15 Minutos é um filme incomum. Ao mesmo tempo que é carregado de ação, tenta desenvolver uma história que envolve mídia, assassinos e justiça. O filme só tenta mesmo, porque depois acaba caindo naquele monte de clichês típicos de filme policial: um detetive valentão, seu “ajudande” inexperiente, assassinos bobocas, emtre outros. Mas mesmo assim consegue criar um clima de tensão e cenas angustiantes (vide a cena em que o personagem de De Niro está preso a cadeira, e aquela onde o personagem de Edward Burns tenta escapar das chamas do apartamento).
Alguns pontos favoráveis do filme: a fotografia, que pode ser meio clichê (N. York angustiante e sombria) mas que funciona muito bem; as cenas de ação, carregadas de suspense e tensão e algumas situações inesperadas, como aquela da explosão no apartamente e o personagem de Robert De Niro que ….. bom… não vou estragar a surpresa.
Pontos fracos do filme: os bandidos, que entregam todo o plano que eles montaram para não serem presos; um deles, o Emil Slovak, é tão caricato que chega a causar um riso involuntário. Ele só fica repetindo: “Eu sou insano, eu sou insano” e isso deixa o filme bobo demais; situações típicas de filme policial, como o chefe de polícia, sempre opressor e nervoso e aquele advogado corrupto, talvez o personagem mais lugar-comum do filme.
A história envolvendo a mídia e os assassinos até que funciona. O problema é que o filme tenta mostrar que tudo o que os bandidos fizeram foi devido à vontade de serem famosos e ricos. Essa situação parece ser muito corriqueira nos EUA. Que eu saiba, nunca algo desse tipo aconteceu por aqui. Um crime não se justifica apenas pela vontade de poder, mas sim por problemas sócio-econômicos, infância conturbada, entre outros. O personagem Emil Slovak chega a citar que teve uma infância difícil e um pai bêbado que o odiava. Mas o filme nunca deixa isso claro para o espectador, o roteiro não desenvolve esse ponto. Parece voltar toda a sua artilharia para a mídia, que, como sabemos, não é a única culpada de crimes como esse. Pode ser que ela seja apenas o gatilho para essa loucura toda que vemos explícita em 15 Minutos.
Mas o filme vale pelas cenas de ação e pela tentativa de iniciar uma discussão tão complicada como essa.
Sinopse: Philippe é um cientista renomado, que fez sua carreira nos EUA. De volta para a França por três meses, ele terá a oportunidade de se reaproximar com sua filha adolescente.
Uma comédia francesa para o público jovem, tendo como tema as descobertas da adolescência, com sinceridade quando o assunto é sexo e drogas. Essa descrição cabe tanto para Rindo à Toa quanto para 15 Anos e Meio (15 ans et demi). Se formos comparar os dois, a produção mais antiga sai na frente.
Sendo assim, quais motivos existem para que se assista ao novo filme? O principal deles são as paranoias que Philippe, sempre imaginando que sua filha está na pior situação possível. Nessas viagens, há boas referências a outros gêneros cinematográficos e risadas podem ser esperadas. Outro elemento nesse sentido são as conversas que o protagonista tem com seu amigo imaginário, nada menos do que Albert Einstein (apesar de falar francês).
Voltando á comparação, o conflito de geração é mais forte em 15 Anos e Meio, sendo que aqui esse é o tema central do roteiro. Além de serem de sexos diferentes, Églantine e Philippe ficaram afastados por dez anos e são forçados a viverem juntos novamente. Apesar das tentativas do pai de se aproximar da filha, ela está naquela idade difícil em que qualquer discordância pode acabar virando uma briga feia.
Muitas das piadas dessa comédia estão nas cenas em que se mostra que pais são criaturas programadas para criar situações vergonhosas para seus filhos, de forma que os amigos sempre tenham munição para zoar.
Junte essa história simpática com personagens secundários bem carismáticos e tem-se mais um exemplo de que a cinematografia francesa consegue criar obras leves, sem perder a oportunidade de passar uma mensagem positiva.
Mas um filme de terror chega as telas, pelas propagandas parecia ser um excelente filme de terror, diga-se. Logo de inicio somos apresentados a um dos fantasmas em uma boa cena que nos deixa com ótimas impressões do que nos espera… um grande fantasma foi capturado!
Como isso é possível ou melhor ainda, para quê? Bem, um “cientista” Cyrus, criou uma casa espetacular e com sua morte, seus parentes ganham o tal lugar, e junto com o advogado somos levados para conhecer sua nova moradia. Assim, junto com Arthur e sua familia, cada um de nós também é inocentemente levado para dentro da casa, e assim como eles também ficamos encantados com o lugar.
A casa, que aos poucos vai mostrando todo o seu mistério e nos deixando cada vez mais intrigados como o seu verdadeiro objetivo, já que de tempos em tempos ela muda suas paredes de lugar, abrindo e fechando aposentos, fora o fato de ser toda de vidro e com escrituras estranhas… chega a quase a ser um personagem coadjuvante.
Mas, tudo bem, vamos falar dos fantasmas, eles lógico são assustadores, tem bons efeitos, mas nem todos são tão interessantes… alguns estão lá apenas para “o objetivo final” mas não chegam nem perto dos moradores (vivos) da casa, outros apenas com um olhar já sabemos que bem, é melhor sair correndo… O filme faz o estilo do antigo terror, com uma boa dose de sustos, é fácil dá alguns gritos, mostrando claramente seus “monstros”. Se você está apenas querendo uma boa diversão sem muito compromisso e dar alguns gritos, então corra para o cinema..
O que fazer para provar um fato que ocorreu com você e que ninguém acredita? Dirigido pelo pernambucano Heitor Dhalia, “12 Horas”, é um suspense que narra a saga de Jill (papel de Amanda Seyfried), personagem assustada (com um pé na paranoia) que luta Jiu-Jitsu e anda armada por conta de um passado traumático que envolve um serial killer que nunca foi descoberto.
O roteiro é bastante desarmônico e os diálogos muito esquisitos, em alguns momentos tensos você chega até a rir do que é dito por alguns personagens, é uma sensação estranha.
Na trama, conhecemos duas irmãs (Molly e Jill) que vivem em uma casa repleta de trancas. Uma delas é viciada em estudo (Molly), a outra é garçonete em um bar na cidade e no passado fora presa por um sequestrador num buraco (literalmente falando), sendo alimentada com comida de gato. Quando Molly desaparece, Jill está convencida de que o serial killer que a raptou há alguns anos voltou à cidade e assim ela se prepara para capturar seu sequestrador, contando mentiras e mais mentiras para conseguir informações que a coloquem na trilha do criminoso.
O início é caracterizado por um belo climão tenso, imposto pelas imagens, ações dos personagens e música características de um filme do gênero thriller, méritos para Dhalia. Mas, conforme a fita anda, somos levados para um jogo (que parece a princípio ser psicológico) de gato e rato onde as peças demoram para se encaixar. O papel dos coadjuvantes poderia ser um bom fio condutor dessa história, porém, são muito mal aproveitados. Peter Hood (Wes Bentley) e Sharon Ames (Jennifer Carpenter), por exemplo, pouco adicionam ao longa e poderiam facilmente contribuir muito mais. Amanda Seyfried tem atuação esforçada, tenta passar para a personagem toda a aflição de uma mente perturbada, não é um mal trabalho da artista de 26 anos que ficou conhecida no Brasil por seu trabalho em “Mamma Mia!”.
O que incomoda muito na fita é o fato de todo mundo que aparece na frente da personagem principal possuir memória de elefante, enchendo a jovem de informações certeiras. Se ela fosse malandra perguntava logo os números sorteados do próximo sorteio da mega sena.
Mesmo com alguns pontos sem nó, muita gente pode gostar desse suspense que tem uma mão brasileira no comando.
