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Gravidade

UMA MINI-ODISSEIA NO ESPAÇO

O filme de maior expectativa do ano, Gravidade era vendido como um projeto de alto conceito e originalidade do diretor Alfonso Cuarón (Filhos da Esperança).  No ano da ficção científica como fonte de blockbusters para Hollywood, no qual tivemos Círculo de Fogo e Elysium, obras voltadas para um público mais jovem de certa forma, Gravidade é um filme experimental de dezenas de milhões de dólares, que inicialmente foi anunciado como sendo apenas dois atores flutuando no espaço. O maior inimigo de qualquer grande produção é a expectativa gerada por ela. E mais ainda, elogios superinflados. Críticos americanos que puderam conferi-lo em primeira mão em festivais, anunciavam ser a melhor coisa do cinema em anos.

Alguns chegaram ao ponto de afirmar ser superior ao quintessencial 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick. O cineasta James Cameron, um especialista no gênero da ficção, declarou que Gravidade era o melhor filme passado no espaço que já tinha assistido. Sem revelar muito para não estragar a surpresa de todos, o quanto menos soubermos sobre o filme melhor – acredito que essa é a melhor forma de aprecia-lo, e foi assim que entrei no cinema. Uma coisa que posso dizer é que Gravidade é muito mais um drama de grande suspense, do que uma ficção científica. Seria inclusive mais bem definido como uma realidade científica.

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Na trama, uma equipe de astronautas está em missão a bordo de uma nave na órbita da Terra. Os únicos rostos conhecidos do elenco, e literalmente os únicos rostos do filme, são os dos atores George Clooney (Os Descendentes) e Sandra Bullock (As Bem Armadas). Clooney vive Matt Kowalski, o chefe encarregado da missão, e Bullock é a médica Ryan Stone. Devido a um acidente, que atinge sua nave, a Dra. Stone é arremessada na imensidão escura do espaço, e aí começa a sua grande jornada. Apesar de grande decepção com o conceito de “explodir nossas mentes”, muito alardeado lá fora, não é justo julgar o filme que não foi feito, o correto é analisar o que foi feito.

Gravidade é recheado de tensão, e embora não faça uso de muito diálogos, é um daqueles filmes que conseguem nos prender do começo ao fim de seus 90 minutos de exibição, sem perder o ritmo ou nos deixar ir. Nos torna reféns logo de início, somente com o uso de suas imagens, e isso é uma grande qualidade de um contador de histórias. Cuarón pega um material de difícil acesso para o grande público, e cria uma grande identificação e plausibilidade, sem que por momento algum o público se sinta enganado, acreditando ser impossível qualquer cena mostrada na obra. O clima criado é de puro nervosismo, e nos mantém à beira da cadeira.

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Esse é um show mais de Sandra Bullock, que entrega em minha opinião seu melhor desempenho nas telas (ao lado de Crash). Aqui, a atriz é pedida para explorar vários níveis diferentes de medo, desespero e aflição. Em uma cena em especial a atriz emociona. Muitos acreditam inclusive que a atriz sairá com o filme em busca de sua segunda indicação ao Oscar. Talvez merecida, afinal não é fácil levar um filme inteiro sozinho nas costas. Bullock exibe beleza também, e uma forma física invejável no auge de seus 49 anos. Além da expectativa não cumprida, Gravidade também decepciona por certa simplicidade em seu roteiro.

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As imagens e efeitos são belíssimos, criados pela equipe de técnicos de efeitos especiais. Mas como dizem, hoje em dia todos são capazes de criar efeitos, embora aqui eles realmente impressionem, e sejam sempre usados a favor da história, e não ao contrário. Os efeitos em 3D são ótimos. Gravidade não é capaz de explodir nossas mentes, apenas de criar talvez as situações mais sufocantes do cinema. Afinal, para quem está diante da morte, será que importa mesmo estar prestes a morrer no espaço, no mar sozinho e cercado de tubarões, como em Mar Aberto (2003), ou preso num caixão sem ar, como em Enterrado Vivo (2010)?

