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007 – Quantum of Solace

 

Notícias sobre o vigésimo segundo filme da franquia James Bond diziam que este é o filme mais curto de toda a série. Pensei que não ia me contentar com apenas 106 minutos de James Bond, ainda mais depois do superior Cassino Royale e seus 144 minutos.

Os rápidos 106 minutos de pura correria vertiginosa, perseguições nas mais variadas formas possíveis chegam a ser entediante. Martin Campbell está de fora da direção e quem assume dessa vez é o alemão Marc Forster (Caçador de Pipas).

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O filme começa exatamente onde 007 – Cassino Royale parou, na Itália, e percorre quase o mundo inteiro, passando pela Bolívia, Haiti, Rússia, Áustria e Inglaterra. Em busca da verdade a qualquer custo, Bond acaba caindo no meio de uma intriga da organização Quantum, na qual seus vilões são eco-especuladores em busca do controle de recursos naturais do planeta.

Na tentativa de seguir a mesma linha realista de Royale, o filme simplesmente não funciona como deveria. Somos apresentados ao mesmo Bond em começo de carreira, despreparado e agindo por impulso atrás de sua vingança pessoal pela morte de Vésper. Por onde Bond passa é deixado um enorme rastro de sangue, fazendo o uso inescrupuloso de sua licença para matar.

No meio do caminho Bond se depara com Camille (Olga Kurylenko), nossa bond girl em perigo, que também está numa cruzada em busca da vingança pelas marcas deixadas por um ditador boliviano.

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Bond está mais agressivo e impetuoso, seja atirando em alguém, dirigindo seu Aston Martin (que é logo destruído em minutos na seqüência inicial), pilotando um avião e derrubando helicópteros, ou navegando um barco e destruindo tudo à sua volta. O filme não funciona talvez por isso! James está sempre envolvido em alguma perseguição, seja em terra, água ou ar, o que acaba tornando o filme repetitivo e enfadonho.

Alguns elementos da franquia Bond são trazidos de volta para o filme, como a vinheta inicial do filme com as silhuetas femininas, e as deliciosas agentes que sempre morrem. Strawberry Fields interpretada por Gemma Artenton, é a vítima da vez de James nesse filme. O charme galanteador do agente que acaba levando a “inocente” mulher para cama e por fim, sua trágica morte.

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Mas em meio a tudo que acontece de errado no filme, uma seqüência chamou minha atenção: a muito bem editada cena no teatro austríaco é surpreendente, mesclando as cenas do espetáculo teatral e o tiroteio de Bond. Essa cena, no meu ponto de vista, foi a melhor do filme.

Talvez Bond precise sempre repetir a clássica frase “Bond, James Bond” a fim de reafirmar sua identidade no filme, porque se não fosse “M” (Judi Dench) repetindo o nome do agente, eu poderia jurar que estava assistindo mais um filme da franquia Jason Bourne.


Crítica por:
Caio Cavalcanti

 

 

007 – Quantum of Solace

 

Famoso por seus papéis no teatro londrino e em filmes como Munique e Nem Tudo é o que Parece, o ator inglês Daniel Craig conseguiu injetar novas características a um dos mais conhecidos personagens do cinema. Craig é um dos melhores atores a interpretar James Bond. Moderno, ele corre, luta, sangra, executa suas tarefas como um verdadeiro agente secreto e atua. Ele prova estar a altura do personagem, principalmente, em suas cenas de ação.

 

Em 007 Cassino Royale, Bond é um agente recém-promovido ao nível de 00. Arrogante, jovem, em plena forma física e disposto a não seguir as regras.

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Em 007 Quantum of Solace (Quantum of Solace – EUA/2008 – Aventura/Ação – 108 min.), Daniel Craig reprisa o papel, agora como um agente com sede de vingança. Os primeiros minutos, desta segunda aventura, já começam com uma perseguição de carros em uma tortuosa estrada com curvas e túneis estreitos, a margem do Lago Garda, no norte da Itália. Na verdade, ‘Quantum of Solace’ é a continuação dos acontecimentos das últimas cenas de ‘Cassino Royale’.

 

Por isso, na cena seguinte, encontramos o Sr. White (Jesper Christensen), ainda ferido após Bond o ter alvejado no joelho. Interrogado por Bond e ‘M’ (Judi Dench), ele revela que a organização que chantageou Vesper é mais complexa e perigosa do que eles pensam.

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Após a MI6 detectar um traidor na corporação, Bond viaja para o Haiti onde conhece Camille (Olga Kurylenko), uma mulher que está disposta a realizar sua própria vingança. Camille leva Bond diretamente a Dominic Greene (Mathieu Amalric), um empresário corrupto que usa sua empresa como fachada para comprar terras pelo planeta e explorar sua riqueza. A nova missão o leva para a Áustria, Itália e à América do Sul. Mas com o governo britânico e a CIA trabalhando contra ele, Bond precisa descobrir logo a verdade, e assim, destruir a Quantum.

 

Dirigido por Marc Forster, o novo filme do agente traz grandes cenas de ação – Bond luta, pilota barco, moto, avião e salta de pára-quedas – que se passam por muitas e belas locação. O deserto de Atacama, no norte do Chile, é um cenário grandioso. Digno dos filmes do agente.

 

A superprodução da Sony Pictures/MGM tem estreia marcada para dia 7 de novembro.

 


Crítica por:
Viviane França

 

 

007 – Operação Skyfall

 

Desde que entrou na franquia, Daniel Craig representou a face da modernidade para James Bond. A face do realismo e da seriedade. Isso significou histórias com um tom crível, e uma trama que poderia de fato estar ocorrendo em algum lugar do mundo, e não algo saído de uma história em quadrinhos.
Com “Cassino Royale” (2006) o que foi orquestrado pelos produtores foi uma espécie de reinício para a franquia nos moldes de “Batman Begins” (que será sempre citado como exemplo eficiente de um reboot), cuja estreia aconteceu no ano anterior. Esses eram os primeiros passos de James Bond com o status de agente 00, tudo com base no primeiro livro escrito por Ian Fleming sobre o personagem. “Cassino Royale”, que tinha o dedo do ótimo Paul Haggis (“Menina de Ouro” e “Crash – No Limite”) no roteiro, e a direção do eficiente Martin Campbell, viria a se tornar um dos melhores e mais prestigiados filmes de 007 de toda a série, subvertendo tudo o que conhecíamos sobre o universo de Bond, e engajando num novo caminho para a franquia.

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Após uma grande decepção dois anos depois com “Quantum of Solace” (apenas um exercício técnico de efeitos e cenas de ação), e um hiato de quatro anos, Daniel Craig volta aos cinemas na pele do agente secreto mais famoso do mundo em “007 – Operação Skyfall”. E o que todo mundo quer saber é: Onde se encaixaria num ranking esse terceiro filme com Craig no papel? Bom, é seguro dizer que embora “Skyfall” consiga superar “Quantum of Solace” no gosto dos fãs, dificilmente irá tirar o posto de “Cassino Royale” não só como o melhor filme da era Craig mas também como um dos melhores toda a série. A história aqui começa com a típica cena de ação pré-créditos, numa perseguição que em parte lembra a caçada frenética por um homem em “Cassino Royale”, realizada com menos adrenalina. Essa, aliás, é uma das cenas pré-créditos mais longas de toda a franquia. Logo após um erro realizado pela agência MI6, Bond sai de cena e é dado como morto. Daí temos a costumeira abertura de créditos com a bela música da cantora Adele (que substituiu Amy Winehouse, planejada originalmente), e um design criativo que incluiu a cena do filme que acabou de ocorrer em suas imagens.

