tenha sido a surpresa mais gostosa nos cinemas em 2014. Com uma atmosfera setentista e oitentista que permeia toda a produção com uma trilha sonora clássica, o longa iniciou uma quase subdivisão de gênero dentro da Marvel Studios. Nela, o blockbuster encontra a audiência mais madura, com piadas revigorantes que trazem uma dualidade em forma de duplo sentido e é capaz de agradar públicos distintos sem fazer o uso da conclamada classificação R-rated.

Na sequência, o estilo que consagrou os famigerados underdogs como heróis de alto escalão se repete, utilizando a fórmula não intencional do primeiro, propositalmente no segundo, sem pesar a mão. Com humor juvenil e adulto simultaneamente, ‘Guardiões da Galáxia Vol 2’ é o equilíbrio perfeito entre um hibridismo muito raro de encontrarmos nas adaptações de quadrinhos.

C8qsgiKXkAQ8ChM
James Gunn usou sua exímia habilidade garantida no primeiro filme para ditar o ritmo de seu sucessor. Evitando os rótulos da classificação indicativa que atualmente dividem os filmes do gênero entre padrão ‘Logan’ e ‘Deadpool’ ou padrão ‘Vingadores’, que afetam diretamente no índice de violência ou teor da linguagem, o roteirista e diretor permaneceu na tênue linha existente entre ambos os exemplos, trazendo diálogos que denunciam uma certa vulgaridade, mas que não afetam de forma alguma as audiências mais novas.

Na busca por uma sensatez que satisfaça os famosos gregos e troianos, a sequência tem seu doce e leve toque familiar, com uma narrativa que é em sua grande parte uma simbólica ode aos princípios morais e ao amor sacrificial, com fragmentos satíricos que saltam os olhos e apenas complementam a sensibilidade imprensa por Gunn.

Ao desenvolver os protagonistas através de suas respectivas personalidades, a trama não perde tempo com apresentações aprofundadas sobre as motivações para cada caráter. Como personagens previa e ligeiramente conhecidos do público, aqui aperfeiçoamos nossa compreensão sobre cada herói, exatamente como fazemos em relação às pessoas no dia-a-dia. Por mostrarem quem são através de suas posturas e atitudes, vemos a trama se desenrolar a partir deles. O enredo reside intimamente nos traços típicos de cada um e ainda que sejamos contemplados com uma história simples, seu realismo relacional a torna muito mais humana que heroica.

Guardiões da Galáxia Vol. 2’ acerta também em seu timing. As piadas possuem seus momentos estratégicos e quando invadem a sensibilidade da trama não quebram o teor emocional que a cena em questão exige. Um dos personagens que mais guia essa perspectiva é Drax (Dave Bautista). Roubando o filme para si, assim como faz o adorável Baby Groot (Vin Diesel), seu lirismo e literatismo afloram um humor exageradamente franco. Desconstruindo o sentido figurado, suas piadas são as mais ácidas, justamente por serem as mais honestas e despidas de preciosismos.

Com efeitos especiais de primeira linha e aparições que acrescentam um charme a mais à sequência, o segundo volume renova sua trilha sonora, com canções que se encaixam na trama como uma espécie de extensão dos diálogos não verbalizados. Trazendo um final sublime e honroso, ‘Guardiões da Galáxia Vol. 2’ é uma adaptação de quadrinhos que se encaixa bem no hiato que insiste em questionar se é possível fazer boas produções maduras com classificação livre. Reunindo o melhor dos dois mundos, a mais recente obra da Marvel encerra a discussão, solidificando a máxima de que filmes bem escritos jamais terão limitações. Independente de qual seja sua classificação.

Não deixe de assistir:

Crítica | Guardiões da Galáxia Vol. 2 – tão bom quanto e mais engraçado

Crítica 2 | Guardiões da Galáxia Vol. 2 é um filme do cacete 

Mais notícias...

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
370,000SeguidoresSeguir
1,500,000SeguidoresSeguir
183,000SeguidoresSeguir
158,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS