quinta-feira, março 28, 2024

Crítica | João de Deus: O Silêncio é uma Prece – Documentário homenageia líder religioso

O gênero documental, no cinema, possui uma das responsabilidades mais intrínsecas vinculadas a si: a de informar apartidariamente o espectador com o mais completo leque de detalhes e perspectivas, com uma apuração abrangente, específica e referencial. Em João de Deus – O Silêncio é uma Prece, essa abordagem se desmembra gradativamente, em uma produção que visa honrar uma figura peculiar e de grande relevância para a religião espírita.

Dirigido por Candé Salles, sob o roteiro de Edna Gomes, o documentário que relata o trabalho de João Teixeira, médium atuante no centro espírita Dom Inácio de Loyola, peca por ser completamente parcial. A partir de uma narrativa produzida pela própria assessora do curador, a produção tenta atuar no convencimento da audiência, por meio de entrevistas que não trazem tanta propriedade, mas são carregadas de simbolismo e reflexões extremamente emocionais de pessoas que frequentam o espaço.

A fim de validar seus argumentos, João de Deus projeta o líder religioso como uma autoridade da cura, que predominantemente se desvia da medicina, fazendo o uso de algumas alegorias, associativas – como a premissa de que médicos seriam também médiuns, sob a justificativa de que tais profissionais usam vestimentas brancas. Além disso, a produção possui algumas contradições argumentativas e perde parte do seu poder de instigar alguns debates construtivos sobre religião, justamente pela falta de imparcialidade na coleta de entrevistas e depoimentos, que exagerada e necessariamente exploram apenas a perspectiva desejada pela equipe de produção.

Com um teor bem institucional, João de Deus – O Silêncio é uma Prece é uma espécie de ode ao personagem título, homenageando seu extenso trabalho como representante do espiritismo. Sem qualquer genuína responsabilidade documental, sendo mais um instrumento promocional e apreciativo, a produção é mais voltada para aqueles que partilham da mesma percepção narrada e que – naturalmente – já se encontram inseridos neste contexto. Com uma direção simples, materiais antigos que ratificam a experiência do líder e entrevistas um tanto aleatórias, o documentário pode não ser categorizado como tal, mas fica como uma lembrança para aqueles que aprenderam a admirar a figura pública.

 

 

 

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