sexta-feira, março 29, 2024

Os 20 Melhores Filmes da Primeira Metade de 2017

Metade de 2017 já ficou para trás. É hora de celebrarmos o que de melhor passou pelas telonas brasileiras nos primeiros seis meses do ano. Para isso resolvemos formular nossa tradicional lista dos filmes mais marcantes desta primeira parte do ano. Como de costume também, é claro que nem todos irão concordar com os filmes aqui apresentados, ou talvez com as posições escolhidas. Esta é a nossa opinião e queremos que você deixe nos comentários os filmes de sua preferência. Vamos lá.

20 | John Wick: Um Novo Dia para Matar

John Wick: Um Novo Dia para Matar é um filme de ação elegante, glamouroso e muito sofisticado. Mal comparando, o filme poderia ter sido dirigido por Nicolas Winding Refn, caso o dinamarquês estiloso resolvesse deixar o conceitual cinema de arte de lado brevemente e aderisse ao cinemão pipoca. A forma é impecável neste nível. Existem inúmeras referências aqui, e as brincadeiras no roteiro chegam lado a lado com a beleza visual. A cena de abertura é uma prova disso, quando com poucos segundos, um prédio serve de tela para a projeção de um filme antigo estrelado por Buster Keaton, ator clássico da era de ouro, conhecido por suas performances físicas.

19 | Um Limite Entre Nós

Denzel Washington é um exímio ator e um diretor talentoso. Das vezes que juntou os trabalhos, o resultado foi sempre satisfatório. O mesmo ocorre com esse drama intenso, baseado numa peça famosa. Aqui o texto é quem fala mais alto, servido de atuações impactantes. Washington ganha os holofotes, e ao seu lado a vencedora do Oscar Viola Davis dá o recado, provando ser uma das melhores atrizes da geração. Uma aula de como transpor de forma eficiente um rico material do teatro para o cinema.

18 | Colossal

Colossal poderia ser mais um drama independente sobre batalha contra alcoolismo, desses saídos diretamente do Festival de Sundance. Mas a proposta do diretor Nacho Vigalondo é mais ousada, tendo como grande diferencial a desestruturação do subgênero, acrescentando outro na mistura e, por consequência, criando algo único. Vira e mexe nos perguntamos se determinados blockbusters, em especial filmes de monstros, não seriam mais interessantes se dessem enfoque aos personagens humanos e em seus dramas. Afinal, foi isso que especialistas como Steven Spielberg fizeram em filmes que determinaram o gênero, como TubarãoVigalondo, cineasta de ideias ambiciosas que nem sempre são correspondidas por seus filmes (vide Perseguição Virtual, 2014), subverte ainda mais, conectando o drama – muito pesado – de seus protagonistas à narrativa de segundo plano: o filme de mostro.

17 | Fragmentado

Fragmentado é o novo passo do diretor M. Night Shyamalan. Um filme maior e, de certa forma, mais ambicioso, que traz o cineasta num modo mais próximo ao seu início de carreira, época de seus longas mais celebrados. Fragmentado é um belo prato cheio para os adeptos da psicologia, aborda uma temática intrigante de forma séria e embasada, sem esquecer o toque Shyamalan, que envolve num belo embrulho de presente um assunto pronto para ser debatido durante horas.

 

16 | Jackie

Não deixe de assistir:

O chileno Pablo Larraín (No) conta um pedaço da história norte-americana com tamanha sensibilidade e olhar poético de quem não vem de dentro, que provavelmente faltaria a uma cineasta estadunidense. A trilha sonora hipnótica dá o tom de estranheza e descarrilamento emocional. A compositora Mica Levi possui poucos trabalhos (além deste, o fenomenal Sob a Pele), mas é tão boa que nos faz desejar seguir sua carreira. Apesar de tudo isso, esta é uma obra que se apoia quase totalmente em sua protagonista para funcionar, e Natalie Portman entrega uma de suas melhores atuações da carreira –levando em conta que aqui falamos de uma atriz que se destaca em todos os trabalhos.

 

15 | Z – A Cidade Perdida

Z:A Cidade Perdida é aventura à moda antiga, de antes deste tipo de cinema ser revitalizado com o subgênero das matinês. Remete aos grandes clássicos do gênero, nos quais percebemos o escopo da produção, através de suas locações, direção de arte, figurinos, fotografia, sempre impressionando pelo realismo. Ao contrário do recente O Regresso (2015), de Alejandro InarrituZ não possui a pretensão de capturar os jovens através de um estilo arrojado de filmagem, se tornando um filme de narrativa extremamente tradicionalista. Filmes como Z estão cada vez mais raros e quase extintos, já que existe numa zona neutra, na qual não são produções enérgicas e tampouco pretensiosas para serem consideradas cinema de arte.

