quinta-feira, março 28, 2024

Artigo | Há uma década, ‘Desperate Housewives’ chegava ao fim; Relembre a 8ª e última temporada da série!

Em 2004, o mundo abria as portas para uma pequena vizinhança localizada no fictício bairro de Fairview: Wisteria Lane. E oito anos depois de desvendar os segredos mais obscuros e conhecer pessoas muito mais conturbadas do que poderíamos imaginar, Marc Cherry nos convidava para uma última volta com a oitava e conclusiva temporada de um dos dramas mais quentes da ABC – e que certamente deixou e ainda deixa saudades, mesmo uma década depois de seu grand finale. Como é de se esperar, Cherry, que já nos chocou diversas vezes com arcos narrativos surpreendentes, não pensa duas vezes antes de se valer de todos os artifícios narrativos já utilizados para nos entregar mais uma iteração competente, sedutora e que certamente nos fará chorar em diversos momentos.

No ciclo anterior, o público se aventurava na cobertura do assassinato de Alejandro Perez (Tony Plana), que tentou abusar novamente de sua enteada Gabby (Eva Longoria) e foi impedido com o golpe que Carlos (Ricardo Chavira) lhe desferiu na cabeça. E, levando em conta que o homicídio culposo foi realizado numa festiva celebração, nossas protagonistas esperaram o tempo certo para retirar o corpo do formoso casarão e levá-lo para ser enterrado no meio de uma densa floresta. Mas, diferente do que podiam imaginar, as nossas queridas donas de casa não esperavam que as consequências de tal crime insurgiriam com força descomunal a ponto de separá-las de uma vez por todas.

Como sempre, Bree (Marcia Cross) ficou responsável pelo condenável plano e garantiu que nenhuma delas abriria a boca quanto a esse novo segredo que compartilhavam – mas as promessas são muito mais fáceis quando permanecem na teoria. Não demora muito até que Susan (Teri Hatcher) e Lynette (Felicity Huffman) comecem a ceder a uma necessidade incontestável de contar o que aconteceu, ainda que sejam repreendidas pelas outras. As coisas saem ainda mais do controle quando Bree termina o relacionamento com o detetive Chuck Vance (Jonathan Cake), desencadeando uma complicada negação de que foi chutado e levando-o a arquitetar um plano de vingança cujo principal objetivo é fazer da vida de sua ex-namorada um inferno.

Após ser abandonada por suas amigas e render-se aos “pecados da carne” que outrora tanto abominava, ela acaba se reunindo com o ex-marido Orson (Kyle MacLachlan), que a salva de uma possível tentativa de estupro e a leva para casa – onde também constrói um terrível plano. De fato, Bree termina a temporada no auge de sua carreira, tornando-se vereadora da câmara republicana dos Estados Unidos, mas descobre ao longo do caminho que não as pessoas em que confiava na verdade são tão podres quanto aquelas que lhe passaram a perna. Não é surpresa que o tour-de-force de Bree Hodge seja uma das principais tramas que move a iteração, encontrando espaço o suficiente para explorar temas como rancor e perdão – preconizando a volta da amizade das quatro personagens principais.

Ainda que a persona de Cross ganhe foco relativamente maior, Cherry e seu incrível time criativo não se esquece das outras mulheres de Wisteria Lane, fornecendo a cada uma delas um caminho diferenciado até as amarras finais. Gabby continua lidando com o fantasma de Alejandro e com o fato de seu marido estar enlouquecendo pela culpa que carrega; Lynette volta a enfrentar o ciúme descontrolado de Tom (Doug Savant) em continuar sua carreira como publicitária; e Susan, apesar de ter retornado para seu lar após recuperar dinheiro o suficiente, demonstra desde o princípio que algo está um pouco fora do comum – e talvez o fato de Mike (James Denton) ter se envolvido com perigosos nomes da máfia local tenha algo a ver com isso.

Cherry não se preocupa em fazer os sacrifícios necessários para dar continuidade ao último respiro de sua obra, e isso talvez seja pelo fato da vida não ser um conto de fadas cujo final é feliz. Susan observa impotente Mike deixá-la, sendo assassinado na frente de sua casa, e logo depois toma a decisão de viver com sua filha Julie (Andrea Bowen) em Nova York, onde poderá cuidar do neto recém-nascido. E, conforme adentramos na microtrama de Renée (Vanessa Williams), na qual celebra seu casamento, uma outra personagem também dá adeus a seus amigos e parte desta para uma melhor. São essas pequenas sutilezas narrativas e minuciosamente elaboradas que adicionam uma complexidade deliciosa e diabólica ao seriado – e que se consagrou como uma das saudades deixadas pela série.

‘Desperate Housewives’ passou por poucas e boas em seus oito anos de existência, e conseguiu arquitetar um último ano aprazível e nostálgico o suficiente para nos deixar com um gostinho de quero mais. Claro, Wisteria Lane sempre estará lá para aqueles que quiserem encontrá-la; e, como Brenda Young lindamente narrou nesta imensa aventura, nunca se sabe quem poderemos encontrar em nossa próxima visita.

Mais notícias...

Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
370,000SeguidoresSeguir
1,500,000SeguidoresSeguir
183,000SeguidoresSeguir
158,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS