sexta-feira, abril 26, 2024

Barbie | Descubra os 33 Filmes que INSPIRARAM Greta Gerwig

Para comemorar o lançamento de Barbie nos cinemas a partir de 20 de julho, o CinePOP elencou os 33 títulos que influenciaram o visual e o roteiro da produção mais esperada de 2023.

Em entrevista ao Letterboxd, a cineasta Greta Gerwig detalhou os motivos de cada filme na sua lista, desde clássicos da comédia musical até grandes sucessos do cinema francês. Nas palavras da diretora e roteirista, o formato mais buscado por ela era de uma estética de “autêntica artificialidade” presentes em várias obras citadas. 

Podemos, portanto, observar que a grande parte dessas produções tem a estética e a musicalidade em evidência, desde os clássicos de Jacques Demy até as genialidades de Spielberg, Coppola e Kubrick

Além disso, algumas performances do passado foram essenciais para Margot Robbie e Ryan Gosling comporem seus respectivos personagens, Barbie e Ken. Será que você conhece todos os títulos abaixo?

1. O Mágico de Oz (1939), de Victor Fleming

Estrelado pela jovem Judy Garland, o musical O Mágico de Oz é o filme de referência mais evidente desta lista. Segundo a diretora, os palcos do longa eram exatamente o que ela buscava emular na concepção surrealista de Barbie. Com paisagens e céus pintados ao fundo, o clássico dos anos 1930 apresenta o conceito — chamado por ela — de “autenticamente artificial”. 

Se O Mágico de Oz é lembrado até hoje pela estrada de tijolos amarelos, Barbie, por sua vez, tem uma estrada de tijolos rosas em total referência ao mundo mágico da menina Dorothy (Judy Garland). E, talvez, a mensagem de ambos os filmes seja semelhante. 

2. Os Guarda-Chuvas do amor (1964), de Jacques Demy

O melodrama musical francês apresenta um visual colorido e surpreendente bonito; algo também trabalhado em Barbie. De acordo com Gerwig e o seu diretor de fotografia Rodrigo Pietro  —  fotógrafo de O Segredo de Brokeback Mountain (2005), de Ang Lee  —, a obra de Jacques Demy os ajudou a pensar sobre as camadas de cores e como filmar cinco tons diferentes de rosa sem sobrecarregar a imagem. 

Não deixe de assistir:

Além do deslumbre de cores, Os Guarda-chuva do amor ostenta outra referência chave do lançamento da Warner Bros. O cabelo da Barbie (Margot Robbie) em algumas cenas é muito parecido com o penteado de Catherine Deneuve no romance de 1964. 

3. Duas Garotas Românticas (1967), de Jacques Demy

Encantada pelo magnetismo visual dos musicais de Jacque Demy, Greta listou três filmes do diretor francês. Da dupla Catherine Deneuve e Françoise Dorléac, as irmãs Delphine e Solange, a diretora pegou emprestado o figurino, como os enormes chapéus, e a estética de “mundo construído” tão própria do Demy.  

4. O Segredo Íntimo de Lola (1969), de Jacques Demy

Novamente a estética de Demy serviu a Greta Gerwig como inspiração. Para ela, as obras do diretor podem ser descritas como doces e coloridas, ao mesmo tempo que comoventes e profundas. Com enquadramentos simétricos e a utilização de tonalidades diferentes das mesmas cores, o filme ajudou a cineasta a compor o seu mundo cor-de-rosa. 

5. Cantando na Chuva (1952), de Gene Kelly e Stanley Donen

Gene Kelly era meu crush”, confessa Greta Gerwig sobre um dos seus filmes favoritos. Segundo ela, Cantando na Chuva possui inúmeras qualidades, mas o mais incrível é a cena do balé dos sonhos dentro do balé dos sonhos. Em suas palavras, “é uma das coisas mais incríveis, lindas e completamente desequilibradas”.

As cenas de coreografia foram em sua grande maioria inspiradas na composição rítmica e mirabolante do gênio Gene Kelly, também presente em Duas Garotas Românticas (1967).

6. Sinfonia de Paris (1951), de Vincente Minnelli

Este é um dos grandes clássicos musicais da época de ouro de Hollywood. Protagonizado (novamente) por Gene Kelly, Sinfonia de Paris narra o romance entre um ex-soldado americano (Kelly), que tornou-se pintor na capital francesa, e uma balconista de loja (Leslie Caron). 

