quinta-feira , 26 dezembro , 2024

Crítica | Bohemian Rhapsody – Um virtuoso exercício de puro Rock n Roll

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Quem quer viver para sempre?

Existe filme à prova de crítica? Se ele mexer com nossas emoções, paixões e nostalgia, é bem provável que a resposta seja sim. E daí adentramos duas narrativas essenciais: o crítico pode ser fã. Pode se apaixonar e ser envolto pelas emoções e laços afetivos (não seria humano caso contrário), porém, sem nunca esquecer de realizar seu trabalho: avaliar uma produção cinematográfica enquanto obra. Para isso muitas vezes é necessário se distanciar do emocional e começar a fazer trabalhar o racional.

Por outro lado, o fã quase nunca é crítico – isto é, não tão crítico quanto um avaliador. Melhor ainda, mesmo percebendo os “defeitos” apontados por um profissional, pode ainda assim não achar motivo suficiente para não abraçar por inteiro seu objeto de afeto. Tais argumentos são muito utilizados na hora de definir os fanboys e suas franquias famosas prediletas – mas são relacionáveis a todo e qualquer fã e seu ídolo: seja da música, história, do esporte ou qualquer outro.



Freddie Mercury é um ídolo – para a maioria dos seres vivos neste planeta. Naturalmente, Bohemian Rhapsody se torna um filme que instantemente desperta o interesse e cria grande expectativa, em muitos que até mesmo já amam a obra antes de poderem conferi-la. Não existe dúvidas de que irão nada menos do que amá-la, mesmo que o longa dirigido por Bryan Singer tivesse nenhuma qualidade. A parte boa aqui é que sim, possui, e muitas.

Deixando um pouco a emoção de lado (só um tiquinho) e se atendo aos fatos, Bohemian Rhapsody teve uma produção conturbada. Troca de atores (Sacha Baron Cohen era o protagonista originalmente planejado) e um escândalo sexual envolvendo o diretor Singer (que segue creditado como único comandante da obra, apesar de não ter finalizado o longa) foram alguns dos escabrosos detalhes de bastidores do filme – surgindo imediatamente (como sempre) na forma de grandes alertas vermelhos para os jornalistas.

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O filme, no entanto, ultrapassa os empecilhos com classe e sem titubear, deletando a incredulidade coletiva para se mostrar uma produção exuberante. Bohemian Rhapsody é enérgico e acelera sem pisar no freio. Constrói uma crescente narrativa, mesclando de forma bem dosada humor, drama e, claro, as canções imortais do Queen ponderando os momentos certos.

A trama não tem muito mistério, servindo como relato crônico da vida do jovem Farrokh Bulsara, descendente de uma família de indianos morando em Londres com os pais e irmã. O sonho subversivo, rebelde e a veia de artista pulsante o conduzem diretamente ao encontro de Brian May (Gwilym Lee) e Roger Taylor (Ben Hardy), juntos constituindo a primeira formação do que viria a ser uma das maiores bandas a passar por este planeta. Ao assumir o nome Freddie Mercury, o cantor e seus companheiros seguiram rumo ao estrondoso sucesso – precisando lidar com diversos percalços, entre eles a descoberta da verdadeira sexualidade do frontman da banda e sua consequente egolatria.

Narrativamente, Bohemian Rhapsody é pra lá de dinâmico e deveria ter grampeado em seu cartaz um selo de aprovação de entretenimento garantido. Cronologicamente, são outros quinhentos. Para uma biografia, o longa de Singer deixa mais buracos do que as estradas brasileiras – o que pode enfurecer parte do público que conhece de forma decorada a trajetória do grupo. Entre os furos, o mais óbvio é o que coloca a clássica apresentação no primeiro Rock in Rio cinco anos antes de ter verdadeiramente ocorrido. O que fosse apenas isso seria perdoado, no entanto, desestrutura diversos outros fatos, colocando-os fora de ordem temporal.

Essa falta de cuidado, mesmo que proposital (e difícil de engolir), não deixa de ser desconcertante. Outro detalhe é a performance do protagonista Rami Malek na pele de Mercury, que embora tenha me convencido e a tantos outros, existe na tênue linha da caricatura. Outro ponto contra é fato do ator ser constantemente dublado em todas as suas apresentações (mescla da voz original do cantor com um imitador).

No equilíbrio das energias, Bohemian Rhapsody entrega cenas reais e emotivas, fazendo sua qualidade dramatúrgica sobressair às deficiências. O longa é simplesmente muito divertido para ser negado. E o que dizer da cena final. Uma virtuosa escolha técnica dos envolvidos, que surge como aula de plano sequência e posicionamento de câmera, mesclados com efeitos precisos da plateia, nos imergindo por completo na apresentação do Queen no Live Aid – com um momento grandioso atrás do outro. Neste trecho, Malek e Mercury se fundem num só, e a potência performática do jovem protagonista da série Mr. Robot contagia mesmo contra a vontade. É impossível resistir.

