terça-feira, março 19, 2024

Crítica | Sem Amor – Não se pode viver em desamor

Na era dos selfies e das vitrines matrimoniais que a sociedade impõe para que a tal da incerteza da normalidade fique evidente, e você não seja alvo de fofocas ou preconceitos, o novo trabalho do excepcional cineasta russo Andrey Zvyagintsev (dos excelentes Elena e Leviatã), Sem Amor, sensação nos festivais que fora exibido mundo afora e um dos fortes candidatos ao Oscar de melhor filme estrangeiro, é um filme que fala sobre, acima de tudo, família. Em uma Rússia dos tempos modernos, repleta de idas e vindas em relacionamentos, Zvyagintsev faz o espectador navegar nas emoções mais profundas quando nos sentimos olhando pelo buraco da fechadura.

Na intensa trama, conhecemos o casal Zhenya (Maryana Spivak) e Boris (Aleksey Rozin), que estão se separando em meio a muitas brigas. Eles tem um filho de 12 anos chamado Alyosha (Matvey Novikov), que sofre bastante pelas discussões diárias dos pais. Tanto Zhenya quanto Boris já estão em outros relacionamentos, o segundo inclusive já está esperando outro filho com a nova namorada. Em meio a essa tumultuada relação, Alyosha some certo dia e os pais precisam reunir forças para enfrentar essa difícil situação.

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Entendemos melhor as características emocionais dos personagens nos diálogos profundos que ambos possuem com seus novos parceiros, principalmente Zhenya, que possui uma dificuldade de relacionamento com a mãe, nunca amou o ex-marido e se joga completamente nessa nova relação. Seu cotidiano com o filho é distante e agressivo, a impaciência e o comportamento com o filho são reflexos da frustração e solidão que vivia com seu ex-marido. Quando o jovem desaparece, tanto mãe quanto pai se sentem perdidos e começam a perceber aos poucos o quanto existia uma barreira entre todos eles.

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A frieza da polícia na condução do início do caso chama atenção. Durante o pequeno interrogatório com o grupo de salvação e resgate, fica nítido o grande descaso e falta de observação dos pais com o próprio filho, principalmente da figura materna. Alyosha sofria bastante com as brigas e principalmente com o que escutava dos pais. A ausência de amor, desafeição, desprezo, indiferença eram algumas das características que distanciavam os pais do filho.

Com belíssimas cenas de fundo e uma atmosfera melancólica que se envolve intensamente em pontos importantes, Sem Amor é um retrato humano, que assusta, mas acontece, das imperfeições na roda familiar. Zvyagintsev se consagra mais uma vez com suas lentes que conseguem transmitir com muita intensidade o que acontece entre quatro paredes e nos mostra os detalhes como se estivéssemos olhando pelo buraco de uma fechadura.

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