Ganhador de seis Oscar, a cena de abertura de uma rotina matinal inspirou o que seria o despertar da Barbie. Além da primeira sequência, Greta revela ter se inspirado nas ambientações completamente monocromáticas de roxo, amarelo e verde para apresentar as tarefas cotidianas da personagem Leslie Caron

7. Os Sapatinhos Vermelho (1948), de Emeric Pressburger e Michael Powell

Várias cenas deste filme estão presentes no longa de Greta Gerwig. De acordo com a entrevista, uma delas é quando a Barbie esta caminhando até a casa da Barbie “Estranha” (Kate McKinnon). Além disso, os óculos “de gatinho” de Ryan Gosling vêm desta produção.

Mais uma vez, a diretora ressalta a teatralidade, as cores e a “autêntica artificialidade” presentes em Os Sapatinhos Vermelhos como algo almejado na sua composição do mundo da boneca da Mattel. 

8. Neste Mundo e no Outro (1946), de Emeric Pressburger e Michael Powell 

Conforme afirma a cineasta, Emeric Pressburger e Michael Powell eram inventivos, teatrais e também cinematográficos. Em Neste Mundo e no Outro, as construções são extraordinárias. Na entrevista, ela exemplifica a cena: “O céu – onde eles têm aqueles círculos com todos olhando para baixo – é tão impressionante, e, também, tem aquela perspectiva de desaparecimento e se transforma em uma pintura fosca, que é tão linda”. 

Greta conta que as referências do filme são a partir do seu encanto para as soluções de câmera realmente inteligentes, por exemplo, o movimento de hold still, isto é, de pessoas paradas na tela, enquanto uma ação ocorre ao redor. O estilo pode ser visto no ótimo A Pior Pessoa do Mundo (2021), de Joachim Trier.

9. All That Jazz – O Show Deve Continuar (1979), de Bob Fosse

Este filme também está dentro do termo “autêntica artificialidade”. Segundo a diretora, a cena inicial dos bailarinos se preparando para a audição é uma obra-prima. No filme, um diretor e coreógrafo (Roy Scheider) sofre um enfarte e, com a vida por um fio, revê momentos da sua trajetória, transformando-os em sua imaginação em números musicais. 

Pode-se, então, dizer que os aspectos do existencialismo de Barbie vêm desse projeto, sobre as conjecturas da vida em forma de musical. No trailer, há uma cena na qual a protagonista pergunta: “Vocês já pensaram em morrer”? 

10. O Céu Pode Esperar (1978), de Buck Henry e Warren Beatty

Com um conceito extremamente elevado, mas sempre humano, nas palavras de Gerwig, O Céu Pode Esperar é, de certa forma, meio maluco, mas funciona em uma bonita composição.

Uma das cenas em destaque é quando os “passageiros” estão embarcando para o Paraíso em um avião e há uma névoa no solo. Greta confessa ter pensando em realizar a “névoa” na sua obra, mas foi dissuadida pelo seu diretor de fotografia Rodrigo Prieto a não utilizar gelo seco no set de filmagem.

11. Oklahoma! (1955), de Fred Zinnemann

Adaptado de uma dos musicais mais célebres da Broadway, o balé em audiovisual de Oklahoma! é extraordinário. Com coreografias da grande dançarina Agnes de Mille (1905-1993), os números musicais foram de enormes orientações para a produção da Warner.

12. Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988), de Pedro Almodóvar

As cores inebriantes de toda cinematografia de Pedro Almodóvar é representada por esta comédia de desencontro e reencontro entre mulheres e suas desilusões amorosas.

13. 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick

Barbie em referência a 2001: Uma Odisseia no Espaço

Como afirma Greta Gerwig, todos nós reconhecemos esta referência no trailer com fotografias bem semelhantes ao clássico de Stanley Kubrick. A cena faz um paralelo com o momento em que a boneca Barbie vem ao mundo em 1959, trazendo consigo uma ruptura no modo em que as meninas encaravam as bonecas, sempre bebês, representando somente a relação mães e filhas. 

A partir de Barbie, criada por Ruth Handler, as meninas podiam contar suas próprias histórias e desenvolver a ideia de tornarem quem elas quisessem. Por isso, a Barbie sempre foi a boneca de diversas facetas e profissões, ou seja, uma mulher de escolhas. 

14. Jejum de Amor (1940), de Howard Hawks

Na trama, uma repórter (Rosalind Russell) abandona o trabalho para levar uma vida doméstica, ao lado do noivo rico. Seu editor e ex-marido (Cary Grant) tenta convencê-la a mudar de ideia. 

