quarta-feira, abril 24, 2024

Crítica Netflix | À Queima Roupa: É divertido, mas não o leve tão a sério

Entre Segurança em Jogo e The OA existe um universo cinematográfico de produções da Netflix com grandes atores e um fraco desempenho narrativo. Ironicamente, a gigante do streaming sofre para sustentar um equilíbrio saudável em seus longas-metragens, entregando obras esquecíveis, apagáveis e muitas vezes entediantes. Mas como quem não se cansa em investir naquilo que possui seu selo, a empresa recheia sua grade de programação com seus próprios conteúdos, à medida que também se prepara para se despedir de grandes títulos populares da Marvel, DC e Warner, quando seus respectivos streamings forem lançados. E nessa corrida, somos apresentados ao filme À Queima Roupa, que embora não seja uma obra-prima, entrega muito mais que tantas outras originais da Netflix.

Mesclando os gêneros thriller e ação, com algumas pitadas de humor, o longa dirigido por Joe Lynch não é essencialmente um primor em si, mas consegue corresponder às expectativas de um público que busca apenas se divertir em uma pacata tarde de domingo. Com uma narrativa que, inicialmente, se apresenta com um certo nível de seriedade, a atmosfera da trama logo é adaptada, abrindo precedentes para um alívio cômico que ajuda a ponderar o decorrer dos fatos, trazendo pequenas referências da cultura POP que – vez outra – nos remetem aos filmes buddy cop dos anos 90. Com uma direção simples, que executa com tranquilidade as cenas mais agitadas, À Queima Roupa surpreende aqueles com menor expectativa, tornando a experiência mais prazerosa do que inicialmente se esperava.

Com Anthony Mackie à frente do elenco, compartilhando seu tempo de tela com Frank Grillo, a produção entrega uma história que distorce o conceito estático de mocinhos e vilões, abordando personagens cheios de nuances e que tendem a cruzar a famosa linha tênue que distingue caráter, personalidade e postura. Explorando a corrupção policial e as consequências de um sistema carcerário às vezes injusto, À Queima Roupa possui um ritmo acelerado, sabe usar o seu tempo de tela e o faz de maneira despreocupada, à vontade para contar uma história que não precisa ser levada tão a sério assim.

Com uma trilha sonora com ares nostálgicos, a produção acerta na construção de seus personagens e nos contrastes estabelecidos entre todos eles, permitindo que haja um certo nível de conexão e até mesmo identificação com a audiência – ainda que tudo seja de forma bem perene e rasa. Mesmo assim, como um filme de ação que tem aroma de blockbuster, À Queima Roupa acaba se transformando em uma inesperada surpresa, diante de tantas decepções que boa parte das produções originais da Netflix proporcionaram aos fãs.

Apresentando um final piegas, porém honroso, o filme adapta a versão original francesa, dirigida por Fred Cavayé, à sua própria maneira. Intercalando seu roteiro entre a despretensão e uma certa dramaticidade, À Queima Roupa não segue pelo mesmo fracassado caminho que outras adaptações de filmes europeus percorreram, como é o caso de Amigos Para Sempre (baseado em Intocáveis), embora também não seja um filme memorável. Potencialmente divertido e – ironicamente – leve, a produção cumpre o seu papel como um mero entretenimento e também é uma boa escolha para quem já cansou de zapear na Netflix, sem saber o que assistir para desestressar. Com uma narrativa simples, mas trabalhada adequadamente, À Queima Roupa é o tipo de filme que não precisa ser perfeito, apenas crível. E isso ele realmente consegue ser.

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