14 | LEGO Batman

O segredo está na equipe por trás do filme. A dupla Phil Lord e Christopher Miller, responsáveis pelo sucesso do primeiro Lego, produz o derivado. O roteiro é assinado a cinco mãos pelos responsáveis por filmes como Detona Ralph, Homem-Aranha: De Volta ao Lar e o vindouro Beetlejuice 2. E na direção temos Chris McKay, o responsável pelo comando do surtado programa de animação, Frango Robô. O espírito aqui é o de zoeira pura, os realizadores lançam tudo na parede para ver se cola, e grande parte do que é tentado acerta o alvo – digamos de 80 a 90 por cento. Além disso, o roteiro é esperto o suficiente e nos leva a um tour por toda a mitologia do Homem Morcego, desde sua criação até os dias de hoje. Pode ter certeza que tudo desde a série Batman dos anos 1960, com Adam West, passando pelas animações de Bruce Timm, até os filmes de Nolan e o próprio BVS são citados e feitos de centro das piadas. E pode ter certeza também que os realizadores são mais espertos que nós, o público. Além de não esquecerem de imprimir todas as referências que imaginamos, ainda trazem uma dúzia de outras que até os aficionados coçarão a cabeça tentando associar.

 

13 | Divinas Divas

Não existe ninguém mais apropriado para ter levado aos cinemas a trajetória de oito das maiores e mais veteranas travestis brasileiras do que a atriz Leandra Leal. Unindo o útil ao agradável, Leal, um dos nomes proeminentes da atualidade quando o assunto é cinema nacional, debuta como diretora de longas-metragens, com um documentário no qual não poderia estar mais em casa. O coração de Divinas Divas está tão no lugar, que se torna uma experiência transcendente a apenas assistir a um filme. Leandra Leal as entrevista e consegue fazê-las despejar suas essências na película, deixando pouco espaço, ou nenhum, para vontades não supridas do público. Divinas Divas é realmente mais do que um filme, é parte digna e muito necessária da cultura de nosso país.

 

12 | A Qualquer Custo

Escrito por Taylor Sheridan (Sicario: Terra de Ninguém), o roteiro apresenta a sucessão de assaltos a bancos realizados por uma dupla de irmãos em cidadezinhas no Texas. O motivo não é pura farra, tendo como objetivo uma razão bem mais honrada: captar dinheiro a fim de salvar a fazenda da família, que corre o risco de ser confiscada por falta de pagamento da hipoteca. Este é o estopim para um faroeste moderno, que faz jus aos grandes títulos do gênero, apresentando personagens bem definidos e defendidos por seus intérpretes, além de questões dignas e atemporais. O roteirista Sheridan cria mais um drama criminal que reside na tênue linha acinzentada, transmutando mocinhos e bandidos e nos fazendo compreender ambos os lados. Enquanto em Sicario seus personagens iam até as últimas consequências para combater mega traficantes, em A Qualquer Custo o texto oferece afeto aos personagens fora da lei, justificando de certa forma seus atos, e demonizando o verdadeiro vilão, o sistema bancário dos EUA.

 

11 | Personal Shopper

Personal Shopper é declaradamente um filme de gênero, no caso um thriller / terror, mais refletido no cinema de gente como Brian De Palma e Dario Argento, por exemplo. A sinopse e prévias ludibriam os cinéfilos, fazendo-os esperar por um drama espiritual. E daí a confusão, seguida de falta de interesse. Personal Shopper é em seu núcleo uma história de fantasmas arrepiante, digna dos clássicos do subgênero, levemente vestido de cinema de arte – o que torna o sabor mais especial. O diretor Olivier Assayas também brinca com os clichês de tais filmes, acrescentando muito em troca. De casas vazias e escuras, barulhos durante a noite, aparições fantasmagóricas, mensagens de fontes anônimas e até mesmo um terrível assassinato, o diretor cria no lugar comum de obras do tipo um encantamento único, provido de um cinema só seu. Sem entregar muito, a obra ainda guarda o momento mais gelado que presenciei recentemente, passado numa das últimas cenas. É engraçado dizer, mas Personal Shopper é um dos filmes de terror mais diferentes e inusitados, o que nem de perto traduz-se em acessível ou recomendado para todos os gostos.

 

10 | Una

Baseado na peça Blackbird, de 2005, Una tem roteiro do próprio autor do espetáculo David Harrower. O escritor mantém o nível intenso de sua proposta, sendo fiel ao espírito questionador, inquietante e destruidor de paradigmas de seu texto original. Na trama, conhecemos Una, uma jovem com o psicológico abalado. Na cena de abertura, ela se entrega a um desconhecido em uma boate para o sexo casual no banheiro. Seu retorno para casa soa como hino à derrota. Um dos grandes acertos de Una é não demonizar e sequer julgar seus personagens. Pelo contrário, o caminho aqui é o de exorcizar os pecados de ambas as partes deste espectro. É realmente tentar entender as camadas da face do mal, e a plausibilidade das ações da muito tumultuada e imprevisível psique humana, a cada novo passo traçando limites para o aceitável, ou o oposto. Sem tomar qualquer partido que seja, o cineasta e, em especial o autor, jogam para sua audiência as interpretações e julgamentos; muitos dos quais, ou a maioria, como de costume, renderão conclusões e pensamentos precipitados e convictos. Já Una, passa longe disso, sem ter tais pretensões.

 

09| Armas na Mesa

Reprisando a parceria com o britânico John Madden, que a comandou em A Grande Mentira (2010), filme sobre terrorismo lançado direto em vídeo por aqui, Chastain é a alma e espinha dorsal de Armas na Mesa  no papel de uma lobista que é a melhor no que faz. Pense em Obrigado por Fumar (2005), de Jason Reitman, para entender um pouco a proposta deste longa e a personagem da atriz. A Miss Sloane do título original é uma versão de Nick Naylor (o protagonista de Aaron Eckhartno filme citado) mais perversa e desalmada, se isso é possível. O roteiro assinado por Jonathan Perera é um achado, ao ponto de criar espanto ao descobrirmos que o escritor é um estreante, sendo este seu primeiro trabalho. O detalhamento que sua escrita dá às nuances de personagens, seus psicológicos e também ao insight de um mundo específico e difícil, como o universo político norte-americano, é admirável. Deixando tudo em harmonia está a direção segura de Madden, mais acostumado a obras açucaradas e não tão relevantes, como Shakespeare Apaixonado (1998) e os dois O Exótico Hotel Marigold (2011 e 2015). Sorte de Madden ter dado chance para uma ainda desconhecida Chastain, e agora poder tê-la novamente como protagonista de seu filme mais urgente e impactante.

 

08 | Corra!

Se formos dar o mérito principal para alguém, ele deve ir para o diretor e roteirista Jordan Peele, garantido de se tornar um astro em breve. Mais conhecido como ator e comediante, Peele estreia na direção de longas com o pé direito, usando bastante seu background como humorista para falar de uma coisa que conhece bem: racismo. Curiosamente, Peele não usa seu espaço para ser panfletário ou tendencioso, e sua crítica social funciona muito mais na forma de uma sátira, apresentando inclusive o outro lado da moeda – uma cena específica aponta bem isso (a da delegacia). Vale dizer apenas que o “horror” é provido de uma questão bem sensível, ainda mais vinda nos tempos politicamente corretos no qual vivemos. Como citado, Peele caminha muito bem por essa tênue linha do aceitável e do bom gosto, como um exímio equilibrista, sem nunca bambear. Seu tiro direto é certeiro, desferindo tapas de pelica para todos os lados, sem eximir ninguém.

 

07 | Guardiões da Galáxia – Volume 2

Provando que um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar (e na segunda ser ainda mais gostoso), Guardiões da Galáxia Vol. 2 é tudo o que os fãs esperavam e muito mais. Para começar, James Gunn (que também é dono do roteiro) subverte novamente os filmes do gênero (pelo menos os da Marvel), quebrando seu molde estrutural. Ao contrário de todas as outras produções do estúdio, Volume 2 não possui um vilão declarado, uma ameaça a ser combatida, introduzida logo no primeiro ato. O foco da continuação é outro, e assim como nos últimos Velozes e Furiosos, a palavra de ordem é família. Aqui, o tópico é explorado de variadas formas, seja na rivalidade entre Nebulosa (Karen Gillan), a filha preterida, com a irmã Gamora (Zoe Saldana); na descoberta de Peter (Chris Pratt) em relação ao seu progenitor Ego (Kurt Russell); na deserdação de Yondu (Michael Rooker) de sua família espacial de piratas, personificada por Stakar (Sylvester Stallone); e por aí vai.

 

 

06 | Logan

Anunciado como a última investida de Hugh Jackman no personagem (o que tenho lá minhas dúvidas), Logan é novamente dirigido por James Mangold (Wolverine: Imortal) e pode ser considerado o filme mais intenso dentro deste universo, seja no aspecto dramático, na visceralidade ou na forma em que retrata os personagens que viemos a conhecer e nos envolver ao longo desta jornada de 17 anos. A menina Dafne Keen é a alma e espinha dorsal de Logan. No roteiro, sua personagem é o motivador que faz a trama girar. Era necessário uma atriz que justificasse a importância da personagem e Keen é essa atriz. A jovem é um verdadeiro achado, seu carisma impressiona, mesclando perfeitamente a selvageria e violência implícitas na personagem conhecida como X-23, com a doçura de uma criança na faixa de seus 10 anos de idade.

