domingo, abril 28, 2024

Crítica | Garoto dos Céus – Indicado da Suécia ao Oscar 2023 Mostra a Aliciação de Jovens nas Causas Extremistas

Não é de hoje que as disputas de poder no mundo árabe viram assunto pelos olhares da sétima arte, até porque, especialmente nos últimos anos, os países de cultura árabe têm sido frequentemente noticiados nos programas jornalísticos, sempre sendo pintados por uma imagem de conflitos ideológicos e religiosos extremistas nesses territórios. Verdade e ficção se misturam no intenso ‘Garoto dos Céus’, suspense político que chega a partir deste final de semana nas salas de cinema do Brasil e é o pré-indicado da Suécia na corrida do Oscar 2023.

Adam (Tawfeek Barhom) é um jovem rapaz muito inteligente que vive no interior. Certo dia ele é surpreendido pelo líder de sua mesquita, que lhe conta ter conseguido uma bolsa para ele ir estudar em Cairo, no Egito. Animado, uma vez lá o jovem se debruça a fundo nos estudos do Alcorão, mesmo encontrando dificuldades para fazer amizades em seu dormitório. Porém, um crime acontece no local, e o corpo de um rapaz é encontrado no dia seguinte. Coincidência ou não, pouco depois Adam recebe o irrecusável, posto que intimidatório, convite para servir como um espião dentro da Academia, que está prestes a eleger seu novo Sheik e, dentre os três candidatos, há muitos interesses por detrás. Sem saída, Adam começa a se infiltrar em perigosas organizações dentro do ambiente acadêmico, revirando segredos que poderão acabar com a vida das pessoas ao seu redor.

Em duas horas de duração, ‘Garoto dos Céus’ mistura bem contidamente o suspense, a crítica política e social e o drama, optando, dentre eles, por se enveredar mais por este último gênero. Escrito e dirigido por Tarik Saleh, o longa vai se construindo a banho-maria, focando nesse protagonista inocente perante o mundo que se abre diante de si, e que rapidamente é engolido por um sistema infalível e interminável de aglutinação da juventude como mão de obra refém para realização de serviço sujo. Em outras palavras, a partir de seu protagonista o longa vai delineando como a juventude promissora vai se perdendo por conta das múltiplas facções políticas criminosas que estão por detrás das mais importantes mesquitas e instituições no mundo árabe como um todo, que, na tentativa de se sobressair, alicia sem dó aos jovens promissores para que realizem os serviços por eles, colocando a vida das famílias desses jovens em risco para conseguirem seus objetivos de poder. 

Mesmo se tratando de um filme árabe, o curioso é que ‘Garoto dos Céus’ é uma coprodução nórdica europeia, uma parceria entre Suécia, Finlândia, França e Dinamarca, filmado na Turquia. Razão pela qual o longa é a indicação da Suécia para a corrida do Oscar esse ano. 

Assim como nas facções criminosas brasileiras que também alicia menores para o mundo do crime, ‘Garoto dos Céus’ se assemelha com a realidade, e, através do suspense político, ajuda a levantar o alerta sobre como as atuais gerações podem acabar ou se polarizar por conta dessa ambição por poder dos criminosos políticos, que usam da religião para forçar as pessoas a seguirem suas orientações doutrinatórias. Um filme para refletir bastante.

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