Twin Peaks – 3ª Temporada | Primeiras Impressões

O retorno da icônica série televisiva Twin Peaks marca mais do que apenas a retomada do programa e de seus personagens. Acima de tudo, damos as boas vindas de volta para uma das mentes mais insanas e brilhantes que o mundo do audiovisual já conheceu, o cineasta David Lynch. Afastado das telas desde 2006, quando lançou seu ultrajante Império dos Sonhos, o cultuado diretor dedicou-se apenas a curtas-metragem, desgostoso com os rumos que a indústria tomava.

Há mais ou menos 25 anos, Laura Palmer (Sheryl Lee) aparecia de forma sobrenatural para o agente do FBI Dale Cooper (Kyle MacLachlan) e lhe dizia que iriam se encontrar de novo neste exato período de tempo. Coincidência ou plano seguido à risca, Twin Peaks está de volta como profetizado, graças ao canal norte-americano Showtime (e à Netflix, para os brasileios). Os agradecimentos também, obviamente, devem ir ao criador do programa, o citado Lynch, que resolveu sair do exílio auto imposto e voltar ao mundo – assim como seu protagonista.

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Para os mais novos, que reinam nas mídias sociais, é importante entender o que significou Twin Peaks no início dos anos 1990 para a cultura popular. Exibida pela rede Globo, numa época em que TVs a cabo eram um sonho distante, a popularidade do programa se propagou entre aqueles que possuem paladar por uma trama de grande mistério, envolto em uma narrativa nada usual. E se temos séries como Lost e Stranger Things hoje, é graças a influência de Lynch e seu seriado para lá de bizarro.

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A trama envolvia a chegada do peculiar agente do FBI Dale Cooper, aficionado por rosquinhas e café, na cidadezinha fictícia de Twin Peaks, para solucionar o caso de assassinato que chocou o então pacífico local. A colegial Laura Palmer (Sheryl Lee), uma jovem de reputação acima de qualquer suspeita, foi brutalmente assassinada. Aos poucos, a investigação vai mostrando que as coisas não eram bem assim, e segredos, não só sobre a morte, são revelados, jogando os holofotes em reviravoltas dignas de novelas mexicanas, envolvendo os inúmeros personagens (é sério, temos ao menos uns 30 personagens principais),tudo pincelado com a típica loucura inerente do criador.

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O tão anunciado retorno da série causou grande fervor aos fãs, mas era necessário saber se Lynch ainda tinha o que dizer e mostrar depois de sua ausência de uma década no cinema e quase três décadas da série. Os dois primeiros episódios da nova temporada são como uma viagem no tempo, continuando exatamente de onde havíamos parado. O estilo lynchiano continua enxuto, brincando com formato narrativo, criando diálogos mais absurdos do que nunca e cenas tão incompreensíveis a ponto de se tornarem um verdadeiro deleite. Lynch crava com força a linha divisória que separa a incoerência proposital e feita com qualidade e a falta de preparo estrutural para contar uma história.

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Além de retornar com tudo que esperávamos, Lynch ainda brinca com as novas tecnologias, aprimorando e adicionando novos elementos à escola lynchiana de fazer filme (ou série). O momento no qual o diretor mais demonstra isso, é no trecho passado em Nova York – a sequência mais nervosa e inacreditável.

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Sem entrar muito no terreno de spoilers (o grande bicho papão do mundo moderno), a trama da nova temporada se desenrola em quatro lugares distintos, ampliando a abrangência do que virá pela frente. Na primeira cena, Dale Cooper conversa com o gigante (Carel Struycken), saídos diretamente do passado, com direito à imagem em preto e branco. Em Twin Peaks, a réplica de Dale começa a fazer estardalhaço e a dar forma a um elaborado plano. Além disso, revistamos também Shelly Johnson (Mädchen Amick) e diversos outros velhos conhecidos como os oficiais Andy Brennan (Harry Goaz) e ‘Hawk’ (Michael Horse), Margaret Lanterman, a mulher do tronco (Catherine E. Coulson, atriz já falecida) e até mesmo Laura Palmer (Lee), entre outros.

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Em outra subtrama, passada numa cidade da Dakota do Sul, um terrível assassinato é cometido, no qual uma mulher é decapitada, e somente sua cabeça é encontrada em sua casa, junto a um corpo de homem sem cabeça. O bizarro crime tem como principal suspeito William Hastings (Matthew Lillard), diretor de uma escola para crianças, já que suas impressões digitais estão por toda a casa da vítima. Lillard é um dos muitos personagens novos que adentrarão o universo alucinógeno de Twin Peaks. Junto a ele, nesses primeiros episódios, estão Beverly Paige, secretária vivida por Ashley Judd, Chantal Hutchens, criminosa com as formas da indicada ao Oscar Jennifer Jason Leigh, e a jovem Tracey (Madeline Zima, a pequena Grace Sheffield, do seriado The Nanny, já bem crescida).

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Por falar em Zima e sua Tracey, ela faz parte do trecho mais enigmático e macabro desses episódios. Passado em Nova York, num loft de uma cobertura, uma experiência financiada por um milionário está em andamento. No local, um jovem precisa manter vigilância, guardado a sete chaves por um segurança do lado de fora, observando uma espécie de câmara de vidro. No espaço, muitas câmeras filmadoras aguardam o grande momento anunciado. Esse trecho reserva aquele tipo de terror que irá atormentar nossos pesadelos por algum tempo. A quarta subtrama, passada em Las Vegas, é a menos relevante até o momento, apenas prenunciando a presença maligna de um antagonista poderoso.

A nova temporada de Twin Peaks é exatamente o que queríamos, o que precisávamos e mais um pouco. É David Lynch retornando, e em sua melhor forma. Em resumo, só posso dizer o quanto é bom anunciar isso. E vamos especular, lotando a rede com as mais loucas teorias. Twin Peaks merece.

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