domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Eu, Tonya – O melhor trabalho da carreira de Margot Robbie

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Direto do TIFF, Festival de Toronto

Mais incorreta e louca que Arlequina

Biografias são complicadas. Quase sempre fazem uso de uma fórmula estrutural para relatar a história de vida, ou ao menos uma parcela, de alguma figura pré-existente no mundo. Algumas conseguem inclusive fazer um desserviço ao seu homenageado, podendo se tornar didáticas e pouco inspiradas, geralmente narrando eventos até mesmo muito conhecidos do grande público.



Aqui no TIFF 2017 tivemos muitas biografias, e as mais interessantes são justamente as que almejam quebrar este formato de alguma maneira. A melhor, provavelmente, atende pelo nome Eu, Tonya e relata a vida, desde a infância, da jovem Tonya Harding, patinadora que chegou a disputar as olimpíadas, até o grande escândalo que marcaria verdadeiramente sua história.

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Na infância problemática, quando Harding é interpretada pela carismática atriz mirim Mckenna Grace (também digna de atenção), sua personalidade começou a ser moldada. A maior interferência nesta fase se deu pelos maus-tratos da mãe exigente, e para todos os efeitos, desequilibrada, uma performance bem chamativa da humorista Allison Janney, que deixa aflorar sua veia sarcástica ao máximo, retirando muito do humor negro da obra, e merecendo ser lembrada na época de prêmios.

Outro grande chamariz aqui é o desempenho de Margot Robbie, jovem atriz australiana, de 27 anos, que com apenas dois trabalhos (O Lobo de Wall Street e Esquadrão Suicida) foi capaz de tomar Hollywood de assalto. Eu, Tonya guarda sua melhor atuação até o momento, abrindo espaço para Robbie mostrar tudo o que sabe, num show só seu, onde todos os outros estão atrás (outro fato inédito em sua carreira). A atriz é posta à prova, num xeque-mate decisório e que felizmente guarda ponto para a atriz. Ela mostra que é um talento, deixando a promessa no passado.

Como Harding, Margot Robbie vive diversas fases da narrativa, desde uma adolescente de 15 anos, até uma mulher de mais de 40 anos, amargurada pela série de equívocos de decisões que constituíram sua vida. O interessante é notar as nuances com as quais a atriz constrói cada momento. O destaque fica para a jovem Harding, terreno no qual o filme concentra-se. Robbie faz rir, transmite culpa, pena, sofrimento, tristeza, num verdadeiro tour de force. Meus momentos favoritos são quando exala felicidade extrema ao mostrar que era de fato uma patinadora talentosa, ao ganhar competições (Robbie é puro brilho), e na decisão da sentença do juiz, quando seus crimes a tiraram parte da vida – que performance!

Eu, Tonya pega de surpresa. É uma biografia criativa e diferente da maioria, utilizando como um dos maiores trunfos a quebra da quarta parede, onde os personagens não apenas falam com a câmera como se fosse um mockumentary (documentário falso), mas também interrompem a ação – como nas brigas entre o casal – para adereçar diretamente o público na plateia. Mistura cinema de crime, investigação policial, suspense e drama sobre abuso doméstico, a obra discute feminismo, e ainda consegue arrumar espaço para ser um dos filmes mais verdadeiramente hilários do ano. E neste quesito o mérito vai para o roteiro de Steven Rogers e para a direção de Craig Gillespie (A Garota Ideal).

Sei que a disputa é sempre muito dura e apertada, e que provavelmente o lançamento de Eu, Tonya para 2018 o tire totalmente de jogada, mas quero deixar aqui minha campanha para a indicação de Margot Robbie a prêmios na próxima temporada.

Ah, e que trilha sonora! Num ano em que tivemos Guardiões da Galáxia Vol 2 e Atômica, Eu, Tonya chega como terceiro exemplar destra trilogia involuntária, registrando mais alguns sucessos da década de 1980, minuciosamente entranhados em sua narrativa.

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Aqui no TIFF 2017 tivemos muitas biografias, e as mais interessantes são justamente as que almejam quebrar este formato de alguma maneira. A melhor, provavelmente, atende pelo nome Eu, Tonya e relata a vida, desde a infância, da jovem Tonya Harding, patinadora que chegou a disputar as olimpíadas, até o grande escândalo que marcaria verdadeiramente sua história.

Na infância problemática, quando Harding é interpretada pela carismática atriz mirim Mckenna Grace (também digna de atenção), sua personalidade começou a ser moldada. A maior interferência nesta fase se deu pelos maus-tratos da mãe exigente, e para todos os efeitos, desequilibrada, uma performance bem chamativa da humorista Allison Janney, que deixa aflorar sua veia sarcástica ao máximo, retirando muito do humor negro da obra, e merecendo ser lembrada na época de prêmios.

Outro grande chamariz aqui é o desempenho de Margot Robbie, jovem atriz australiana, de 27 anos, que com apenas dois trabalhos (O Lobo de Wall Street e Esquadrão Suicida) foi capaz de tomar Hollywood de assalto. Eu, Tonya guarda sua melhor atuação até o momento, abrindo espaço para Robbie mostrar tudo o que sabe, num show só seu, onde todos os outros estão atrás (outro fato inédito em sua carreira). A atriz é posta à prova, num xeque-mate decisório e que felizmente guarda ponto para a atriz. Ela mostra que é um talento, deixando a promessa no passado.

Como Harding, Margot Robbie vive diversas fases da narrativa, desde uma adolescente de 15 anos, até uma mulher de mais de 40 anos, amargurada pela série de equívocos de decisões que constituíram sua vida. O interessante é notar as nuances com as quais a atriz constrói cada momento. O destaque fica para a jovem Harding, terreno no qual o filme concentra-se. Robbie faz rir, transmite culpa, pena, sofrimento, tristeza, num verdadeiro tour de force. Meus momentos favoritos são quando exala felicidade extrema ao mostrar que era de fato uma patinadora talentosa, ao ganhar competições (Robbie é puro brilho), e na decisão da sentença do juiz, quando seus crimes a tiraram parte da vida – que performance!

Eu, Tonya pega de surpresa. É uma biografia criativa e diferente da maioria, utilizando como um dos maiores trunfos a quebra da quarta parede, onde os personagens não apenas falam com a câmera como se fosse um mockumentary (documentário falso), mas também interrompem a ação – como nas brigas entre o casal – para adereçar diretamente o público na plateia. Mistura cinema de crime, investigação policial, suspense e drama sobre abuso doméstico, a obra discute feminismo, e ainda consegue arrumar espaço para ser um dos filmes mais verdadeiramente hilários do ano. E neste quesito o mérito vai para o roteiro de Steven Rogers e para a direção de Craig Gillespie (A Garota Ideal).

Sei que a disputa é sempre muito dura e apertada, e que provavelmente o lançamento de Eu, Tonya para 2018 o tire totalmente de jogada, mas quero deixar aqui minha campanha para a indicação de Margot Robbie a prêmios na próxima temporada.

Ah, e que trilha sonora! Num ano em que tivemos Guardiões da Galáxia Vol 2 e Atômica, Eu, Tonya chega como terceiro exemplar destra trilogia involuntária, registrando mais alguns sucessos da década de 1980, minuciosamente entranhados em sua narrativa.

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