Os Belos Dias

(Les Beaux Jours)

 

Elenco:

Fanny Ardant, Laurent Lafitte, Patrick Chesnais, Jean-François Stévenin, Fanny Cottençon.

Direção: Marion Vernoux

Gênero: Romance

Duração: 94 min.

Distribuidora: Imovision

Orçamento: US$ — milhões

Estreia: 11 de Outubro de 2013

Sinopse:

Caroline (Fanny Ardant) é uma mulher de 60 anos, casada, com duas filhas, e recém-aposentada. Caroline está de luto pela morte de sua melhor amiga, quando ganha de presente das filhas a matrícula em um clube de aposentados e idosos que se chama LES BEAUX JOURS. No clube Caroline acaba se envolvendo com um dos professores, que tem a idade de suas filhas, e esse romance lhe fará redescobrir o prazer de viver.

Curiosidades:

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Festival do Rio: Alì tem Olhos Azuis

O cinema italiano vem apresentando uma nova safra de bons diretores, que estão sobressaindo nos festivais internacionais de cinema. Mas, infelizmente, a maioria desses filmes não chega ao circuito brasileiro. Por isso vale aproveitar os últimos momentos do Festival do Rio para conferir Alì tem olhos azuis, do jovem cineasta Claudio Giovannesi, que ainda não tem distribuidora no Brasil.

Interpretado por não-atores – por isso o nome de cada um também é o nome do personagem – o longa aborda a história real de Nader (Nader Sarhan), adolescente de origem egípcia nascido em Roma, que vive em conflito com os pais e sai de casa após eles desaprovarem seu namoro com uma italiana. O menino passa a viver nas ruas, roubando e passeando com o amigo Stefano (Stefano Rabatti).

A trama é ambientada em Ostia, na periferia de Roma, região pouco conhecida para quem só vai a capital italiana por turismo. O grande mérito do roteiro é mostrar que os conflitos multiculturais continuam fortes na Itália – e, embora o tema seja recorrente em outros filmes italianos, é a primeira vez que o protagonista é a pessoa que realmente vive essa história em seu dia a dia.

Outro fato interessante que o roteiro frisa é que, ainda que Nader seja italiano, sua origem e as tradições de sua família falam mais alto – tão alto que, quando a irmã de Nader se interessa por um italiano, ele se mostra totalmente contrário ao relacionamento. É neste ponto que o longa enfatiza que o conflito dos pais do garoto, também é o seu próprio. Essas contradições são acompanhadas pela câmera nervosa de Giovannesi, que segue os personagens de um jeito quase documental.

Prêmio Especial do Júri no Festival de Roma do ano passado, e exibido este ano no Festival de Tribeca, Alì tem olhos azuis tem direção de fotografia do aclamado Daniele Cipri, e trilha sonora composta pelo próprio Giovannesi, que também assina o roteiro. E, embora o filme deixe o final em aberto e não tome partido de nenhum dos lados, fica a sensação de que o dilema dos personagens é o dilema da própria Itália, que nem sempre enxerga com bons olhos os filhos da imigração.

Festival do Rio 2013: Kill Your Darlings

OS TALENTOSOS BEATNIKS

Sucesso nos festivais de Sundance, Veneza e Toronto, a biografia dramática Kill Your Darlings chega ao Festival do Rio 2013. Escrito por Austin Bunn e pelo diretor estreante em longas John Krokidas, o filme traz a história real de um famoso grupo de poetas e escritores do movimento beat, ainda na fase de estudantes universitários. O protagonista aqui é Allen Ginsberg, vivido pelo jovem Daniel Radcliffe (Harry Potter). De infância humilde e difícil, o personagem vê a loucura de sua mãe consumi-la até ser internada em um hospital psiquiátrico. Ela é vivida pela veterana Jennifer Jason Leigh (The Spectacular Now).