 

05 | Mulher-Maravilha

“Bem, parece que o jogo mudou, não é mesmo queridinha?”. Essa frase poderia ser proferida por Gal GadotPatty Jenkins ou a própria personagem título. Mulher-Maravilha, o filme, não é só a salvação da lavoura para a DC no cinema, é responsável por inúmeras outras conquistas. A começar pelo tom, teor e estética totalmente afastados do que deveria ser a atmosfera das produções da casa. A velha máxima da fórmula Marvel, que inclui visual pra lá de colorido, tem a sua contraparte na DC, soturna, extremamente sóbria e carregada. Mulher-Maravilha não é nada disso, o que é um baita alívio e serve para mostrar que tais obras podem pertencer ao mesmo universo sem serem cópias carbono em seu design.

 

04 | Manchester à Beira-Mar

A sutileza com que o cineasta Kenneth Lonergan conduz sua história (ele é o autor do roteiro original também) de tragédia quase melodramática (o que poderia ser o calcanhar de Aquiles da obra) é o estandarte do longa. Outra grande qualidade de sua segura direção é nos transportar para o cenário frio, porém, acolhedor da pesqueira Manchester by the Sea, Massachusetts, nos EUA, instantaneamente entrando para o hall de lugarejos bucólicos que adicionam grande parte do sentimento da trama. A melancolia reina também na alma do protagonista Lee Chandler (Casey Affleck), o herói mais trágico de 2016 e provavelmente da década no cinema.  A dor da perda utilizada como tema, e a forma como lidamos com isso, há tempos não era tão minuciosamente trabalhada. Os envolvidos, em especial Lonergan, estão de parabéns pela tamanha sensibilidade, e a criação de um produto artístico que não nos deixará mais, ressoando para sempre em nossas mentes e corações.

 

03 | La La Land – Cantando Estações

Assim como Birdman (2014), vencedor do Oscar de melhor filme em 2015, La La Land adentra de forma muito honesta, nos levando aos bastidores da maior indústria de celebridades do mundo. Enquanto o protagonista vivido por Michael Keaton queria mostrar legitimidade como ator, tendo atingido o sucesso e sido menosprezado artisticamente por suas escolhas, o personagem de Ryan Gosling em La La Land enfrenta um dilema similar, mantendo-se fiel artisticamente ao que o jazz significa para ele. Essa eterna discussão, do que é vendável, do que é legítimo artisticamente, do que é apreciado, se torna um dos temas pulsantes do roteiro. Confeccionado com a maestria esperada de seu diretor, La La Land é uma celebração ao cinema, ao amor e à vida. Um deleite visual e auditivo, que deixa o coração mais alegre e o desejo de cantar e dançar.

 

02 | Moonlight: Sob a Luz do Luar

A polêmica do Oscar segue firme e forte sobre qual de fato era o melhor filme de 2016: Moonlight, La La Land ou nenhum dos dois. Seja como for, a obra de Barry Jenkins é intimista, chega fundo na raiz do problema e tem o estranho poder de ressoar conosco por muito tempo após sua exibição. Assim que largamos o filme não entendemos muito bem o motivo de tanto falatório, mas basta algumas horas passarem, e logo depois os dias, para que nos peguemos voltando cada vez mais a pensar e refletir sobre tudo. A sutileza com que Jenkins cria seu ensaio sobre “estar perdido” tem força suficiente para se tornar a obra quintessencial do subgênero. Muito mais do que representatividade racial ou de gênero, Moonlight é um filme extremamente humano.

 

01 | A Criada

Passando de bons sentimentos em um ambiente hostil, chegamos a uma obra sobre sentimentos hostis em um bom lugar. Mesmo depois do muito celebrado Oldboy (2003), A Criada pode vir a se tornar a obra-prima do diretor sul-coreano Park Chan-Wook. Cheio de camadas e reviravoltas, o roteiro, baseado no livro de uma autora britânica, brinca com o público a cada cena, a cada capítulo aparentemente desvendando “o” mistério, somente para no seguinte nos revelar que não era bem assim. A sordidez dos personagens é um charme a mais neste filme no qual todos os principais personagens se julgam mais espertos que os demais.  Chan-Wook entrega um filme irretocável em todos os sentidos, com uma direção de arte e figurinos exuberantes, e atuações tão ousadas, que farão o público mais sensível corar. Este definitivamente não é um filme para os mais novos.

Confira Os PIORES filmes da primeira metade de 2017  

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