Ao longo da história do cinema, volta e meia nos perguntamos por que aquele filme que tanto gostamos nunca ganhou uma continuação? Ainda mais quando é um filme que tem cara de franquia, praticamente planejado para ter sequências. E a resposta embora dolorosa, é muito simples: o fracasso de público ou crítica (às vezes os dois).
Em especial o cinema entretenimento é um negócio, no qual são investidos centenas de milhões de dólares. Então dizer que um filme destes não visa o lucro, vai além da inocência. Então pense por esse ângulo: hoje, um filme só não gera uma continuação se não tiver realmente agradado. Fora isso, todos ganharão uma sequência, até mesmo os que não necessariamente as possibilitam narrativamente.
Pensando nisso, abaixo traremos alguns filmes que fracassaram com tanta força, que terminaram por cancelar suas continuações já planejadas e com algum estágio de desenvolvimento. Confira.
Lanterna Verde (2011)
O astro Ryan Reynolds hoje é um dos maiores nomes de Hollywood, graças ao sucesso dos filmes ‘Deadpool’. Mas o ator já havia tentado outras três vezes emplacar em um filme do gênero antes, sem sucesso. A terceira, argumenta-se, foi a mais desastrosa. De todos os fracassos dos filmes de super-heróis, ‘Lanterna Verde’ é considerado um dos maiores. Isso porque seu orçamento foi de US$200 milhões, hoje considerado o topo, imagina naquela época; e arrecadou US$237 milhões mundiais. Para ser bem-sucedido seria necessária uma bilheteira de meio bilhão de dólares, pelo menos. Assim, os planos de uma continuação foram rapidamente riscados e a cena pós-créditos ficou apenas pairando no ar.
A Múmia (2017)
Nem mesmo o nome do superastro Tom Cruise conseguiu resgatar esse blockbuster do fracasso. O que todos sentiram foi falta da franquia estrelada por Brendan Fraser, que pode vir a ganhar um quarto filme. Os mais novos talvez não lembrem, mas a intenção em torno de ‘A Múmia’ foi a maior implosão de um projeto ambicioso jamais visto. A Universal Pictures planejava o tal “Dark Universe”, que seriam superproduções envolvendo seus maiores personagens do terror: como Frankenstein, o Homem Invisível e A Noiva de Frankenstein. Só para começar. Até mesmo uma foto chegou a ser tirada com o elenco reunido: Johnny Depp seria o Homem Invisível, e Javier Bardem o monstro de Frankenstein – com Angelina Jolie visada para ser a Noiva.
A Torre Negra (2017)
Os filmes baseados nos livros do mestre do terror Stephen King ficam entre erros e acertos. Mas nenhum deles se mostrou um fracasso maior do que este ‘A Torre Negra’. E o motivo é simples: esse é o único baseado em uma série de sete volumes, num verdadeiro épico literário, no qual King cria um faroeste sobrenatural de fantasia e terror. É claro que o plano seria adaptar todos os sete livros em filmes – e quem não gostaria de um sucesso assim para chamar de seu. Infelizmente, mesmo contanto com astros do calibre de Matthew McConaughey e Idris Elba, ‘A Torre Negra’ não passaria do primeiro. E pensar que no mesmo ano tivemos o excepcional ‘It – A Coisa’, também baseado em King.
O Cavaleiro Solitário (2013)
Superprodução da Disney, este filme era planejado para ser o novo ‘Piratas do Caribe’. A prova disso é que tínhamos o mesmo diretor Gore Verbinski e Johnny Depp no elenco. Baseado num programa de rádio clássico e depois em uma série de TV dos anos 1950, o filme falhou em resgatar a popularidade do antigo herói. Fora isso, custou uma verdadeira fortuna, US$400 milhões (entre o orçamento e o marketing). É curioso notar como hoje, alguns filmes possuem elencos “malditos”. Esse é um dos casos notórios, já que contamos com Depp e Armie Hammer. Aliás, Hammer e Ruth Wilson já haviam sido contratados para uma trilogia – que como sabemos, não rolou.
John Carter: Entre Dois Mundos (2012)
Quem olha para a Disney hoje e acha que só existem vantagens em ser o estúdio número 1 do mundo, não conhece os corres que a empresa leva da vida. A Disney é também o estúdio que possui alguns dos desastres mais homéricos da história. Por exemplo, aqui temos dois anos consecutivos que em o estúdio tomou na cabeça com gosto. Antes de ‘O Cavaleiro Solitário’, a aposta era por uma franquia de ‘John Carter’, livro clássico do mesmo autor de Tarzan.
Na trama, um soldado da Guerra Civil americana é transportado diretamente para Marte, onde encara uma outra guerra por lá, essa interplanetária. É dito que a história influenciou de tudo na cultura pop, até mesmo George Lucas em ‘Star Wars’. Porém, sua adaptação cinematográfica chegou atrasada demais na festa. Os planos eram para uma trilogia, com o segundo, ‘Deuses de Marte’, já entrando em fase de pré-produção antes do original ser lançado, obviamente sendo cancelado após a estreia do primeiro.
Han Solo: Uma História Star Wars (2018)
Juro que não é perseguição com a Disney, até porque abrimos a matéria com fracassos de outros estúdios. Calhou destes três últimos itens serem apostas ambiciosas da casa do rato, que se deram muito mal. Aqui, temos o famoso caso do filme que ninguém pediu, que resultou no blockbuster que ninguém foi ver. Primeiro gol contra: ninguém estava interessado em um filme de Han Solo sem Harrison Ford.