No local, Ginsberg conhece e se vê completamente cativado por Lucien Carr, vivido pelo jovem ator do momento Dane DeHaan (O Lugar Onde Tudo Termina). Carr é um jovem descolado, que sabe se divertir, e é o propelente de um estilo revolucionário. Entre seus amigos pessoais estão Jack Keuroac (autor de “Na Estrada”), vivido por Jack Huston (da série Boardwalk Empire), e William Burroughs (autor de “Naked Lunch”), vivido por Ben Foster (Contrabando). O novato Ginsberg se sente completamente atraído para esse mundo boêmio, de muita experimentação com entorpecentes, e pensamentos sobre arte. Em trechos, Kill Your Darlings faz lembrar O Talentoso Ripley.

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Ginsberg é alertado por David Kammerer, interpretado por Michael C. Hall (o Dexter, da série), que Carr somente irá usa-lo, e quando estiver realmente apegado, ele o soltará. O sujeito é obcecado pelo rapaz, e é o único que parece saber o real segredo negro que esconde. Kill Your Darlings consegue explorar fortes sentimentos e relações. Somos levados de forma íntima para a vida de tais personalidades libertinas. O diretor estreante imprime grande qualidade em sua primeira obra, que fica com a cara de um trabalho de veterano. A montagem é frenética, e apesar da época, não existe barreira para o público mais jovem se identificar.

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Krokidas faz uma seleção de músicas entusiasmantes pontuando seu cenário. As atuações aqui ficam à altura e são de primeira. Esse é sem dúvidas o papel mais ousado e desafiador da jovem carreira do ator Daniel Radcliffe. O intérprete de Harry Potter é pedido, e se entrega de cabeça em seu retrato do inseguro e sofredor Ginsberg. O resto igualmente corresponde com performances certeiras de Ben Foster, Jack Huston, da ótima Elizabeth Olsen (Oldboy), e da veterana Jason Leigh. Quem consegue pairar acima é C. Hall, brilhante e penoso em seu desempenho de um sujeito que preferia a morte do que viver sem o que achava que era a sua vida.

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A certa altura Kill Your Darlings se transforma em algo muito mais sério, quando um crime passional é cometido. Assassinato esse que iria definir para sempre quem seriam todos os envolvidos. Kill Your Darlings é impactante, intenso, e consegue nos transportar imediatamente para uma época específica, e o sentimento ao redor de tal período. Com a atmosfera de produções europeias, o diretor consegue entregar uma obra digna e que faz jus a seus célebres personagens, responsáveis por momentos divisores de toda uma cultura.

Festival do Rio 2013: Como Não Perder Essa Mulher

PRAZER SEM LIMITES

Primeira incursão atrás das câmeras como diretor, do ator Joseph Gordon-Levitt (Lincoln), Como Não Perder Essa Mulher (título nacional estranho) vem chamando a atenção desde o início do ano. O filme, também escrito pelo ator, fez seu debute em janeiro durante o Festival de Sundance. Muito relevante e atual, a obra de Levitt aponta o dedo para uma geração inteira, e para a mudança fenomenal trazida por prazeres virtuais. Don Jon´s Addiction, como era intitulado originalmente, assim como Boogie Nights fez para o auge e declínio do cinema pornográfico, serve como obra quintessencial para a pornografia virtual.

Em especial, Don Jon relata o relacionamento de todos os homens (como o filme afirma) com a facilidade de acesso do substituto do sexo real, e relações humanas. No filme, o diretor vive Jon, um sujeito simplório que vive em função de suas paixões na vida, como ele dita: seu corpo, sua casa, seu carro, sua família, sua igreja, seus amigos, as mulheres e a pornografia. Quem dera a vida fosse tão simples assim, e de certa forma a pouca aspiração do protagonista pode causar inveja. Um elemento ausente de sua rotina é a paixão profissional, que não faz parte de pessoas cujo estereotipo o ator satiriza aqui.

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Tudo muda para o sujeito, quando ele conhece a mulher de seus sonhos numa boate. Barbara Sugarman possui as formas estonteantes da musa Scarlett Johansson, então como não se apaixonar? O protagonista decide abrir mão de seu vício lascivo em nome do amor dessa mulher. Mas como todo viciado, o primeiro passo, assumir a fraqueza, é o mais difícil. Justificar como comportamento natural da modernidade é o mais seguro. No meio do caminho, Jon se relaciona com a família, os amigos, e com a personagem de Julianne Moore, uma colega de turma, no curso que sua namorada lhe faz estudar. A personagem de Moore, inconveniente de início, se mostrará uma espécie de guru para sua atual situação.

