sexta-feira, março 29, 2024

Crítica | Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída – Clássico que CHOCOU os Anos 80 Volta aos Cinemas e se mostra Atemporal

Os anos 1980 foram marcados por um intenso mergulho da juventude na cena do rock, perdendo o colorido hippie dos anos 1960 e 70 para ganhar o monocromatismo do preto – nas roupas, nas maquiagens, no estado de espírito. Foi também quando houve a difusão das drogas sintéticas, que ganharam terreno especialmente nas grandes metrópoles do mundo, nas ruelas dos centros urbanos, nas mãos dos jovens. Como um retrato da ascensão desse cenário sombrio, surgiu o dramaEu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída’, em 1981, que, a partir dessa semana será relançado nas salas de cinema brasileiras para celebrar os quarenta anos de sua estreia no circuito.

Christiane (Natja Brunckhorst) é uma garota de classe média que, aos treze anos, vê sua irmã sair de casa para ir morar com o pai. Ao mesmo tempo, sua mãe tem um novo namorado, de quem ela não gosta muito. Sentindo a ebulição dos hormônios adolescentes aflorando e super fã do cantor David Bowie, Christiane quer demarcar sua independência saindo com amigos para boates nos subterfúgios de Berlim, onde conhece o submundo das drogas, que começa a tomar conta dos locais frequentados pelos jovens. Ao ver os amigos – principalmente o garoto de quem gosta, Detlev (Thomas Haustein), e sua melhor amiga, Babsi (Christiane Lechle) – experimentando cada vez mais tipos de drogas mais pesadas, Christiane aos poucos começa a perceber que para se manter a par com o resto da turma precisa também acompanhar a evolução no consumo das drogas – só que, aos poucos, isso vai significar ter que se submeter a situações cada vez piores.

Quando lançado pela primeira vez, ‘Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída’ chocou o mundo por conta das cenas bastante gráficas, em close up, não só do consumo das drogas – maconha, cocaína, heroína, bala – mas também do impacto desta no corpo humano. Baseado no livro homônimo de Horst Rieck e Kai Hermann, o roteiro de Herman Weigel constrói de maneira bem imersiva a ascensão e queda da protagonista, mergulhando-a no mundo das drogas até que a jovem perca absolutamente tudo que socialmente é importante. De certo modo, o longa se apresenta como um retrato da juventude dos anos 1980, que popularizou as drogas sintéticas a pessoas menores de idade, muito impactadas com o estilo de vida das bandas de rock que, por sua vez, esbanjavam o consumo de drogas, álcool e cigarros como algo empoderador – no filme alegoricamente representado por David Bowie, que aparece no longa. Os fãs, por suas vezes, espelhavam esse comportamento, tal como Christiane.

Ainda que o roteiro seja impactante, o que torna a história mais pesada é a condução de câmera do diretor alemão Uli Edel, com excesso de close em seringas e veias, quase como um manual de como fazer. À época do lançamento, foram essas cenas, juntamente com o zumbizismo oriundo do consumo das drogas e o título, que abalaram tanto a crítica quanto o público, e igualmente irão impactar o público e a crítica de hoje, quarenta anos depois. É esse choque que transformou ‘Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída’ de um filme indie a um clássico do cinema underground mundial, e, hoje, se tornou também um retrato-testemunho da trajetória desastrosa das drogas nas gerações que vieram depois. Um filme-porrada, que gera debates, e importante para quem estuda cinema.

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