Com rico jogo de discussões, os diálogos rápidos são uma das inspirações de Greta na construção da maneira de Barbie expressar-se no longa. Jejum de Amor é um dos melhores filmes de fala rápida de todos os tempos, na opinião da diretora.

15. Núpcias de Escândalo (1940), de George Cukor

Para encarnar Barbie, Greta Gerwig sugeriu a Margot Robbie assistir a performance de Katharine Hepburn na comédia romântica Núpcias de Escândalo, ao lado de Cary Grant e James Stewart. A razão é porque a personagem de Hepburn se descreve como uma estátua grega inabalável, no entanto, ela começa a desmoronar e faz o seu percurso para se reencontrar. Algo semelhante ao enredo do filme, não? 

Este, entretanto, é um dos filmes preferidos da produtora e atriz. Ou seja, as referências já estavam no escopo da interpretação de Margot Robbie antes mesmo do pedido da diretora.

16. Mordedoras de 1935 (1935), de Busby Berkeley

Mais cenas de danças. Nessa comédia, o diretor Nicolaeff (Adolphe Menjou) ensaia um show para conseguir dinheiro e pagar as dívidas num luxuoso hotel. A cena de sapateado com milhares de dançarinos é uma das inspirações mais fortes dessa produção, nomeada como “surreal” por Greta.

17. Suprema Conquista (1934), de Howard Hawks

Nessa comédia romântica, Oscar (John Barrymore) é um diretor de sucesso na Broadway e Lily (Carole Lombard) uma de suas atrizes. Ela, entretanto, decide deixar sua companhia e os tempos de prosperidade terminam. Durante um encontro no trem, ele tenta convencê-la a voltar a atuar. 

A dinâmica dos atores em cena lembram muito a performance pretendida por Gerwig para Margot Robbie e Ryan Gosling: como ser engraçado ao discutir um com o outro. Além disso, a diretora lembra ter sugerido uma intensidade dramática de John Barrymore, a qual Ryan se apropriou perfeitamente, segundo ela, e colou no filme. 

18. O Terror das Mulheres (1961), de Jerry Lewis

A comédia de Jerry Lewis está nessa lista por causa da sua abertura. Na cena inicial, vemos uma casa recortada em quadrados e a câmera percorre cada cômodo em uma tomada contínua e mostra cada uma das garotas se arrumando. 

Desta sequência, confessa Greta, veio a ideia do espelho sem fundo de Barbie, pelo qual o espectador olha e somente vê a própria personagem pela moldura aberta. 

Barbie através do espelho.

19. Janela Indiscreta (1954), de Alfred Hitchcock

Motivo? Arquitetura e simetria em prédios e janelas.

20. E La Nave Va (1983), de Federico Fellini

Única referência italiana da lista saiu das mãos do mestre Federico Fellini. Com música e a tal “autêntica artificialidade” buscada por Greta, E La Nave Va possui um “maravilhoso mar completamente falso”, com certeza ponto de parâmetro para as cenas das Barbies na praia. 

21. Asas do Desejo (1987), de Wim Wenders

Da concepção de um dos mais engenhosos diretores do cinema alemão, Asas do Destino participa como referência do cruzamento entre dois mundos. Os paralelos são traçados pela presença de anjos em meio aos mortais até que um deles se apaixona e deseja tornar-se humano e experimentar as alegrias (e as dores) do cotidiano. O que será que Barbie vai encarar ao sair do seu paraíso cor-de-rosa? 

22. Desejos Proibidos (1953), de Max Ophüls

Passado no início do século 20, em Paris, Desejos Proibidos apresenta um gracioso trabalho de câmera e o retrato visual do luxo e da perda. Por conta do estonteante tomadas e enquadramentos de Max Ophüls, Greta relata ter a fotografia desse filme — em suas palavras — simplesmente extraordinário como um norte e lembrete do que ela e toda a equipe deviam buscar na produção de Barbie.

23. Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), de Steven Spielberg

Um dos seus filmes preferidos da diretora. A relação entre a produção de Spielberg e Barbie é por conta da crença fervorosa em milagres, coisas fora do comum, mas de fato verdadeiras. Este ideal entre fantasia e veracidade era algo presenciado com efeito nesta ficção, o qual Greta desejava levar para o mundo de Barbie.

24. Tempos Modernos (1936), de Charlie Chaplin

Por quê? Por causa da comédia física de Charlie Chaplin. Para Greta, as expressões, os trejeitos e gestos tinham que ser engraçados no filme. Vendo a performance irreverente de Ryan Gosling, não temos dúvida da assimilação do comando. 