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O filme de Gordon-Levitt é simples e de certa forma ingênuo, mas fala com autoridade e pertinência definidoras de uma geração. O interessante na história confeccionada pelo ator é fazer do protagonista a antítese de um viciado em pornografia, geralmente pessoas solitárias, anti-sociais e incapazes de se relacionarem com outras pessoas. A obra deixa claro que seu protagonista é um herói para os amigos, que o admiram e o invejam. Sua vida simplória faz todo o sentido para eles, e creio para muita gente. O sujeito está completamente satisfeito com sua rotina, até perceber que precisa sair de sua autoimposta caixa. A caricatura de ítalo-americanos que o diretor faz é perfeita.

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Moradores de Nova Jérsei, os chamados “guidos” ficaram conhecidos pelo reality show “Jersey Shore”, que explora justamente o tipo de comportamento retratado por Gordon-Levitt em seu filme. Seu personagem poderia fazer parte do programa inclusive. Os sotaques carregados do protagonista, e de Johansson, são por si só um atrativo. Como Não Perder Essa Mulher traz de volta o astro da TV Tony Danza, o único que não precisou forjar um sotaque, no papel do pai do personagem principal. Joseph Gordon-Levitt desabrochou ultimamente como um dos mais talentosos jovens artistas dentro do cinema de Hollywood, e a direção desse filme é seu próximo grande passo dado.

Festival do Rio 2013: Joe

O INDOMÁVEL

Ele está de volta! Quem julgava morta e enterrada a carreira de Nicholas Kim Coppola, vulgo Nicolas Cage, pode pensar novamente. Um dos mais excêntricos atores de Hollywood, Cage é vencedor do Oscar de melhor ator por Despedida em Las Vegas (1995), e indicado por Adaptação (2002). Desde então sua carreira parece ter despencado e o astro consecutivamente entregou produções, digamos, que deram motivo para ser rechaçado pelos especialistas, como persona non grata do bom cinema. Em sua fase negra encontram-se obras como O Sacrifício (2006), O Vidente (2007), os filmes do herói Motoqueiro Fantasma (2007 e 2012), Reféns (2012), entre outros.

O motivo, dizem as más línguas, foram as dívidas do ator, que o levaram a participar de qualquer produção que lhe era oferecida, simplesmente pelo salário. Existe até um vídeo muito engraçado na internet, onde as escolhas pouco ponderadas do ator viraram motivo de galhofa. Depois da tempestade vem a bonança, e se astros de carreiras tão diferentes quanto Sylvester Stallone e Matthew McConaughey conseguiram se reinventar, porque não o sobrinho do diretor de O Poderoso Chefão. Ainda é cedo para dizer se Cage se elevará da desgraça, mas a certeza é que em Joe o ator dá o primeiro passo.

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No filme, Cage interpreta o personagem título, um errante ex-presidiário, em busca de redenção. Nos primeiros momentos Joe cuida de um negócio ecológico dando emprego para diversas pessoas. Ele é responsável por uma equipe cuja função é matar com veneno árvores consideradas inúteis, para no lugar serem plantadas outras que desempenhem uma função maior no meio ambiente. É assim que ele conhece o menino Gary, vivido pelo talentoso Tye Sheridan (Amor Bandido). O menino é um pobre infeliz preso a uma família regida por um dos personagens mais detestáveis do cinema recente, papel do sem teto na vida real, Gary Poutler. Não é coincidência a extrema veracidade na atuação do sujeito.

