terça-feira, março 19, 2024

Crítica | O Guardião Invisível – Disponível na Netflix

As dúvidas do nosso passado passam a limpo o nosso futuro. Baseado na obra homônima da escritora Dolores Redondo, O Guardião Invisível, disponível no ótimo catálogo da Netflix, é um drama com envolventes momentos de suspense mesmo tendo um roteiro que falha em alguns arcos. Trabalha a psicologia dos personagens de maneira instigante e conta com atuações inspiradas, principalmente de sua protagonista, a inspetora Amaia Salazar, vivido pela ótima atriz espanhola Marta Etura (dos excelentes Cela 211 e Enquanto Você Dorme). A fotografia, grande destaque do filme, é impecável, domínio de luz, uma estrutura de planos dinâmica e muito eficiente.

Na trama, conhecemos a Inspetora Amaia Salazar (Marta Etura), uma mulher na casa dos 40 anos que descobre estar grávida de seu marido, o pintor norte americano James (Benn Northover). Amaia é designada a chefiar uma investigação sobre um possível serial killer que cometeu seu último assassinato em uma região que morou quando criança e onde vive sua misteriosa família. Chegando até o lugar onde foi criada, percebe que as coisas mudaram pouco desde sua saída, e, assim, além de participar de uma implacável busca pelo assassino, precisará combater fantasmas do seu passado cheio de tensão e que poucos conhecem.

Ao longo dos quase 130 minutos de filme percebemos a tentativa de apresentar todos os detalhes sobre os personagens que aparecem ao longo da trama. A protagonista é a mais misteriosa, esconde por um tempo sua gravidez do marido, tem uma relação bastante azeda e distante com uma de suas irmãs além de ter um conflito sem solução com sua problemática mãe. Aos poucos, algumas peças desse tabuleiro misterioso vão se mostrando e o público precisa estar atento, pois, é muita informação a cada sequência. A direção do espanhol Fernando González Molina (cineasta do aclamado na Espanha, Palmeiras na Neve) é detalhista, trabalha o plano de maneira inteligente dando um sentido a toda carga de mistérios. O roteiro falha em alguns arcos, deixa algumas lacunas em aberto no desfecho e foca em uma melancolia contínua de sua protagonista.

Amaia Salazar é uma personagem intrigante. Racional na maioria das decisões que toma, entra em parafuso quando o fator emocional se aproxima dela, trazendo situações vividas em um passado distante mas que estão guardadas em suas memórias. Por meio de telefonemas com um grande amigo do FBI que está nos Estados Unidos, recebe uns ‘starts’ para se concentrar e buscar as melhores soluções não só para o Serial killer que procura mas também para se livrar de memórias tristes que a travam. Há uma construção e desconstrução dessa personalidade ao longo da trama.

O cinema espanhol vem evoluindo bastante no gênero suspense. Ótimos filmes ao longo dos últimos anos foram lançados. É uma das escolas europeias de cinema mais ricas em mostrar os detalhes em paralelo ao psicológico de cada personagem. Amaia Salazar é mais uma na lista de grandes personagens da terra de Almodovar.

 

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