Segundo gol contra: ninguém estava interessado na história de origem de um personagem tão interessante quanto ele. Hollywood precisa parar que querer explicar tudo e nos tirar a imaginação. É muito mais legal quando sua história de origem está dentro de nossas cabeças. Mais uma vez, ‘Han Solo’ era planejado como uma trilogia. Mas só a cena que explicam o nome “Solo” é cringe para três gerações inteiras.
A Reconquista (2000)
Por falar em desastres espaciais astronômicos, nenhum se compara à ‘A Reconquista’. E para isso precisamos voltar 25 anos no passado, época em que muitos fãs de cinema sequer haviam nascido. Para entender a tragédia que foi essa ficção científica, vencedora de todos os Framboesas de Ouro possíveis e imagináveis, era preciso estar vivo na época. Aqui também tínhamos uma pretensa trilogia, baseada em uma série de livros escritos pelo criador da religião / seita Cientologia. John Travolta faz parte desta doutrina, portanto aceitou estrelar e levar a palavra de seu mestre ao grande público. Bem, só podia ter tentado com mais afinco, pois o resultado, além de falir o estúdio, minou os planos para a continuação.
Planeta dos Macacos (2001)
Mais um filme dos anos 2000, época muito boa para a sétima arte. Curiosamente, a versão de Tim Burton para o clássico da ficção científica ‘Planeta dos Macacos’ era o filme mais esperado de 2001 no cinema. Na época, o nome de Burton estava no topo de Hollywood, e sua visão para o conto distópico gerava imensa expectativa dos fãs do bom cinema. Por mais que o longa tenha se mostrado confuso em seu desfecho, na época até chegou a agradar.
Mas este foi um dos filmes que não resistiu ao teste do tempo, e com o passar dos anos, mais e mais pessoas o consideram uma obra, digamos, abaixo do que poderia ter sido. Apesar de certo sucesso financeiro, a Fox resolveu desistir da sequência. Não ajudou o fato de Tim Burton alegar que preferia pular da janela a voltar ao ‘Planeta dos Macacos’. Assim, dez anos depois, ganharíamos um reboot.
A Série Divergente: Convergente (2016)
Aqui temos o caso mais inusitado de Hollywood. Isso porque o mais comum de pseudo franquias fracassadas é não conseguirem passar do primeiro exemplar. Mas ‘Divergente’ foi até o terceiro. Com o sucesso de ‘Harry Potter’ e ‘Jogos Vorazes’, todos os estúdios queriam seus próprios representantes do subgênero “Young adult” de fantasia e ficção. Assim, vieram inúmeras tentativas de franquia, vide ‘Dezesseis Luas’, ‘Eu Sou o Número Quatro’, ‘Os Instrumentos Mortais’, ‘Academia de Vampiros’, entre outras.
Nenhuma deu certo. ‘Divergente’ foi a única que conseguiu. Em partes. Sem ser um sucesso retumbante, a produtora Summit Entertainment fez do livro de Veronica Roth um sucesso moderado o suficiente em 2014 para gerar uma sequência. E assim seguiria nesse embalo, gravando de forma quase simultânea as continuações e lançando ‘Insurgente’ e ‘Convergente’ em 2015 e 2016. Porém, as críticas foram ficando cada vez piores e, mais gritante ainda, as bilheterias foram decaindo. Ou seja, faltando apenas um último filme, a franquia foi cancelada. Os planos eram para levar o último filme para a TV ao invés do cinema (já pensou?). Mas aí a estrela Shailene Woodley se recusou. Nessa, os fãs saíram perdendo.
Batman & Robin (1997)
Antes mesmo de ‘Batman & Robin’ ser lançado nos cinemas, a Warner estava tão satisfeita com o resultado do que vinha vendo durante as filmagens do longa, que deu sinal verde para uma sequência. A continuação possuía até título: ‘Batman Unchained’. Nesse terceiro filme (que seria dirigido novamente por Joel Schumacher), teríamos uma abordagem mais sombria e menos colorida. George Clooney retornaria para o papel principal, e o vilão seria o Espantalho. O ator visado para o personagem era Nicolas Cage, que chegou a ser convidado pelo cineasta.
Além do Espantalho, a Arlequina também estrearia no cinema nesse quinto Batman nunca filmado, e a atriz favorita para o papel era a cantora Courtney Love, que havia chamado atenção em ‘O Povo Contra Larry Flint’ (1996). Nesta versão, ela seria uma fabricante de brinquedos e a filha do Coringa atrás de vingança. Ela se uniria ao Espantalho para enfrentar Batman.
Schumacher pretendia uma cena bastante ambiciosa para o filme, ao reunir atores como Jack Nicholson, Danny DeVito, Michelle Pfeiffer, Tommy Lee Jones e Jim Carrey, todos reprisando seus papeis como Coringa, Pinguim, Mulher-Gato, Duas-Caras e Charada, em um momento de alucinação, onde o Morcego seria julgado em um tribunal por todos eles. ‘Batman & Robin’, no entanto, se tornou um grande comercial para brinquedos e pôs um fim na franquia. Até ela ser ressuscitada por Christopher Nolan novamente.