Wade (Poutler) está a um passo (curto) da mendicância. Tem mulher e dois filhos, mas vive bêbado pelas ruas. Em alguns momentos exibe traços de uma possível redenção, ao arrumar emprego (provido pelo filho) com Joe, e em cenas de descontração ao lado do filho. Mas no geral, o personagem é capaz de roubar o dinheiro suado do menino, matar, e prostituir a pequena filha. Tais elementos trazem grande revolta ao público em relação ao personagem e ao filme. O protagonista também não é nenhum santo, e vive tendo problemas com a polícia, que se originaram desde cedo. O personagem de Cage, no entanto, está mais além em sua fase redentora.

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O trio principal está bom acima da média. Joe, é dito, traz grandes chances para Nicolas Cage voltar ao radar em época de premiações. Mas a verdadeira surpresa seria se Gary Poulter fosse lembrado por seu desempenho mais do que realístico. A direção do filme é de David Gordon Green, jovem e talentoso cineasta americano, que começou a carreira no cinema independente, com obras elogiadas como George Washington (2000) e All the Real Girls (2003). Em 2008 se embrenhou no cinema mainstream com a comédia maconheira Segurando as Pontas, e desde então entrou numa espiral de declínio com os fiascos de Sua Alteza? (um prazer culposo) e O Babá(ca).

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Joe completa a redenção do diretor também, que marca em 2013 sua volta às boas produções, tendo lançado anteriormente Prince Avalanche, igualmente elogiado. Embora honesto e real, Joe é também mundano, e sem grandes surpresas. Aparenta ser um filme sem foco, onde situações se empilham até seu clímax apressado, que tiram seu realismo e o assemelham a um filme formulaico.  É em seu percurso que a obra apresenta cenas tão estranhas e incomuns, que o tornam impossível de não ser recomendado. São cenas de extrema violência, que se fazem a peculiaridade de Joe.

Fúria de Titãs

(Clash of Titans)

 

Elenco: Sam Worthington, Pete Postlethwaite, Mads Mikkelsen, Gemma Arterton, Alexa Davalos, Ralph Fiennes, Liam Neeson.

Direção: Louis Leterrier

Gênero: Aventura

Duração: 118 min.

Distribuidora: Warner Bros.

Estreia: 21 de Maio de 2010

Sinopse: Em ‘Fúria de Titãs‘, a disputa pelo poder lança os homens contra os reis, e os reis contra os deuses. Mas a guerra em curso entre os deuses já é suficiente para destruir o mundo. Nascido de um deus, porém criado como homem, Perseu (SAM WORTHINGTON) se vê indefeso para salvar a família da aniquilação por Hades (RALPH FIENNES), o vingativo deus do reino dos mortos. Sem nada a perder, Perseu se oferece como voluntário para comandar a perigosa missão de derrotar Hades, antes que este consiga obter poder de Zeus (LIAM NEESON) e instalar o inferno na Terra. Liderando um grupo de guerreiros, Perseus parte numa arriscada jornada nas profundezas dos mundos proibidos. Combatendo demônios cruéis e monstros terríveis, ele somente irá conseguir sobreviver se aceitar seu poder como um deus, desafiar a sorte e criar seu próprio destino.

Curiosidades:
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Refilmagem de ‘Fúria de Titãs‘ (1981).

» A Warner Bros. pegou mania de fazer seus filmes em 2D convencional, e depois convertê-los para o 3D. ‘Fúria de Titãs‘ passará pelo processo e será lançado em 3D. Vale lembrar que a conversão NÃO traz a mesma qualidade de um filme que é planejado e filmado em 3D, como ‘Avatar‘.

» Stephen Norrington (A Liga Extraordinária) chegou a ser escalado para dirigir ‘Fúria de Titãs‘, mas abandonou o projeto.

» O orçamento de ‘Fúria de Titãs‘ foi de US$ 70 milhões.