Filmes datados geralmente se destinam somente à sua semana de estreia, sendo esquecidos rapidamente após a “profecia” não se cumprir.
Exemplo disso foi o remake de ‘A Profecia‘, clássico de horror de 1976, que aproveitou a cabalística data 6/06/06 para ganhar uma refilmagem mediana.
A estreia foi há seis anos, e o terror caiu no esquecimento semanas após seu lançamento.
Mesmo destino terá este ‘11-11-11‘, cuja interessante premissa não faz jus ao material final.
Depois da trágica morte de sua esposa e filho, o famoso autor norte-americano Joseph Crone viaja dos Estados Unidos para Barcelona, para se reunir com seu irmão e seu pai no leito de morte, Richard. No entanto, o destino tem um plano diferente para Joseph. Ele começa a perceber acontecimentos estranhos e aparições constantes do número 11, o que rapidamente se transforma em obsessão. Isolado em um país estrangeiro, Sadie, Joseph logo percebe que 11/11/11 é mais do que apenas uma data, é um aviso!
Apesar da interessante trama, o terror se perde em sua própria história, acumulando sustos bobos e fáceis até o seu desfecho, que estraga por completo a ideia inicial.
A direção deDarren Lynn Bousman, o mesmo de ‘Jogos Mortais 2, 3 e 4‘, não decepciona, mas não é ajudada pelo roteiro bobo e cheio de furos.
‘11-11-11‘ é para ser assistindo em comemoração à esquisita data, vai render alguns sustos, mas terá caído no esquecimento até o fim do ano vigente.
Sinopse: 9 é um boneco de retalho que acorda em um mundo arrasado. Ele conhece outros semelhantes e descobre que eles são caçados por uma máquina.
Antes de qualquer ponderação acerca de 9 – A Salvação (9), eu convido o leitor a olhar o cartaz do filme. Você realmente acredita que essa produção é voltada para o público infantil? Por ser uma pessoa inteligente, a resposta foi negativa. Pois bem, sua missão é impedir que qualquer pessoa sem-noção leve crianças para o cinema, evitando traumas ao assisir o teor um tanto pessimista desse enredo. Feito isso, a segunda parte da tarefa é convencer todos seus amigos que gostam de boas histórias para ver essa maravilhosa animação.
Para que esse mundo distópico chegasse ao cinema, o diretor Shane Acker produziu um curta-metragem com esse personagem. Quem quiser assistir no Youtube (cuidado, pois há spoilers gravíssimos) poderá perceber que o básico já estava pronto: o visual sombrio e o conflito central. Assistindo aos 10 minutos dessa produção, Tim Burton (Sweeney Todd) ficou empolgado e resolveu ajudar na realização do longa-metragem.
O roteiro então foi muito mais desenvolvido por Pamela Pettler (Casa Monstro) e algumas questões interessantíssimas desse universo foram inseridas no enredo, a começar pelo misticismo covarde de 1, passando pelos instigantes gêmeos mudos 3 e 4, e outros detalhes que não revelarei para manter a surpresa.
O elenco de vozes é grandioso, mas merece destaque o normalmente cômico John C. Reilly (Quase Irmãos) em um papel mais dramático. Não é de hoje que atores prontamente associados à comédia não conseguem fugir do gênero e são condenados a apenas trabalhar nesse tipo de filmes. Quando se aventuram em outras vertentes, o resultado é esquisito – vide o exemplo de John Cleese em O Dia em que a Terra Parou. Como seu rosto não é mostrado e sua voz não é exatamente marcante, Reilly encontrou uma saída inteligente para mostrar outras habilidades dramáticas.
Se ainda não estiver convencido a assistir a 9, veja o trailer.
Existem poucas pessoas que conseguem dominar todas as faces do entretenimento.
Jennifer Lopez canta, dança e seus filmes são sucesso de bilheteria. Mariah Carey, no entanto, deveria só continuar cantando.
Já Eminem, um dos rappers mais bem sucedidos dos EUA, resolveu entrar na mesma onda, iniciando sua carreira cinematográfica com um filme, digamos, autobiográfico.
