sábado, abril 27, 2024

Crítica | ‘Hellraiser: Renascido do Inferno’ é um excelente reboot que visa restabelecer uma nova franquia de terror

Em 1987, Clive Barker se consagrava como um dos grandes mestres do horror comtemporâneo ao não somente ser autor da novela literária “The Hellbound Heart” mas também por usar deste romance como base para roteirizar e dirigir o filme ‘Hellraiser: Renascido do Inferno’, criando assim mais um grande clássico do horror oitentista que se estenderia até hoje no imaginário das pessoas e na cultura pop. Além disso, a produção eternizou o lendário ator Doug Bradley como o intérprete icônico de Pinhead, o cenobita caracterizado por agulhas no rosto. O filme também trouxe uma lufada de ar fresco ao gênero do terror sobrenatural gótico, que estava perdendo espaço para os populares (e rentáveis) slashers na época.

Mas é claro que por trás de quase todo grande filme sempre há uma história dos bastidores conturbada. E com ‘Hellraiser’ de 87 não foi diferente: o longa passou por intensos problemas de filmagens, processos de reescrita do roteiro para “suavizar” a trama e, por consequência, se afastando do material original, além de ter que lidar com a severa censura de vários mercados internacionais devido à “extrema violência, tortura e conteúdo sexual” presente na obra. Apesar de todas as polêmicas, o filme se tornou um sucesso, garantindo assim 9 sequências de qualidades questionáveis, sendo 7 delas com a participação de Doug Bradley.

Clive Barker nos bastidores de ‘Hellraiser: Renascido do Inferno’, de 1987

Entre baixos e mais baixos ainda, a franquia conseguiu se manter rentável mesmo com os filmes em lançamento para DVD a partir dos anos 2000. Com o anúncio da aquisição dos direitos de adaptação pela Spyglass Media Group em 2019 (a mesma que está com os direitos de ‘Pânico’ atualmente), não se via uma alternativa melhor do recomeçar a franquia do zero com um reboot, podendo ser mais fidedigno ao material base de Clive Barker e estabelecendo também um olhar para possíveis novos filmes no futuro. É aqui que entra ‘Hellraiser: Renascido do Inferno’ de 2022, que está disponível no catálogo do Paramount+.

Na história dessa nova versão, uma jovem chamada Riley (Odessa A’Zion), que está se recuperando do vício em drogas, mora com seu irmão Matt (Brandon Flynn, de ’13 Reasons Why’) e seu cunhado (Adam Faison). Quando seu namorado Trevor (Drew Starkey, de ‘Com Amor, Simon’) a convence a roubar um objeto valioso, que eventualmente descobriria se tratar do Cubo das Lamentações, um artefato capaz de sumonar uma dimensão com seres infernais e sadomasoquistas, é que a vida de Riley e todos a sua volta começam a ser diretamente afetadas, transformando-se em um jogo sádico e um horror implacável.

Com o grande acerto de ter a visão criativa de David Bruckner, talentoso diretor por trás de obras de terror como ‘O Ritual’ e o excelente ‘A Casa Noturna’, comandando o novo filme, ‘Hellraiser’ consegue traduzir uma atmosfera tão sombria e tão perturbadora para dentro de sua obra que consegue superar o original neste aspecto. Elementos contrapostos como dor e prazer são muito mais desenvolvidos aqui do que na versão de 1987, mas não por que aquele filme faz ruim, mas sim porque Bruckner, nas palavras dele, traz uma “reimaginação do livro de Clive Barker. E sim, o longa faz uma apropriação e trabalha muito melhor os elementos do romance de horror publicado na década de 80.

E assim como o longa original, a produção aposta em muitos efeitos práticos, principalmente ao caracterizar os cenobitas, que têm as aparências mais horripilantes aqui do que em qualquer outro filme da série ‘Hellraiser’. E obviamente, é impossível não mencionar a performance da atriz Jamie Clayton como Pinhead, que não supera Doug Bradley, principalmente por já se tratar de um ícone do horror, mas consegue revitalizar o personagem e tornar sua presença muito mais impactante e importante para o andamento da trama do que na história do filme original. Aqui, Pinhead (ou Sacerdote, como é citado na história) tem uma caracterização mais próxima ao livro, que o descreve como um ser andrógino e com uma aparência mais “demoníaca” do que humanizada. É de longe a melhor performance do filme.

E por falar na trama, essa é, infelizmente, o ponto mais baixo da produção. E não é por ser ruim, na verdade aqui é encontrado muitos elementos que fazem da história mais densa e embasada do que na produção de 87, mas o foco aqui está em estabelecer uma potencial nova franquia, então não espere mergulhar de cabeça esperando compreender tudo. É evidente que ‘Hellraiser’ visa futuras sequências, e por causa disso há um apelo com o público fora do nicho da fanbase ao recorrer aos clichês do gênero de terror que, por exemplo, flertam com o slasher, o que não combina muito com o tipo de horror criado por Clive Barker, mas que ao menos funcionam durante alguns momentos do longa, que mantém a brutalidade e a tortura como os destaques.

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Com isso, ‘Hellraiser: Renascido do Inferno’ é facilmente o melhor de toda a franquia desde o original, mas uma comparação entre a versão de 1987 e 2022 é injusta, visto que os dois apresentam leituras diferentes provenientes do mesmo material base, e esta nova visão rompe com tudo que foi estabelecido nas produções anteriores ao buscar um reinício fresco para este universo. É um excelente filme que vai agradar não só aos fãs da obra de Clive Barker, como também vai fisgar os fãs de terror que vão se aventurar pela primeira vez neste sádico universo, que já merecia um bom longa-metragem há muito tempo.

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