Trailer:


Cartazes:

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Fotos:

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Festival do Rio 2013: O Mordomo da Casa Branca

FOREST… WHITAKER – O MORDOMO DA HISTÓRIA

Levemente inspirado na vida real de Eugene Allen, O Mordomo da Casa Branca traz o vencedor do Oscar Forest Whitaker em busca de mais uma indicação na pele de Cecil Gaines. O personagem é o mordomo do título. Nascido numa plantação de algodão, o protagonista ainda menino viu seu pai ser assassinado por um homem branco, e sua mãe ficar louca. O elenco da obra é um dos maiores já apresentados, não só nesse ano, mas em qualquer outro. Logo nessa cena inicial da infância do protagonista temos a participação de gente como a veterana Vanessa Redgrave (Anônimos), do novato Alex Pettyfer (Magic Mike), e dos cantores Mariah Carey (Preciosa) e David Banner.

Depois de uma breve educação dada pela senhoria da casa (Redgrave), o protagonista foge, e completa seus ensinamentos em servidão com o primeiro homem a realmente lhe estender a mão, e lhe dar um emprego, papel de Clarence Williams III (O Gângster). Já como um mordomo estabelecido num luxuoso hotel, Cecil é um mestre absoluto em submissão, e dessa forma sustenta a sua família, a esposa vivida pela apresentadora Oprah Winfrey e os dois filhos pequenos. Esse é o primeiro papel de Oprah, uma das mulheres mais poderosas e influentes da América do Norte, que começou a carreira como atriz, em 15 anos.

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Oprah interpreta a problemática mulher do protagonista, que se sente renegada pelo marido em nome do trabalho, mesmo compreendendo que dessa forma ele pode oferecer-lhes uma vida melhor. O protagonista recebe uma ligação para trabalhar na Casa Branca, e por lá fica durante a presidência de muitas importantes figuras da história recente americana. Da década de 1950, com o governo do presidente Dwight D. Einsenhower (vivido pelo ator Robin Williams) até o fim da década de 1980, com o governo Reagan (Alan Rickman, de Um Golpe Perfeito), Cecil Gaines esteve presente observando de perto, e muitas vezes servindo como ombro para confissões.

Dentre o vasto elenco, temos o desfile de presidentes com, além dos citados, John Cusack (Obsessão) como Nixon, James Marsden (Dose Dupla) como Kennedy, e Liev Schreiber (Fading Gigolo) como Lyndon Johnson; Gerald Ford aparece apenas como imagem de arquivo, e Jimmy Carter não é citado. Além do grandioso elenco ser um forte atrativo para O Mordomo da Casa Branca, a estrutura do filme funciona um pouco como a de Forrest Gump, na qual um homem comum passa por alguns dos maiores eventos da história americana recente, muito de perto, participando e interagindo com eles. Mas ao contrário do filme de Robert Zemeckis, essa obra possui um teor mais dramático, amargo, e ao mesmo tempo triunfante.

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O Mordomo da Casa Branca é o novo filme do diretor Lee Daniels, que em 2009 tomou o mundo do cinema de assalto com Preciosa, produção indicada para seis prêmios no Oscar, incluindo melhor filme, e vencedora de dois. Caminho esse que O Mordomo da Casa Branca deve seguir de perto, já que é cotado desde seu lançamento como forte candidato para indicações. Embora manipulativo e como dizem “isca de Oscar”, a nova obra de Daniels consegue superar produções recentes indicadas ao prêmio máximo, como Cavalo de Guerra e Tão Forte e Tão Perto, simplesmente por sua importância histórica e social.

Assim como os últimos filmes do diretor (incluindo Obsessão, que faz parte do Festival do Rio 2013 também), O Mordomo da Casa Branca tem como tema central toda a transformação social que afrodescendentes passaram na América, culminando com a segregação racial da década de 1960, até finalmente Barack Obama tomar posse como o presidente em 2009. Parte desse aspecto é trazido por uma das melhores coisas da obra, o ator David Oyelowo, que interpreta o filho do protagonista, disposto a participar de forma mais ativa para a mudança, e que serve de contraponto perfeito para a submissão de seu pai. Fato que os coloca durante quase uma vida em confronto.

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O Mordomo da Casa Branca pode não ser o melhor filme do ano, mas é um dos mais corretos, e não desaponta. Garantido de agradar a gregos e troianos. Embora tais elogios possam guiar de forma errada algumas pessoas, é seguro dizer que o filme possui muito mais a oferecer além de sua fórmula pouco original. São ideias por trás de um conceito. Pontos de vistas bem formulados e prontos para serem discutidos, por visões de vida diferentes. Com atuações eficientes que são a cereja no topo do bolo. Não é original ou muito criativo, mas serve para ensinar, educar e edificar. Missão de bons filmes também.

Festival do Rio 2013: Behind the Candelabra

 O PIANISTA NO ARMÁRIO

Behind the Candelabra é a nova obra dirigida pelo cultuado Steven Soderbergh (Terapia de Risco), que escancara a intimidade do famoso e extravagante músico Wladziu Valentino Liberace. Anunciado como último projeto na carreira de Soderbergh (conhecido por filmes como Sexo, Mentiras e Videotape, Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento, e Traffic – pelos quais foi indicado ao Oscar, e levou o prêmio pelo último), Behind the Candelabra foi considerado muito inflamatório e gay para receber investimento dos estúdios de cinema de Hollywood. Um produtor confessou ao cineasta que ninguém iria financiar ou assistir ao filme.

Então, a solução do diretor foi concordar em lançar seu novo projeto direto para a TV, produzido pelo canal a cabo HBO. Canais de TV como o citado tem sido a casa de grandes produções, geralmente mais adultas e sérias, que não encontrariam lugar no mercado americano regulado por cifras. Embora exibido nos Estados Unidos direto na TV, o novo filme de Soderbergh teve um lançamento nos cinemas de alguns países da Europa, e agora chega ao Festival do Rio. Behind the Candelabra se tornou um grande sucesso, elogiado pelos especialistas, e ainda ganhou 11 prêmios Emmy, incluindo o de melhor filme feito para a TV, e melhor ator para a performance irretocável do astro Michael Douglas como Liberace.

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Behind the Candelabra teve sua estreia durante o Festival de Cannes em maio, no qual durante a coletiva de imprensa do filme, Douglas se emocionou ao lembrar que a produção do filme sempre será especial para ele, pois ocorreu bem na época que o ator finalmente conseguiu derrotar o seu câncer. Esse é um dos grandes papéis de Douglas no cinema. É muito bom ver um veterano não acomodado em papéis de fácil acesso e desempenho. Douglas foi também a escolha certa para viver Liberace, já que na vida real, seu pai, o icônico Kirk Douglas, foi vizinho do músico. Douglas nunca esteve tão bem quanto na pele do esplendoroso e chamativo músico, que adorava brilhantes e exageros em seus figurinos.

Baseado no livro que serve como as memórias de Scott Thorson, adaptado para o cinema por Richard LaGravenese (Bem Amada, 1998), o filme abre as portas do armário para tirar o falecido músico à força lá de dentro. Não enganando quase ninguém, mesmo na época, sobre sua escolha sexual, Liberace tinha uma grande base de fãs nas mulheres que o adoravam, e acreditavam que o exímio pianista simplesmente ainda não havia encontrado a companheira certa. Um romance fictício com uma personalidade da época era inclusive mantido para todos os efeitos. O que Liberace apreciava verdadeiramente era a companhia do mesmo sexo, e Thorson foi seu mais duradouro companheiro.

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No filme, o sujeito é vivido por Matt Damon (Elysium), em uma atuação igualmente ousada e corajosa. Thorson, de origem humilde, é arrebatado pela personalidade esbanjadora de um artista que nunca passou por altos e baixos em sua carreira. Egocêntrico, em um dos melhores momentos do longa, Liberace paga um cirurgião, vivido de forma impagável por um sumido Rob Lowe (Austin Powers), para tornar seu companheiro uma cópia sua mais jovem. Levado duplamente em tons dramáticos e cômicos, Behind the Candelabra exibe a melhor forma de Soderbergh, um dos melhores diretores americanos dos últimos vinte anos.

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Sem ser extremamente popular, ou conhecido do grande público, Soderbergh tem talento o suficiente para nunca se repetir e conseguir transitar em todo tipo de gênero e narrativa. Se de fato esse for o último filme desse grande diretor, o cinema sairá perdendo. Behind the Candelabra é o tipo de cinebiografia que consegue envolver o público e o jogar dentro de sua trama, fazendo-o participar daquele mundo. Aqui tudo é de primeiro nível, desde a direção de arte, fotografia, maquiagem, e, é claro, atuações. É inclusive curioso ver um dos maiores galãs do cinema das décadas de 1980 e 1990 subvertendo-se nesse papel. Como brincou Damon em Cannes, ele agora tem algo em comum com Glenn Close, Sharon Stone e Demi Moore: já foi pra cama com Douglas.

Festival do Rio 2013: Fading Gigolo

GIGOLÔ POR ACIDENTE

Fading Gigolo, previamente intitulado Gigolô em Decadência no Brasil, chama a atenção por alguns fatores. Primeiro, por ser o primeiro filme em 13 anos a fazer uso do cultuado cineasta Woody Allen (Blue Jasmine) apenas na figura de ator, sem qualquer outro envolvimento maior com a produção. Desde Juntando os Pedaços (2000), do cineasta mexicano Alfonso Arau, que Allen aparece apenas em produções próprias. Fading Gigolo também marca por ser a quinta obra dirigida pelo veterano ator John Turturro, aprendiz e fiel colaborador de cineastas como Spike Lee e os irmãos Coen.

E para finalizar, por seu elenco de apoio, que conta com desde a veterana Sharon Stone (exibindo uma beleza atemporal) até a francesa Vanessa Paradis, ex-mulher do astro Johnny Depp, em seu primeiro filme americano. Na trama, Allen e Turturro são Murray e Fioravante, grandes amigos de décadas. Donos de negócios em uma comunidade judaica de um bairro de Nova York, a sorte da dupla não parece ir bem, quando o personagem de Allen é forçado a fechar sua loja de livros, por falta de clientes. É então, que o astuto sujeito formula um plano nefasto, sem o completo consentimento de seu amigo florista.

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O personagem de Allen menciona o desejo de sua médica, a Dr. Parker (Stone), em ter um caso sexual tórrido e sem compromisso, numa ménage à trois. Allen resolve indicar seu amigo, Turturro, o incentivando o máximo possível. O sujeito aceita, e as coisas funcionam. Logo, a dupla está faturando alto, com todo o tipo de clientela quando a notícia se espalha pelo bairro. Entre as freguesas desse gigolô está a personagem da sexy latina Sofía Vergara (da série Modern Family). No entanto, ao entrar em contado com Avigal, uma viúva judia, interpretada pela exótica e bela Paradis, as coisas começam a descarrilar.

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Escrito e dirigido por Turturro, Fading Gigolo é levado com muito bom gosto, apesar de seu tema picante. Nada ou nenhuma cena passa do ponto do agradável e tolerável, sendo o filme recomendado para todo tipo de público, dentro da sua censura. Aqui, como era de se esperar, a escatologia (mesmo verbal ou sugerida) não tem lugar. Turturro entrega uma comédia sensível, que tira grande parte de seu humor da situação improvável e absurda. A química de Turturro e Allen, que haviam trabalhado juntos brevemente em Hannah e Suas Irmãs (1986), é ótima. Realmente conseguimos acreditar que esses são amigos de uma vida toda. Em uma cena, a dupla cai no riso quando Allen questiona a potência sexual de Turturro.

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Allen exibe os trejeitos usuais de qualquer personagem em um filme seu, embora Murray seja um sujeito mais confiante, ardiloso, e sem a neurose e hipocondria que acompanham geralmente a persona do diretor. Talvez o maior defeito de Fading Gigolo seja o fato de que esse é um filme esquecível e pouco memorável. Do tipo que distrai enquanto estamos assistindo, mas que ao término da sessão não teremos muito o que discutir sobre. É uma obra correta, embora aborde um tema incorreto. Na qual todos os elementos parecem estar no lugar, mas que ao mesmo tempo falta tempero. Justamente o tempero que poderia ser trazido caso Fading Gigolo fizesse uso do roteiro de um de seus astros.