terça-feira, março 19, 2024

Crítica | Tudo que Quero – Dakota Fanning vive autista fã de Star Trek

Jornada no Melodrama

Você se lembra de Dakota Fanning? A criança mais adulta que permeou as produções hollywoodianas na década passada cresceu e… sumiu! Muitos citam que ela cedeu (ou perdeu) espaço para a irmã mais nova, Elle, mas a verdade é que Dakota tem optado por produções bem menores em relação às que estava acostumada a participar. Justamente por isso a jovem atriz, hoje com 24 anos, tem estado tão ausente dos cinemas nacionais e não estrela uma produção nas telonas do país há quase dez anos!

Os filmes independentes norte-americanos não tem muito espaço nos cinemas do Brasil, já que as produções dos EUA que chegam geralmente são os blockbusters e as salas alternativas dão espaço para obras de outras nacionalidades – decisão bem coerente, levando em conta que o número de salas de cinema do país é reduzido. Os últimos dez filmes protagonizados pela menina chegaram a nosso país direto em vídeo (nas TVs a cabo e streaming), com a exceção de Movimentos Noturnos (2013), exibido no Festival do Rio 2013, que contou com a presença da própria alta e alva atriz abrilhantando as exibições cariocas.

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Finalmente, quebrando este indesejado hiato nas telonas, a Imagem Filmes decide lançar Tudo que Quero (Please Stand By), drama sobre autismo que mistura a mitologia de Star Trek (Jornada nas Estrelas) em sua trama. Baseado na peça de Michael Golamco, com roteiro adaptado pelo próprio, e direção do veterano polonês Ben Lewin (do indicado ao Oscar As Sessões, 2012), o filme conta a história da jovem autista Wendy (Fanning), colocada num lar especial para pessoas como ela, onde passa os dias desempenhando funções básicas em uma rotina constante para uma melhor convivência social. Em sua hora de lazer, a menina desfruta do “vício” pelo seriado sessentista de ficção científica citado.

Wendy aos poucos começa a se considerar apta para uma reintegração longe da clínica e cogita morar sozinha. Como parte deste processo de independência, resolve se inscrever num concurso de roteiros para um episódio da série que ama. Sua dedicação ao texto é exemplar, passando e repassando todos os detalhes de forma minuciosa. No entanto, quando quase perde o prazo, ela decide ir por conta própria até os estúdios da Paramount, em Los Angeles, entregar sua versão do argumento para o programa. É neste trecho que ocorre o núcleo do desenrolar do longa, com as desventuras da moça, mostrando que não pode se virar sozinha.

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O elenco de apoio conta com a presença ilustre da indicada ao Oscar Toni Collette (O Sexto Sentido), vivendo a administradora da clínica e terapeuta da jovem, da beldade britânica Alice Eve (que por coincidência esteve em Star Trek: Além da Escuridão), no papel da irmã mais velha da menina, e Jessica Rothe (surpresa do ano passado com A Morte te dá Parabéns), numa participação especial interessante. Dominando os holofotes, Fanning encontra o tom para sua delicada personagem, caminhando na tênue linha do drama com momentos mais leves. De alguma forma imaginamos que Fanning seria mais, devido a seus excepcionais desempenhos na infância, nos quais exibia naturalidade de improviso ao lado de gigantes – vide Denzel Washington e Robert De Niro. Na fase adulta, a jovem tem entregue atuações corretas, mas nenhuma de fato memorável.

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O que podemos afirmar é a admiração pelas escolhas nada convencionais de papeis que Fanning tem feito, e seu longo abraço no cinema indie. Nesses anos, a atriz optou por interpretar uma doente terminal, uma eco-terrorista, uma ex-presidiária, a amante de Errol Flynn, uma mulher muda, entre outros personagens desafiadores. Ironicamente, seus desempenhos eram mais intensos em grandes produções na infância. Fora isso, Tudo que Quero é um filme minguado e açucarado, do tipo que figuraria facilmente nas exibições diurnas de TVs abertas, sem a necessidade de cortes. É uma cartilha higienizada dos percalços do autismo, que exclui a necessidade da crueza, transformando o resultado em algo com características de whimisical – termo usado para definir qualidades de brincadeira, algo “mágico” ou irreal, que não soa verdadeiramente fincado em nosso mundo.

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