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Bond retorna devido a um atentado, onde uma bomba explode parte do prédio do MI6, mesmo sem ser requisitado. O que acontece a seguir é uma caça ao terrorista responsável, o que leva o espião a Xangai e logo após para uma ilha particular ao encontro da melhor coisa em “Operação Skyfall”, o vilão Silva – interpretado com empenho pelo ótimo vencedor do Oscar, Javier Bardem. Único em toda a série devido a suas características peculiares, o vilão de Bardem sem dúvidas marca não só a era Craig como o melhor antagonista, mas também a franquia, e consegue arrancar risadas histéricas da plateia em sua primeira interação com o rival protagonista, numa cena com forte teor homoerótico (a melhor cena do filme). Por vezes se deixando levar pelo exagero em seu chamativo personagem, Bardem consegue o equilíbrio entre o humor e a seriedade ameaçadora na pele de um renegado em busca de vingança. E esse é um dos elementos diferenciais (e para alguns, decepcionante) no novo filme do 007.

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A trama é basicamente uma busca por vingança da parte de seu vilão, sem os grandes temas que fazem parte da maioria dos filmes (megalomania dos inimigos em planos como financiamentos criminosos ou busca por petróleo, que marcaram os dois últimos filmes). Outro fator determinante aqui é que “Operação Skyfall” é um filme de James Bond sem ação. Algo inconcebível para a franquia até então. Muito se reclamou que “Quantum of Solace” foi apenas uma amontoado de cenas frenéticas de ação, onde não tínhamos tempo para respirar ou para o desenvolvimento de seus personagens. Com “Skyfall” acontece o extremo contrário, e com 143 minutos de projeção ganhamos somente uma cena de ação memorável (ou nem isso sequer), logo na cena pré-créditos. O diretor Sam Mendes sem dúvidas aceitou participar do projeto para deixar sua marca na série, e não apenas para realizar mais um filme padronizado. Justamente por isso “Skyfall” peca em suas cenas de adrenalina, já que essa não é a especialidade do diretor.

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O clímax, por exemplo, consegue ser totalmente anticlimático em seu confronto com o vilão. Seja como for, o novo filme consegue manter James Bond fincado em nosso mundo, como foi planejado desde a entrada de Craig na série, mesmo com a adição de Q (Ben Winshaw), o armeiro do agente e criador das diversas bugigangas tecnológicas, e de elementos familiares dos filmes anteriores. Aqui, ganhamos diversas referências a toda franquia, sejam aos filmes clássicos de Sean Connery, ou até mesmo aos da era fanfarrona de Roger Moore. Naomie Harris como a bondgirl boa, de identidade misteriosa, tem pouco tempo em cena, e a estonteante modelo francesa Bérénice Marlohe interpreta a típica bondgirl aliada do vilão, que sabemos que terá um destino cruel. Um toque interessante para os fãs da franquia é que “Skyfall” parece interligar de forma criativa e original essa espécie de trilogia da era Craig aos primeiros filmes lá de 1962, da era Connery, se é que tal paradoxo temporal é possível.

 


Crítica por:
Pablo Bazarello (Blog)

 

 

007 – Operação Skyfall

 

Somos o que somos. Com uma abertura magnífica cheia de imagens psicodélicas que parecem respirar metáforas existenciais do famoso personagem título, “007 – Operação Skyfall” gera altas expectativas antes mesmo do filme começar.

É adrenalina do começo ao fim, perseguições automobilísticas, cenas espetaculares, resumindo: um prato cheio para quem gosta de filmes de espionagem! Com a missão de tornar esse novo filme um dos melhores da franquia, Sam Mendes foi escalado para comandar a festa, fato que acontece, com louvor!

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Na trama, acompanhamos logo no início uma missão que não dá certo e onde ‘M’ precisa tomar uma decisão que influencia sua lealdade perante à Bond. Mas quando um passado escondido da chefe da agência vem à tona, o agente 007 precisa se entender com ‘M’ e combater um vilão excêntrico, especialista em computação. Com várias cenas marcantes, tobogãs em escada rolante e uma trilha muito boa assinada pelo craque Thomas Newman, “007 – Operação Skyfall” tem um dos desfechos mais marcantes da história do agente secreto inglês.

Panela velha é quem faz comida boa? A reciclagem na sua profissão dá um olá ao admirável novo mundo. James Bond é um homem que gosta de fazer as coisas pelo modo antigo, mas será que seu tempo não passou? O Highlander britânico, quando forçado a resgatar suas memórias, percebe que precisa se atualizar – mas sempre com charme e elegância, seduzindo lindas mulheres, portando as mais específicas armas e com seu velho rádio de transmissão. Bond volta mais forte, pronto para enfrentar um sarcástico vilão que também esconde um passado.

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Não há muitas novidades nas bases que sustentam a trama. A maneira eletrizante e marcante que se apresentam os fatos é que faz a diferença. O filme empolga, é uma volta às origens com muita elegância e inteligência. O clima de suspense insiste em não fugir da telona, o Dom Juan do mundo da espionagem usa e abusa dos seus truques, agora ajudado por um novo e inteligente ‘Q’. Voltar ao passado faz bem, até mesmo para um certo Highlander da terra da rainha.

Em uma Londres chuvosa, com desfiles nostálgicos de modelos de carros clássicos, esse novo filme 007, como sempre (ao longo da franquia que completa 50 anos), conta com um elenco repleto de atores britânicos. Mais uma vez na pele do protagonista, criado por Ian Fleming, Daniel Craig a cada filme que passa fica mais confortável na pele de James Bond, mais uma boa atuação do bom ator. O peixe grande Albert Finney se encaixa muito bem na história, sendo um elo com o passado escondido de Bond. Ralph Fiennes, não entrando em muitos detalhes que podem gerar spoilers, é uma grande aquisição para a franquia. Judi Dench, sempre fantástica, faz a famosa ‘M.’ e tem papel importante nesse novo filme do agente secreto mais famoso do cinema. Mas quem rouba a cena não é um inglês. Sempre com uma entrada dramática, às vezes sarcástico, às vezes misterioso, Javier Bardem faz mais um vilão de maneira espetacular. Bravo! Um dos grandes atores de sua geração, sem dúvidas!

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007 – Operação Skyfall” estreia dia 26 de outubro em muitas salas por todo o Brasil. Você merece conferir esse filmaço! Bem perto da nota 10!

 

 


Crítica por:
Raphael Camacho (Blog)

 

 

007 – Cassino Royale

 

 

A canção de abertura da nova aventura de 007 Cassino Royale, interpretada pelo líder da banda Audioslave, Chris Cornell, é apenas um detalhe neste filme repleto de ação, agora repaginado por um novo ator britânico, que durante meses foi implacavelmente perseguido pelos fãs e pela imprensa.

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Adaptado do primeiro livro de Ian Fleming com o espião inglês, 007 Cassino Royale, James Bond (Daniel Craig) é um agente recém-promovido ao nível de 00. Arrogante, jovem, em plena forma e disposto a não seguir as regras, ele é convocado pelo MI6 para participar de um milionário jogo de pôquer em Montenegro, onde Le Chiffre (Mads Mikkelsen), um investidor que trabalha com o dinheiro de terroristas internacionais, estará jogando. Para entrar na jogada, Bond conta com a ajuda do Tesouro Inglês que designa sua bela e inteligente agente Vesper Lynd (Eva Green). A ela caberá avaliar e aprovar a liberação da verba para a execução da missão.

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Mas porquê tanta revolta com a escolha do novo James Bond? Desde que foi escalado para viver o agente mais famoso do mundo do cinema, muitas mentiras e fofocas sobre o ator foram ditas. Sem o charme de seus antecessores – Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timonthy Dalton e Pierce Brosnan – Craig precisou dedicar-se mais ao papel e provar que era capaz de interpretá-lo. Com o lançamento de Cassino Royale, muitas vozes irão se silenciar. Craig pode não ter algumas das qualidades que foram exigidas por muitas décadas, para vivenciar o agente, mas conseguiu uma grande proeza: dar novo fôlego a uma série que começava, nas palavras do diretor Martin Campbell, a ficar ridícula.

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Famoso por seus papéis no teatro londrino e em filmes como Munique e Nem Tudo é o que Parece, este ator inglês conseguiu injetar novas características ao personagem. É um dos melhores atores a interpretar James Bond. Moderno, ele corre, luta, sangra e executa suas tarefas como um verdadeiro agente secreto. E Craig prova estar a altura do personagem, principalmente, em suas cenas de ação. Os primeiros minutos, uma perseguição a pé atrás do terrorista Mollaka (Sebastien Foucan) é arrepiante, digna de um filme de James Bond.

Nota: estrela estrela estrela estrela

Crítica por: Viviane França

 

 

007 – Um Novo dia Para Morrer

 

“Uma relíquia da Guerra Fria”. Num dos últimos filmes do agente James Bond para os cinemas, é desta maneira que a personagem M (interpretada por Judi Dench) define o célebre personagem criado por Ian Fleming e levado às telas pela primeira vez na década de 60. Nascido na época em que o mundo se dividia entre capitalistas (mocinhos) e comunistas (bandidos), os filmes de Bond ainda se situam nesta época, mesmo depois da queda de vários símbolos do comunismo e da hegemonia quase total do capitalismo via globalização.

Tal fato, obviamente, não pode ser considerado um erro ou um defeito da cinessérie. James Bond basicamente é e sempre foi calcado nisso: na defesa do ocidente contra as idéias mirabolantes de algum vilão vermelho e/ou oriental. Mudar essa característica agora descaraterizaria completamente o personagem.

Apesar disso, incomoda (mais pela atual situação política mundial do que pela inserção no filme) o fato de “Um Novo Dia Para Morrer” ter um vilão de origem norte-coerana. Casualidade do destino ou não, em meio à uma perigosa e delicada crise diplomática como essa, a Coréia do Norte certamente seria o país menos indicado a se tornar lar de algum vilão “bondiano”. Mas, dos males deste novo filme, este (acreditem) é o menor.

“Um Novo Dia Para Morrer” é extremamente irritante, chato e confuso. Exagerado, barulhento, mal dirigido, repleto de diálogos terríveis e humor falho, a nova aventura de James Bond decepciona (bastante) aqueles que esperavam por um retorno às divertidas e interessantes tramas das décadas de 60 e 70, simplesmente porque a trama aqui inexiste. O roteiro, como nos filmes de ação mais capengas de Hollywood, é pretexto para se explodir carros e prédios.

A história do filme (que se adequa perfeitamente ao molde dos outros filmes, ou seja: não tem nada de original) é um verdadeiro emaranhado de clichês, personagens inúteis, locações imbecis e nada necessárias e muita bobagem saída das bocas de Pierce Brosnan (Bond) e Halle Berry (Jinx, a principal bondgirl dessa nova produção).

Bond começa aprisionado e torturado na Coréia do Norte, após uma fracassada missão. Depois de vários meses preso, ele é trocado por um terrorista coreano chamado Zao (Rick Yune). Voltando à Inglaterra, 007 tem sua licença para matar revogada e precisa se virar para se vingar e resolver a intriga que deixou em aberto ao ser trancafiado.

Na trilha para resolver o mistério, Bond se depara com um novo-milionário de nome Gustav Graves (vivido por Toby Stephens) que fez fortuna ao descobrir diamantes em algumas minas do globo. Depois de uma investigação em Cuba (onde as pessoas vivem dançando pelas ruas, como num episódio de Os Simpsons), Bond começa a colocar o nome de Graves em jogo, suspeitando que o milionário possa estar envolvido num plano mirabolante que jogará o mundo em guerra (e que ainda envolve troca de identidades, raios solares, satélites ultra-poderosos, palácios de gelo que derretem e uma guerra entre as Coréias). Ele ainda conta com a ajuda de Jinx (Halle Berry), uma agente americana que também está no rastro de Graves, e com o auxílio de Miranda Frost (Rosamund Pike), instrutora de esgrima do excêntrico milionário.

Quase nada fica claro nessa imensa confusão criada pelos roteiristas. O filme simplesmente atropela fatos, como se corresse para que a ação entrasse logo em cena a fim de não fazer a platéia (entorpecida com uma história tão frouxa) dormir.

O personagem Zao poderia perfeitamente não existir. Capanga do vilão, o sujeito não tem a mínima relevância para a trama. Parece existir somente para justificar os gastos com um maquiador (ele tem estranhos fios de metal presos à seu rosto pálido). O mesmo pode ser dito da patética professora de esgrima vivida por Madonna, que aparece numa ponta tão ridícula quanto a participação de Michael Jackson em “Homens de Preto II”.

Além disso, a passagem de Bond por Cuba é justificada da maneira mais imbecil possível: é lá que um dos principais personagens faz a sua troca de identidades numa clínica de terapia genética ultra-moderna (!!!). A mesma coisa cabe às locações na Islândia. Pra que filmar algo lá se a trama não tem nenhuma passagem realmente importante situada no local ?

Tudo vira pretexto para delírios megalômanos do diretor Lee Tamahori, confuso na hora de estruturar seu filme, e imbecil na hora de filmar as cenas de ação. O surfe de Bond num maremoto na Islândia é digno de figurar entre as cenas mais fakes do ano – e 2003 nem bem começou !

A conclusão, passada num avião em chamas, também é irritante, principalmente porque as caixas de som do cinema quase estouram com tantos CABUM! e BANG!. A cena inicial (que envolve hovercrafts e um campo minado) por outro lado, é sonolenta de tão desinteressante.

O filme ao menos parece não se levar muito a sério, e tenta construir piadinhas à todo instante. Mas como rir de cenas tão constrangedoras e trocadilhos tão infames ? Os roteiristas certamente não estavam muito inspirados ao escreverem tamanho engodo (diálogos idiotas e absurdos são bastante comuns por aqui).

A única coisa que vale a pena em “Um Novo Dia Para Morrer” é Halle Berry, que apesar de ter sua participação superestimada por alguns , está mais divertida e charmosa que o restante do elenco (o sujeito que interpreta o vilão não tem um pingo de carisma; Pierce Brosnan parece entediado).

Como M disse, James Bond é mesmo uma relíquia da Guerra Fria. A julgar por este último filme, como tal, o personagem deveria ser mantido num museu e bem longe dos cinemas. Ao menos seríamos poupados de outro filme idiota e irritante.


Crítica por:
Diego Sapia  

 

3 Macacos

 

 

Sinopse: Um pai de família trabalha como motorista de um candidato político. Quando o tal político comete um crime de trânsito, convence seu empregado a assumir a culpa e ir para a cadeia em troca de uma boa quantia em dinheiro.

O título 3 Macacos (Üç maymun) faz referência à universal imagem dos três primatas, cada um tampando os olhos, os ouvidos ou a boca. A mensagem do filme é exatamente essa: mostrar aquilo que todos fingem não ver e não ouvir e que, portanto, não é comentado.

Além da prisão arranjada do pai da família, os outros membros acabam assumindo o papel dos outros dois símios. A mãe começa um caso de adultério e não disfarça muito bem, e o filho também não se esforça em parecer um trabalhador. Os momentos de maior enganação são as visitas que o filho faz ao pai na cadeia.

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O filme agradará aos cinéfilos que acompanham o chamado “circuito de arte” e ganhou o prêmio de Melhor Direção em Cannes. Realmente, belos quadros podem ser apreciados no decorrer da sessão, com a ajuda de uma direção de fotografia encantadora. Normalmente elogios são desferidos a essa área pelo bom uso da luz, mas nesse caso ocorre o oposto e o uso da sombra é o maior mérito.

A escolha de uma câmera fixa em diálogos que deveriam ter grande carga emotiva é estranha. Comumente, closes são explorados para intensificar a emoção em tais seqüências. Remando contra a maré, a câmera fica totalmente parada e distante.

Outra característica marcante é o andamento arrastado de 3 Macacos. Se, por um lado, é possível apreciar melhor os belos quadros já comentados, o ritmo lento pode provocar uma angústia incontrolável em quem estiver interessado em mais ação.


Crítica por:
Edu Fernandes

Site: www.homemnerd.com

 

 

2 Coelhos

 

Quando um filme brasileiro se arrisca em um gênero no qual nosso cinema não tem muita intimidade, sou a favor da antropofagia.

2 Coelhos é um exemplo atual dessa postura entre os filmes de ação, da mesma maneira que Besouro fez entre os filmes de super-herói.

Para contextualizar o leitor, a antropofagia vem da crença indígena de que, quando se come a carne de um guerreiro valoroso, se obtém as qualidades positivas desse guerreiro. No mundo das artes, a antropofagia defende que se use a influência estrangeira sem necessariamente perder as características únicas da nossa cultura.

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O filme conta a história de Edgard (Fernando Alves Pinto, de Nosso Lar), um homem com um plano complexo para resolver dois problemas ao mesmo tempo. Na concretização do plano, muitos tiroteios, perseguições e explosões serão necessárias. É nesse ponto que 2 Coelhos usa a influência de Hollywood, especialmente de filmes de Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios) e Guy Ritchie (Sherlock Holmes 2).

Por outro lado, a produção não deixa de lado sua brasilidade. Os obstáculos enfrentados pelo protagonista, as piadas nos diálogos e as paisagens paulistanas não nos deixam esquecer que se está vendo um filme nacional.

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Depois de fracassos como Federal e Segurança Nacional, é importante que 2 Coelhos consiga achar seu público. A qualidade finalmente está na tela em um filme de ação genuinamente brasileiro.

Crítica por: Edu Fernandes (CineDude)

 

 

10.000 a.C.

 

Assim como Michael Bay (‘A Rocha’, ‘Transformers’, ‘Armageddon’), Roland Emmerich (‘O Dia Depois de Amanhã’, ‘Independence Day’) é a personificação do cinema “Blockbuster Hollywoodiano”. Existem pessoas que odeiam aqueles filmes cheios de ação exorbitantes e roteiro totalmente sem aprofundamento, e também tem seus seguidores, que se deliciam com as centenas de balas, granadas, explosões e ataques (alienígenas, terroristas ou da própria natureza).

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Se você é um dos fãs do gênero, ‘10.000 a.C.’ é uma jornada incrível por um mundo perfeito (criado de maneira espetácular por efeitos especiais), cheio de animais perigosamente gigantescos, paisagens exóticas e heróis bastante modernos. Mas quanto ao roteiro… não precisa comentar muito: um filme que se passa há mais de 12.000 anos atrás, mas com personagens bastante modernos (parece que eles fizeram dreadlocks e saíram do mundo atual neste momento) e história de amor aparentemente tirada de qualquer romance meloso hollywoodiano.

Em uma tribo remota, o jovem caçador de mamutes D’Leh encontrou o seu amor: a linda Evolet. Mas um bando de misteriosos guerreiros seqüestra Evolet, e D’Leh então se vê forçado a liderar um pequeno grupo de caçadores, iniciando uma perseguição aos guerreiros até o fim do mundo para salvá-la.

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Movidos pelo destino, o improvável grupo de guerreiros irá combater predadores pré-históricos e enfrentar terríveis adversidades. Ao final de sua heróica jornada, eles acabarão por descobrir uma civilização perdida. Seu destino final estará nas mãos de um império inimaginável, onde grandes pirâmides alcançam o céu. Ali eles irão desafiar um deus tirânico que escravizou brutalmente seu povo. E será aí que D’Leh finalmente compreenderá que foi escolhido para salvar não apenas Evolet, e sim toda a civilização.

Animais gigantescos, ação de cair o queixo e tomadas heróicas em slow-motion: está tudo lá, para você se deliciar! Como dissemos no início desta crítica: se você é fã do gênero, vai sair do cinema deslumbrado.

 

 


Crítica por:
Renato Marafon 

 

 

2012

 

O mundo vai acabar em 2012. A piada, que vem fazendo parte do cotidiano dos cinéfilos brasileiros, ganhou força depois do apagão que tomou conta do País na última terça, 10 de novembro. 2012, o filme-catástrofe da vez, estreia desta sexta-feira 13 não poderia chegar em hora melhor no Brasil. O longa do diretor Roland Emmerich é mais uma produção que destrói o mundo – ou parte dele.

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Emmerich foi esperto ao aproveitar o bom momento internacional do Rio de Janeiro e colocar a cidade na rota do fim do mundo. O primeiro grande erro de 2012 vem daí: o poster que mostra o Cirsto Redentor, um dos maiores símbolos do turismo nacional, sendo destruido, está na pespectiva errada. Para piorar, no filme o Cristo é destruido de forma ridícula, em uma cena rápida que aparece como ‘transmisssão da Globo News’. Tanto alarde para nada.

Se para nós esta era a parte mais interessante, o que dizer do resto? Muito pouco. 2012 é aquilo que se espera dele: efeitos especiais de primeira em um roteiro chinfrim. Todos os clichês que fizeram o sucesso dos filmes catástrofes nos anos 1970 estão lá: um bom ator como protagonista – aqui é John Cusack, no passado foram Paul Newman e Steve McQueen em Inferno na Torre e Gene Hackman em O destino do Poseidon – família que tenta superar seus problemas, casais separados que ainda se amam, o presidente americano do bem (e ele é negro e simplesmente é o Danny Glover!), outro político qualquer do mal, e por aí vai.

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O herói que tenta salvar a família é John Cusack, mas antes que ele aparece efetivamente em cena, temos mais de uma hora de explicações sobre o porquê do mundo acabar. 2012 começa, na verdade, em 2009, quando um cientista indiano percebe que a Terra está com seus dias contados e neste trecho tem uma explicação detalhada sobre profecias maias.

E quando chegamos, finalmente, a dezembro de 2012, as coisas começam a explodir. Com o alinhamento da Terra com os outros planetas o mundo começa a sofrer uma série de catástrofes e se torna quase inabitável, resultando em uma morte massiva de seres vivos por todo planeta. O governo dos Estados Unidos – sempre eles! – decide construir arcas insubmergiveis para salvar uma parte da população, para depois reconstruir novamente a civilização.

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Sentiram o clima de Arca de Noé? Mas agora é uma arca moderna, ou melhor, são quatro arcas construídas pelos chineses – porque os americanos mesmo não põem a mão na massa. Sim, arcas Made in China.

Os americanos podiam sacanear e mostrar as arcas partindo ao meio antes do fim da travessia, mas não, o objetivo do filme não é questionar a qualidade dos produtos chineses, mas fazer uma produção globalizada – e as espécies que vão sobreviver são escolhidas de acordo com a quantidade de grana que possuem em seus bolsos.

Mas tem sempre um pé rapado tentado furar a fila, no caso John Cusack & família. E nesta odisseia, enquanto o mundo vai pelos ares e os ricos tentam um lugar nas arcas, lá se vão 158 minutos da sua vida.

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Roland Emmerich é fissurado mesmo por catástrofes – Independence Day e O dia depois de amanhã são outras pérolas dele – e dessa vez não poupa esforços para explicar sua história. Não me convenceu. Mas ainda tem gente que curte esse tipo de filme – conheço meia dúzia de pessoas que não vê a hora de conferir de perto o mundo indo para a ponte que partiu.

Se você é desses que gostam de filmes sem cérebro, faça bom proveito. Mas, admito, em uma coisa Emmerich acertou: não é Denzel Washington, o héroi americano deste século, quem salva o mundo.

Menos mal.

 


Crítica por:
Janaina Pereira (Cinemmarte)