quarta-feira, abril 24, 2024

Crítica 2 | Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore – Um filme que vai de nada a lugar nenhum…

Chega ao Brasil na próxima quinta (14), o terceiro capítulo da franquia que não deu certo, mas que a Warner cisma em forçar para ver se pega no tranco. Infelizmente, apesar de ser melhor que o capítulo anterior, Os Segredos de Dumbledore se prova uma tentativa de aventura esquecível, que definitivamente deixou de tentar buscar uma identidade própria e só pasteurizou aquilo que já foi visto em Harry Potter há mais de uma década. E é muito dolorido falar isso, porque dá para perceber que é um projeto que teve investimento, gente que gosta do universo envolvida, mas simplesmente não rolou.

Mas antes de falar dos pontos negativos, vamos ao que o filme tem de bom: os animais fantásticos. Assim como nos capítulos anteriores da franquia, os melhores momentos do longa são aqueles que justificam o título da saga. As criaturas mágicas habitam esse mundo são muito criativas e geram momentos divertidos e típicos de filmes de aventura, como perseguições, fugas e abordagens interessantes.

A trama deste filme, inclusive, gira em torno de um animal fantástico extremamente raro, que, pelas tradições bruxas, seria o responsável por todo o futuro da política do mundo bruxo. E vocês reclamando da urna eletrônica. De qualquer forma, todos os momentos que envolvem essa criatura trazem algum tipo de emoção, além do design do bichinho ser muito simpático.

Do elenco humano, o grande destaque é novamente o Kowalski de Dan Fogler. Seu desenvolvimento e carisma ofuscam o protagonista e seus coadjuvantes, que apostam em atuações caricatas que nem em série da TV passariam despercebidas. É interessante ver como ele é um dos poucos, senão o único personagem que realmente tem uma jornada trabalhada desde o primeiro filme e funciona nesse contexto. Diante de todas as pessoas mágicas, ver um Trouxa ainda deslumbrado com as maravilhas e polêmicas do mundo bruxo traz uma dose de inocência muito bem-vinda à história.

Quem também está bem é a dupla Mads Mikkelsen e Jude Law, que interpretam Grindelwald e Dumbledore, respectivamente. O primeiro está substituindo Johnny Depp, demitido pelas polêmicas envolvendo a ex-esposa, e consegue trazer muita elegância para o personagem. Dá para dizer que ele tem porte de vilão. Enquanto Law, no papel do diretor de Hogwarts, faz um contraponto com seu otimismo e pureza. A trama do romance entre eles é abordada superficialmente, só para dizer que está lá, mas já é bem mais do que a menção no último longa.

E agora, infelizmente, vamos aos pontos negativos. Calma, a Maria Fernanda Cândido não está mal no filme, apesar de ter umas três cenas, sendo que duas já foram mostradas no trailer. Mas isso é um dos pontos mais decepcionantes dessa história toda. Grande parte da campanha desse filme foi direcionada a cenas gravadas no Brasil. No entanto, por conta da pandemia, a sequência final, que deveria ser ambientada no Rio de Janeiro, foi substituída pela região montanhosa do Butão, na Ásia. Para não dizer que não teve nada do Brasil, o filme traz uma cena ao melhor estilo “piscou, perdeu” de um conhecido ponto turístico carioca.

Apesar da decepção desse bait para os brasileiros, o problema está mesmo no roteiro. Para começar, a trama assume que ninguém lembra dos acontecimentos do filme anterior, que foi massacrado pelo público e pela crítica. Isso fica nítido em uma cena que eles colocam uma personagem para literalmente fazer um resumo de Os Crimes de Grindelwald (2018), completamente expositiva. Esse acontecimento se dá porque o início do filme não se conecta com o anterior, começando do nada e conduzindo a história para lugar nenhum, porque apesar de acontecer a eleição na reta final, nenhum dos acontecimentos da história é tratado com relevância. Então, quando o longa chega ao fim, fica aquela sensação vazia de “ok, encheram linguiça e não desenvolveram quase nada”.

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Outra tragédia é o que fazem com o Credence (Ezra Miller). Ele é a perfeita representação da franquia. Foi introduzido de forma tímido, se perdeu no segundo episódio com uma trama ao estilo programa do João Kléber, e teve seu fim apressado como se a equipe criativa tivesse cansado dele e não soubesse mais o que fazer com o que tinha em mãos.

Depois do segundo filme, em que ele foi trazido como o Dumbledore perdido e não se falou muito sobre o assunto, ficou a expectativa de que essa revelação fosse trabalhada na continuação. Mas nem isso foi feito direito. A história de Credence é mostrada de forma confusa, enquanto tentam justificar um repentino fim de vida para o personagem. A maneira como abordaram essa temática ficou confusa e desinteressante. E isso porque estamos falando de um dos principais personagens novos introduzidos na franquia.

Em vez disso, eles apelam para cenas em Hogwarts, aparições de versões mais novas de personagens de Harry Potter e para a trilha sonora da franquia do bruxinho mais famoso dos cinemas. É como se a própria produção assumisse que “Animais Fantásticos” não deu certo e se agarrasse a qualquer pingo de nostalgia da saga anterior para não enterrar de vez esse projeto. O curioso é quanto mais eles investem em pasteurizar Harry Potter, menos interessante fica o filme. Se eles tentassem trazer algo original que marcasse essa trilogia, já seria mais honroso e teria mais chance de dar certo.

É uma pena, porque apesar de poder dizer que é melhor que o filme anterior, não há motivos para Os Segredos de Dumbledore – que não tem segredo nenhum diga-se de passagem – comemorar. Dizer que é melhor que Os Crimes de Grindelwald é como ir numa reunião de família e sua tia dizer que você é melhor do que seu primo. Mas, nesse caso, seu primo é o assassino Champinha. Tipo, você não precisa fazer muita coisa para ser melhor que ele, é só não matar ninguém.

E perceberam que até agora não falei do protagonista, Newt Scamander, né? Pois é, o filme também não dá muito foco para ele, que fica ofuscado pelos dois melhores amigos e pelo vilão, enquanto eles se envolvem numa pseudotrama política mais chata e superficial do que discussão de Twitter. É coisa de revirar os olhos.

E nem dá para culpar o Eddie Redmayne, coitado. Ele está tentando e manda muito bem nas (poucas) cenas que tem destaque. A culpa é mesmo do roteiro de J.K. Rowling e da direção pouco inspirada de David Yates. E como se não fosse o bastante, após duas horas de enrolação e CGI questionável, eles abrem uma ponta para continuar a história em mais um filme. E olha que mesmo tendo anunciado essa história para cinco capítulos, diante de tantas polêmicas nos bastidores e desempenho abaixo do esperado nas bilheterias, é possível que nem haja uma próxima aventura. Caso haja, esse filme então envelhecerá muito mal, porque seu principal evento, a eleição e o que acontece lá, poderia ser resumido em uma capa do Profeta Diário.

Enfim, é mais um filme decepcionante para a franquia Animais Fantásticos, que iludiu a muitos com seu primeiro capítulo, mas depois foi só ladeira abaixo. Não dá para entender como a Warner achou melhor trazer uma trama política desinteressante para a saga em vez de acompanhar as aventuras e desventuras de um magizoologista atrapalhado explorando os quatro cantos do Mundo Bruxo e as peculiaridades de seus animais fantásticos. Uma pena.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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