sábado, abril 20, 2024

Crítica | Até a Próxima Vez – Novo Romance da Netflix só vale a pena por ter sido gravado em Machu Picchu

Todos nós lembramos daquelas imagens inesquecíveis no primeiro ano da pandemia, dos locais fechados sem passar nem uma pessoa, e que, aos poucos, começaram a serem ocupados por animais. Esse cenário foi particularmente assustador em pontos turísticos que costumavam receber centenas de turistas todos os dias, como o Machu Picchu, no Peru. Assim, tão logo os países começaram a reabrir suas fronteiras e receber visitantes, foi gravado no território sagrado dos Incas o longa ‘Até a Próxima Vez’, novo romance que faz sucesso no Top 10 da Netflix.

Salvador Campodónico (Maxi Iglesias, o bonitão que já figurou em sucessos da Netflix como ‘Toy Boy’, ‘A Cozinheira de Castamar’ e ‘Valéria’) é um arrogante arquiteto espanhol, herdeiro de um império da arquitetura cujo objetivo é construir hotéis sete estrelas nos locais mais especiais do mundo. Ele decide que construirá seu mais ambicioso projeto em um terreno na Plaza de Armas em Machu Picchu, e, ao se hospedar em um hostel, conhece a bela e envolvente Ariana (Stephanie Cayo), sobrinha da dona da estalagem e ferrenha defensora dos valores locais. Do embate das ambições de pessoas tão diferentes, surgirá uma história de amor nas belas paisagens do Peru.

Até a Próxima Vez’ pode ser dividido em dois pontos: a história de amor (bem ruim e mal construída) e a valorização turística do território peruano, ainda fora da rota tradicional de viagens dos viajantes. Particularmente, apenas essa segunda parte funciona no filme escrito e dirigido por Bruno Ascenzo.

Já na primeira interação dos protagonistas o espectador de cara identifica dois problemas, que irão se prolongar por todos os noventa e seis minutos de duração do longa. O primeiro deles – e grandíssimo incômodo – é o fato de o tal arquiteto viajar atééééé o Peru, atéééé o Machu Picchu, para se apaixonar por uma mulher branca, loira e magra. Tudo bem que a atriz Stephanie Cayo é peruana de nascença, mas, para uma história dessas, para fazer sentido, a protagonista precisava ter cara e espírito dos peruanos descendentes de indígenas e dos povos andinos, que é a maioria da população. Esse problema é corroborado com o segundo ponto de choque no enredo, pois Ariana é uma personagem com estética de surfistinha riporonga da novela de Manoel Carlos, mas cheia de ideais tipo “vamos defender o patrimônio cultural local”. O primeiro diálogo dela com Salvador (não à toa o personagem tem esse nome) é justamente comparando-o aos exploradores espanhóis, que se autodenominaram conquistadores e forçaram a colonização no território peruano. Ver todo esse discurso entre dois atores brancos soa, no mínimo, artificial e confuso.

Se colocarmos o enredo de lado, o que sobra são as belíssimas locações naturais do Peru – e, nesse ponto, o filme vale a pena para convencer o espectador a incluir o país na sua rota de viagens pelo mundo. Desde as águas termais à cidade de Águas Calientes, passando por los toritos de Pucará e Puno, com seu Lago Titicaca e a aldeia de Los Uros, além das inúmeras danças indígenas típicas que servem como pano de fundo na sequência em que Salvador procura por Ariana pela cidade. Em suma, ‘Até a Próxima Vez’ é uma história de ficção bem ruim, mas com um cenário deslumbrante que vai encantar qualquer um. Aliás, quem quiser saber um pouco mais das maravilhas do Peru pode assistir à série ‘A Magia dos Andes’, cuja crítica pode ser lida aqui.

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