quarta-feira, abril 24, 2024

Crítica | Corpo e Alma – Um dos mais belos filmes do ano

As poesias na arte de amar. Dirigido pela cineasta Ildikó Enyedi e vencedor do último grande prêmio de melhor filme no Festival de Berlim, ‘Corpo e Alma’ é uma incrível jornada sobre o amor que chega ao espectador de maneira inusitada, ligada por sonhos, onde somos testemunhas, ao longo das quase duas horas de projeção, de uma das histórias mais bonitas que apareceram numa tela de cinema esse ano. O projeto, que demorou mais de dez anos para ficar pronto por conta de uma grave crise no órgão que administra o cinema Hungria, possui uma riqueza nos detalhes, há um silêncio preponderante em muitas cenas, seja nos olhares distantes dos protagonistas, seja nos reflexos que acompanham as metáforas cotidianas na arte do descobrir. Um trabalho primoroso de direção.

‘Teströl és lélekröl’, no original, conta a história de Endre (Géza Morcsányi), um gerente administrativo de uma empresa do ramo alimentício, que possui um problema em um dos seus braços, que durante uma sessão com uma psicóloga chamada para auxiliar a empresa que trabalha, descobre que seus sonhos se completam com os mesmos sonhos de uma nova funcionária da empresa chamada Mária (Alexandra Borbély). Assim, se encontrando quase sempre nos sonhos mas sem muita aproximação na vida real, resolvem embarcar nessa história onde buscam a todo instante entender melhor sobre o amor e sobre essa situação totalmente inusitada que é o fato de se ligarem por um sonho.

Um filme possui uma lentidão, um ritmo diferenciado, necessário para absorvermos os paralelos que o roteiro busca explorar. Os protagonistas são dois pilares, cada um com sua essência que juntos em cena transformam uma inusitada história de amor em algo inesquecível. Endre é um homem desiludido que vive em pura reclusão mesmo tendo certa vida social, prefiro a solidão do que se envolver. Já Mária é uma superdotada, com memória espetacular que não consegue interagir com ninguém, vive uma vida metódica sabendo muito pouco sobre sentimentos e o próprio corpo. Quando o inusitado aparece nessa história, na forma de um sonho em conjunto, acontece uma ação quase instantânea na arte do desabrochar para vida dessas duas almas. Lacunas nunca preenchidas, chegam pela curiosidade, levando Endre e Mária a uma jornada de erupções sentimentais que passam, do amor até o ciúmes sempre de forma mais delicada do que estamos acostumados a ver.

Um dos grandes méritos de Enyedi em sua direção é tentar captar todos os sentimentos que passam nos personagens de maneira poética, usando as imagens como forma de preenchimento de um pensamento. A arte de amar é uma ciência não exata, totalmente fora de controle, as duas almas que conhecemos nesse fabuloso filme descobrem que a vida pode ser muito mais quando deixamos de olhar para o lógico e conseguimos entender até o impossível.

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