sexta-feira, março 29, 2024

Crítica | Spotlight – Segredos Revelados

De Pablo Bazarello, enviado especial a Toronto.

Filme jornalístico mecânico

Confesso que Spotlight – Segredos Revelados, drama jornalístico com um dos melhores elencos desta temporada, levantou minha expectativa como um dos filmes que mais senti vontade de assistir nesta segunda metade de 2015. Mostrando mais uma vez que nunca devemos elevar este tipo de sentimento, a obra trouxe imediatamente também a decepção. Longe de ser qualquer coisa perto de ruim, este é simplesmente o fato de não equivaler ao esperado.

Spotlight – Segredos Revelados fala sobre a investigação verdadeira de jornalistas do veículo Boston Globe, desvendando um escândalo envolvendo a Igreja Católica e a arquidiocese local, que encobriu diversos casos de abuso sexual de seus padres a meninos. A matéria rendeu ao jornal o prêmio Pulitzer em 2003.

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Tenho uma forte veia para este tipo de filme e costumo adorar o tema de investigação jornalística ou qualquer obra sobre os bastidores de um veículo jornalístico. Então, imediatamente Spotlight me atrai. Outro grande atrativo é o elenco renomado. De Michael Keaton (recentemente renovado), passando por Mark Ruffalo e Billy Crudup, até Rachel McAdams (uma de minhas novas queridinhas), o filme traz alguns dos meus atores preferidos, juntos.
Spotlight traz também a direção do eficiente Tom McCarthy, que soma alguns dos melhores filmes americanos dos últimos anos em seu currículo (vide O Agente da Estação, O Visitante e Ganhar ou Ganhar). E talvez McCarthy precise voltar a fazer filmes menores e menos ambiciosos. Desde Trocando os Pés, sua “pegada” parece ter ficado mais fraca e sem tanta importância. O mesmo se reflete aqui em Spotlight, infelizmente.

A obra se torna repetitiva em suas cenas, mostrando apenas o trabalho jornalístico mecânico, sem sua verdadeira alma. O cineasta não consegue olhar além do que imaginamos e já sabemos. Os diálogos são mundanos e as cenas são tão corriqueiras que será um desafio lembrar de alguma poucos dias após o término da sessão. Ninguém, dentro de um elenco de tamanho peso, consegue espaço ou momento para brilhar. Alguns ousam falar de uma nova indicação para Keaton (dessa vez por coadjuvante), e por mais que adore o ator, tal avaliação não é cabível.

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Existem algumas referências que só os cinéfilos mais escolados pegarão, como o fato de termos Keaton e McAdams de novo numa redação (após os bem mais eficientes e memoráveis O Jornal, 1994, e Intrigas de Estado, 2009). Spotlight não satisfaz em seu retrato profissional, tampouco desenvolve qualquer um de seus personagens, nos deixando com a sensação de bonecos sem rostos ou nomes. Além disso, não morde com força um tema tão suculento e polêmico, tão bem trabalhado em obras como Dúvida (2008), por exemplo.

É seguro dizer que Spotlight não entrará para o hall das produções memoráveis do gênero, e sua manchete nas aulas de jornalismo passará em branco.

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