segunda-feira, março 18, 2024

Crítica | Por Trás dos Seus Olhos – Blake Lively cega em drama cheio de camadas

Tudo que Vejo é Você

Saída do seriado de sucesso Gossip Girl (2007-2012) e formando ao lado do marido Ryan Reynolds um dos casais Hollywoodianos mais bem sucedidos e promissores em ascensão da atualidade, a californiana Blake Lively, de 30 anos, investe em reinvenções em sua carreira. Das parcerias com cineastas renomados, vide Oliver Stone (Selvagens), Woody Allen (Café Society) e Ben Affleck (Atração Perigosa), conquistou destaque em personagens chamativas. Ao ponto de sozinha conseguir carregar produções grandes, como A Incrível História de Adaline (2015) e Águas Rasas (2016).

Agora Lively se envereda por uma obra menor – bem, para os padrões de filmes de grandes estúdios, já que o orçamento aqui ainda é de US$30 milhões (o que tenho certeza deixaria feliz qualquer produção nacional). No entanto, apesar do nome quente da atriz impulsionando, Por Trás dos Seus Olhos ficou engavetado por um ano desde sua estreia no festival de Toronto de 2016, até finalmente aportar nos cinemas norte-americanos em outubro passado. No Brasil, o longa demorou mais um pouquinho, mas chega neste fim de semana, meio que sem anúncio ou muita divulgação. Pois é, a vida não é fácil nem para grandes estrelas do cinema.

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Escrito e dirigido por Marc Forster, cineasta alemão que também já viu superproduções de perto, tendo comandado 007 – Quantum of Solace (2008) e Guerra Mundial Z (2013), Por Trás dos Seus Olhos é um filme intimista, mais próximo a trabalhos do diretor como A Última Ceia (2001) ou Em Busca da Terra do Nunca (2004). Filmado e coproduzido pela Tailândia, o longa apresenta um jovem casal vivendo no país, interpretados por Lively e Jason Clarke. Como se não bastasse o desafio de uma nova vida em um país exótico, devido ao trabalho do marido, a rotina da dupla é ainda mais complicada, já que a mulher ficou cega após um acidente de carro na infância, que tirou a vida de seus pais.

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Lively e Forster expressam bem o sentimento de deficientes visuais em suas vivências (eu imagino, é claro), minuciosamente detalhando cada pequeno e possível percalço do dia – coisas sem importância para a maioria – através de imagens e sensações. Por Trás dos Seus Olhos, no entanto, é um filme que se propõe a discutir mais, é um filme sobre relacionamento e a conturbada pisque humana. Na reviravolta do roteiro, a personagem de Lively realiza a cirurgia de transplante e volta a enxergar. O fato muda diretamente sua percepção de mundo, de tudo o que conhecia e dava por certo. É como literalmente ser tirado da escuridão para a luz, e entre os fatores alterados está a forma como vê o marido – figurativamente.

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Da fragilidade e dependência, trazidas pela deficiência física, a protagonista ressurge capaz de tomar as rédeas da vida, e exigir mais, em especial do companheiro. Por outro lado, o sujeito não é tratado como vilão, apenas um homem amedrontado, perdido, sem saber como agir perante as mudanças revolucionárias que se apresentam em sua vida. O medo, a dor e a possível perda pode fazer qualquer um se portar de forma errônea e egoísta, cometendo muitas vezes danos irreparáveis para as próprias vidas ou a de companheiros.

Por Trás dos Seus Olhos é uma obra repleta de camadas a serem interpretadas e discutidas. À primeira vista pode soar como de fácil acesso e digestão, o longa incompreendido esconde abaixo de sua superfície um ferrenho estudo psicológico pronto a ser debatido por especialistas. O filme é uma destas produções cinematográficas que merecem ser descobertas ou redescobertas, podendo vir a se tornar essencial dentro do gênero.

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