Vida longa à Rainha!

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Existe filme à prova de crítica? Se ele mexer com nossas emoções, paixões e nostalgia, é bem provável que a resposta seja sim. E daí adentramos duas narrativas essenciais: o crítico pode ser fã. Pode se apaixonar e ser envolto pelas emoções e laços afetivos (não seria humano caso contrário), porém, sem nunca esquecer de realizar seu trabalho: avaliar uma produção cinematográfica enquanto obra. Para isso muitas vezes é necessário se distanciar do emocional e começar a fazer trabalhar o racional.

Por outro lado, o fã quase nunca é crítico – isto é, não tão crítico quanto um avaliador. Melhor ainda, mesmo percebendo os “defeitos” apontados por um profissional, pode ainda assim não achar motivo suficiente para não abraçar por inteiro seu objeto de afeto. Tais argumentos são muito utilizados na hora de definir os fanboys e suas franquias famosas prediletas – mas são relacionáveis a todo e qualquer fã e seu ídolo: seja da música, história, do esporte ou qualquer outro.

Freddie Mercury é um ídolo – para a maioria dos seres vivos neste planeta. Naturalmente, Bohemian Rhapsody se torna um filme que instantemente desperta o interesse e cria grande expectativa, em muitos que até mesmo já amam a obra antes de poderem conferi-la. Não existe dúvidas de que irão nada menos do que amá-la, mesmo que o longa dirigido por Bryan Singer tivesse nenhuma qualidade. A parte boa aqui é que sim, possui, e muitas.

Deixando um pouco a emoção de lado (só um tiquinho) e se atendo aos fatos, Bohemian Rhapsody teve uma produção conturbada. Troca de atores (Sacha Baron Cohen era o protagonista originalmente planejado) e um escândalo sexual envolvendo o diretor Singer (que segue creditado como único comandante da obra, apesar de não ter finalizado o longa) foram alguns dos escabrosos detalhes de bastidores do filme – surgindo imediatamente (como sempre) na forma de grandes alertas vermelhos para os jornalistas.

O filme, no entanto, ultrapassa os empecilhos com classe e sem titubear, deletando a incredulidade coletiva para se mostrar uma produção exuberante. Bohemian Rhapsody é enérgico e acelera sem pisar no freio. Constrói uma crescente narrativa, mesclando de forma bem dosada humor, drama e, claro, as canções imortais do Queen ponderando os momentos certos.

A trama não tem muito mistério, servindo como relato crônico da vida do jovem Farrokh Bulsara, descendente de uma família de indianos morando em Londres com os pais e irmã. O sonho subversivo, rebelde e a veia de artista pulsante o conduzem diretamente ao encontro de Brian May (Gwilym Lee) e Roger Taylor (Ben Hardy), juntos constituindo a primeira formação do que viria a ser uma das maiores bandas a passar por este planeta. Ao assumir o nome Freddie Mercury, o cantor e seus companheiros seguiram rumo ao estrondoso sucesso – precisando lidar com diversos percalços, entre eles a descoberta da verdadeira sexualidade do frontman da banda e sua consequente egolatria.

Narrativamente, Bohemian Rhapsody é pra lá de dinâmico e deveria ter grampeado em seu cartaz um selo de aprovação de entretenimento garantido. Cronologicamente, são outros quinhentos. Para uma biografia, o longa de Singer deixa mais buracos do que as estradas brasileiras – o que pode enfurecer parte do público que conhece de forma decorada a trajetória do grupo. Entre os furos, o mais óbvio é o que coloca a clássica apresentação no primeiro Rock in Rio cinco anos antes de ter verdadeiramente ocorrido. O que fosse apenas isso seria perdoado, no entanto, desestrutura diversos outros fatos, colocando-os fora de ordem temporal.

Essa falta de cuidado, mesmo que proposital (e difícil de engolir), não deixa de ser desconcertante. Outro detalhe é a performance do protagonista Rami Malek na pele de Mercury, que embora tenha me convencido e a tantos outros, existe na tênue linha da caricatura. Outro ponto contra é fato do ator ser constantemente dublado em todas as suas apresentações (mescla da voz original do cantor com um imitador).

No equilíbrio das energias, Bohemian Rhapsody entrega cenas reais e emotivas, fazendo sua qualidade dramatúrgica sobressair às deficiências. O longa é simplesmente muito divertido para ser negado. E o que dizer da cena final. Uma virtuosa escolha técnica dos envolvidos, que surge como aula de plano sequência e posicionamento de câmera, mesclados com efeitos precisos da plateia, nos imergindo por completo na apresentação do Queen no Live Aid – com um momento grandioso atrás do outro. Neste trecho, Malek e Mercury se fundem num só, e a potência performática do jovem protagonista da série Mr. Robot contagia mesmo contra a vontade. É impossível resistir.

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