25. As Grandes Aventuras de Pee-wee (1985), de Tim Burton

O excêntrico personagem Pee-wee (Paul Reubens) também incorpora a noção de humor físico. Tal como Ken (Gosling), o personagem é uma criança dentro de um homem. Ele embarca numa aventura pelos Estados Unidos para reencontrar sua amada bicicleta.

Em um momento do filme, o protagonista sente-se entediado e pula de um trem em movimento, um ato inesperado e hilariante. É este tipo de efeito buscando por Greta no personagem Ken. 

26. Grease – Nos Tempos da Brilhantina (1978), de Randal Kleiser

Como Barbie foi criada no fim dos anos 1950, Greta traça um paralelo com o musical pela busca da estética dessa época, mesmo que evidentemente falsa. Algo que, para ela, funciona muito bem em Grease – Nos Tempos da Brilhantina, com Olivia Newton-John e John Travolta

Isso porque o filme é um musical adolescente high school dos anos 1950, mas realizado no fim dos anos 1970 e todos do elenco têm 30 e pouco anos de idade. Em outras palavras, uma produção repleta de incoerências, mas de todo modo divertido e ao encontro do espírito da época almejada. 

27. O Show de Truman (1998), de Peter Weir

O filme mais recente entre todas as referências. Greta Gerwig admitiu que o longa entrou na sua lista a partir da ligação do diretor Peter Weir antes dela começar as gravações do seu projeto. 

Como ela havia assistido o longa um pouco antes, a conversa com o cineasta foi bastante produtiva e ele explicou todo o processo de filmagem para dar um aspecto de estar dentro de um estúdio, mesmo tendo sido tudo realizado do lado de fora. O que será que Truman (Jim Carrey) e Barbie têm em comum? 

28. 29. Meu Tio (1958) e PlayTime (1967), de Jacque Tati

Vamos juntar as referências 28 e 29, porque as motivações são exatamente as mesmas. Segundo Greta, Jacque Tati é o rei da piada lenta. Se você não assistiu um desses títulos, veja e entenda que a graça do filme é construída pouco a pouco e uma piada dura várias cenas para chegar ao seu ápice. 

No entanto, é a construção dos cenários práticos e muito bem montados do filme Playtime, que inspirou a cineasta para o prédio da empresa Mattel. As semelhanças entre o mundo corporativo de ambas as produções são evidentes. 

30. Splash: Uma Sereia em Minha Vida (1984), de Ron Howard

Por que não trazer referências da sua própria infância para o filme? Splash é o exemplo das produções que Greta cresceu assistindo e, por isso, tem um charme particular para ela. Clássica produção da Sessão da Tarde, da TV Globo, a comédia romântica também tem uma ponta de nostalgia para os brasileiros.

Embora Splash: Uma Sereia em Minha Vida não apresente um conceito elevado, Greta aprecia a interação entre Daryl Hannah (Madison) e Tom Hanks (Allen Bauer) e a tagline clichê da produção: “um peixe fora d’água”. Entre os enredos de crossing-worlds [mundos cruzados], este de uma sereia e um humano é um dos seus preferidos. Vale lembrar que já citamos o de um anjo e uma mulher em Asas do Desejo.

31. Os Embalos de Sábado à Noite (1977), de John Badham

Desde a primeira concepção de Barbie, Greta o idealizava com uma trilha sonora fora do comum e Os Embalos de Sábado à Noite tem esse soundtrack incrível graças às canções do grupo Bee Gees

Para ela, Os Embalos de Sábado à Noite é um filme movido pela música, sem ser um musical, tal como ela acredita que seja Barbie: uns 50% musical.

32.The Bee Gees: How Can You Mend a Broken Heart (2020), de Frank Marshall

“Dorky” Barbie Disco

Motivada por este documentário da HBO Max, a diretora visualizou a personagem Barbie numa vibe disco, meio “dorky”, isto é, bobona no melhor sentido, por conta da sua energia positiva e dançante. 

33. O Poderoso Chefão (1972), de Francis Ford Coppola 

Para encerrarmos o livro de referências de Barbie nada mais simbólico do que o maestro do cinema ítalo-americano. “[O Poderoso Chefão] é um triunfo do gênio estético de Robert Evans e [Francis Ford] Coppola.”, afirma Greta. A gente, com certeza, concorda que O Poderoso Chefão deve servir de referência para qualquer pessoa com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. 

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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