E não é que o sujeito acertou em cheio? Além de um ótimo roteiro e elenco, o ator principal, o próprio Eminem, dá um show de interpretação no papel de Rabbit, um rapper excepcional que, para a surpresa de muitos, tem medo de multidões e vive uma vida muito perturbada.
Para piorar, ele namora uma garota que não sabe o que quer da vida (Brittany Murphy), e sua mãe (Kim Basinger) está tendo um caso com um antigo amigo da escola (e muito mais novo que ela).
Todos sabem como o Rapper fala mal de sua mãe nas suas músicas. Assistindo o filme eu percebi claramente o porquê. Mas a história se concentra nas chamadas “batalhas”, onde um rapper disputa frente a frente com um outro pra ver quem e o melhor – e essas, sem duvida, são as melhores cenas do filme.
O diretor Curtis Hanson soube dosar o drama e a música na medida certa, com uma pitada de humor. Mesmo que você não tenha a menor idéia de quem seja Eminem, 8 Mile é um drama urbano excepcional.
Nos EUA, as salas de cinema foram divididas entre os jovens – e fãs do rapper – e um público mais maduro, a fim de curtir uma história bem contada com atores que sabiam o que estavam fazendo.
Afinal, como Madonna – uma outra cantora que se aventurou em filmes – já cantou : “Music makes the people come together” ( “A musica traz as pessoas mais juntas”).
Notícias sobre o vigésimo segundo filme da franquia James Bond diziam que este é o filme mais curto de toda a série. Pensei que não ia me contentar com apenas 106 minutos de James Bond, ainda mais depois do superior Cassino Royale e seus 144 minutos.
Os rápidos 106 minutos de pura correria vertiginosa, perseguições nas mais variadas formas possíveis chegam a ser entediante. Martin Campbell está de fora da direção e quem assume dessa vez é o alemão Marc Forster (Caçador de Pipas).
O filme começa exatamente onde 007 – Cassino Royale parou, na Itália, e percorre quase o mundo inteiro, passando pela Bolívia, Haiti, Rússia, Áustria e Inglaterra. Em busca da verdade a qualquer custo, Bond acaba caindo no meio de uma intriga da organização Quantum, na qual seus vilões são eco-especuladores em busca do controle de recursos naturais do planeta.
Na tentativa de seguir a mesma linha realista de Royale, o filme simplesmente não funciona como deveria. Somos apresentados ao mesmo Bond em começo de carreira, despreparado e agindo por impulso atrás de sua vingança pessoal pela morte de Vésper. Por onde Bond passa é deixado um enorme rastro de sangue, fazendo o uso inescrupuloso de sua licença para matar.
No meio do caminho Bond se depara com Camille (Olga Kurylenko), nossa bond girl em perigo, que também está numa cruzada em busca da vingança pelas marcas deixadas por um ditador boliviano.
Bond está mais agressivo e impetuoso, seja atirando em alguém, dirigindo seu Aston Martin (que é logo destruído em minutos na seqüência inicial), pilotando um avião e derrubando helicópteros, ou navegando um barco e destruindo tudo à sua volta. O filme não funciona talvez por isso! James está sempre envolvido em alguma perseguição, seja em terra, água ou ar, o que acaba tornando o filme repetitivo e enfadonho.
Alguns elementos da franquia Bond são trazidos de volta para o filme, como a vinheta inicial do filme com as silhuetas femininas, e as deliciosas agentes que sempre morrem. Strawberry Fields interpretada por Gemma Artenton, é a vítima da vez de James nesse filme. O charme galanteador do agente que acaba levando a “inocente” mulher para cama e por fim, sua trágica morte.
Mas em meio a tudo que acontece de errado no filme, uma seqüência chamou minha atenção: a muito bem editada cena no teatro austríaco é surpreendente, mesclando as cenas do espetáculo teatral e o tiroteio de Bond. Essa cena, no meu ponto de vista, foi a melhor do filme.
Talvez Bond precise sempre repetir a clássica frase “Bond, James Bond” a fim de reafirmar sua identidade no filme, porque se não fosse “M” (Judi Dench) repetindo o nome do agente, eu poderia jurar que estava assistindo mais um filme da franquia Jason Bourne.
Famoso por seus papéis no teatro londrino e em filmes como Munique e Nem Tudo é o que Parece, o ator inglês Daniel Craig conseguiu injetar novas características a um dos mais conhecidos personagens do cinema. Craig é um dos melhores atores a interpretar James Bond. Moderno, ele corre, luta, sangra, executa suas tarefas como um verdadeiro agente secreto e atua. Ele prova estar a altura do personagem, principalmente, em suas cenas de ação.
Em 007 Cassino Royale, Bond é um agente recém-promovido ao nível de 00. Arrogante, jovem, em plena forma física e disposto a não seguir as regras.
Em 007 Quantum of Solace (Quantum of Solace EUA/2008 Aventura/Ação 108 min.), Daniel Craig reprisa o papel, agora como um agente com sede de vingança. Os primeiros minutos, desta segunda aventura, já começam com uma perseguição de carros em uma tortuosa estrada com curvas e túneis estreitos, a margem do Lago Garda, no norte da Itália. Na verdade, Quantum of Solace é a continuação dos acontecimentos das últimas cenas de Cassino Royale.
Por isso, na cena seguinte, encontramos o Sr. White (Jesper Christensen), ainda ferido após Bond o ter alvejado no joelho. Interrogado por Bond e M (Judi Dench), ele revela que a organização que chantageou Vesper é mais complexa e perigosa do que eles pensam.
Após a MI6 detectar um traidor na corporação, Bond viaja para o Haiti onde conhece Camille (Olga Kurylenko), uma mulher que está disposta a realizar sua própria vingança. Camille leva Bond diretamente a Dominic Greene (Mathieu Amalric), um empresário corrupto que usa sua empresa como fachada para comprar terras pelo planeta e explorar sua riqueza. A nova missão o leva para a Áustria, Itália e à América do Sul. Mas com o governo britânico e a CIA trabalhando contra ele, Bond precisa descobrir logo a verdade, e assim, destruir a Quantum.
Dirigido por Marc Forster, o novo filme do agente traz grandes cenas de ação – Bond luta, pilota barco, moto, avião e salta de pára-quedas – que se passam por muitas e belas locação. O deserto de Atacama, no norte do Chile, é um cenário grandioso. Digno dos filmes do agente.
A superprodução da Sony Pictures/MGM tem estreia marcada para dia 7 de novembro.
Desde que entrou na franquia, Daniel Craig representou a face da modernidade para James Bond. A face do realismo e da seriedade. Isso significou histórias com um tom crível, e uma trama que poderia de fato estar ocorrendo em algum lugar do mundo, e não algo saído de uma história em quadrinhos.
Com “Cassino Royale” (2006) o que foi orquestrado pelos produtores foi uma espécie de reinício para a franquia nos moldes de “Batman Begins” (que será sempre citado como exemplo eficiente de um reboot), cuja estreia aconteceu no ano anterior. Esses eram os primeiros passos de James Bond com o status de agente 00, tudo com base no primeiro livro escrito por Ian Fleming sobre o personagem. “Cassino Royale”, que tinha o dedo do ótimo Paul Haggis (“Menina de Ouro” e “Crash – No Limite”) no roteiro, e a direção do eficiente Martin Campbell, viria a se tornar um dos melhores e mais prestigiados filmes de 007 de toda a série, subvertendo tudo o que conhecíamos sobre o universo de Bond, e engajando num novo caminho para a franquia.
Após uma grande decepção dois anos depois com “Quantum of Solace” (apenas um exercício técnico de efeitos e cenas de ação), e um hiato de quatro anos, Daniel Craig volta aos cinemas na pele do agente secreto mais famoso do mundo em “007 – Operação Skyfall”. E o que todo mundo quer saber é: Onde se encaixaria num ranking esse terceiro filme com Craig no papel? Bom, é seguro dizer que embora “Skyfall” consiga superar “Quantum of Solace” no gosto dos fãs, dificilmente irá tirar o posto de “Cassino Royale” não só como o melhor filme da era Craig mas também como um dos melhores toda a série. A história aqui começa com a típica cena de ação pré-créditos, numa perseguição que em parte lembra a caçada frenética por um homem em “Cassino Royale”, realizada com menos adrenalina. Essa, aliás, é uma das cenas pré-créditos mais longas de toda a franquia. Logo após um erro realizado pela agência MI6, Bond sai de cena e é dado como morto. Daí temos a costumeira abertura de créditos com a bela música da cantora Adele (que substituiu Amy Winehouse, planejada originalmente), e um design criativo que incluiu a cena do filme que acabou de ocorrer em suas imagens.
Bond retorna devido a um atentado, onde uma bomba explode parte do prédio do MI6, mesmo sem ser requisitado. O que acontece a seguir é uma caça ao terrorista responsável, o que leva o espião a Xangai e logo após para uma ilha particular ao encontro da melhor coisa em “Operação Skyfall”, o vilão Silva – interpretado com empenho pelo ótimo vencedor do Oscar, Javier Bardem. Único em toda a série devido a suas características peculiares, o vilão de Bardem sem dúvidas marca não só a era Craig como o melhor antagonista, mas também a franquia, e consegue arrancar risadas histéricas da plateia em sua primeira interação com o rival protagonista, numa cena com forte teor homoerótico (a melhor cena do filme). Por vezes se deixando levar pelo exagero em seu chamativo personagem, Bardem consegue o equilíbrio entre o humor e a seriedade ameaçadora na pele de um renegado em busca de vingança. E esse é um dos elementos diferenciais (e para alguns, decepcionante) no novo filme do 007.
A trama é basicamente uma busca por vingança da parte de seu vilão, sem os grandes temas que fazem parte da maioria dos filmes (megalomania dos inimigos em planos como financiamentos criminosos ou busca por petróleo, que marcaram os dois últimos filmes). Outro fator determinante aqui é que “Operação Skyfall” é um filme de James Bondsem ação. Algo inconcebível para a franquia até então. Muito se reclamou que “Quantum of Solace” foi apenas uma amontoado de cenas frenéticas de ação, onde não tínhamos tempo para respirar ou para o desenvolvimento de seus personagens. Com “Skyfall” acontece o extremo contrário, e com 143 minutos de projeção ganhamos somente uma cena de ação memorável (ou nem isso sequer), logo na cena pré-créditos. O diretor Sam Mendes sem dúvidas aceitou participar do projeto para deixar sua marca na série, e não apenas para realizar mais um filme padronizado. Justamente por isso “Skyfall” peca em suas cenas de adrenalina, já que essa não é a especialidade do diretor.
O clímax, por exemplo, consegue ser totalmente anticlimático em seu confronto com o vilão. Seja como for, o novo filme consegue manter James Bond fincado em nosso mundo, como foi planejado desde a entrada de Craig na série, mesmo com a adição de Q (Ben Winshaw), o armeiro do agente e criador das diversas bugigangas tecnológicas, e de elementos familiares dos filmes anteriores. Aqui, ganhamos diversas referências a toda franquia, sejam aos filmes clássicos de Sean Connery, ou até mesmo aos da era fanfarrona de Roger Moore. Naomie Harris como a bondgirl boa, de identidade misteriosa, tem pouco tempo em cena, e a estonteante modelo francesa Bérénice Marlohe interpreta a típica bondgirl aliada do vilão, que sabemos que terá um destino cruel. Um toque interessante para os fãs da franquia é que “Skyfall” parece interligar de forma criativa e original essa espécie de trilogia da era Craig aos primeiros filmes lá de 1962, da era Connery, se é que tal paradoxo temporal é possível.