quinta-feira, março 28, 2024

Crítica Netflix | Meu Eterno Talvez – Keanu Reeves rouba a cena em divertida comédia romântica

Embora tenha como atores principais os descendentes asiáticos Randall Park e Ali Wong, Meu Eterno Talvez (Always Be My Maybe) não é um filme sobre questões étnicas, mas um sinal de novos tempos e rostos no cinema. Após o sucesso estrondoso de Podres de Ricos (2018), atores asiáticos destacam-se em histórias sem enredos históricos ou culturais, como o relacionamento dos amigos Sasha (Wong) e Marcus (Park). Ainda que as piadas sobre o comportamento dos pais coreanos estejam presentes, a abordagem soma pontos à comédia romântica.

Amigos de longa data, Park e Wong escreveram juntos o roteiro e, provavelmente, este é o segredo para Meu Eterno Talvez ser uma comédia romântica divertida e agradável para ser vista mais de uma vez. Como um projeto de longa data realizado graças à Netflix, a obra acompanha o nascimento da amizade entre os protagonistas nos anos 90, até a adolescência quando os dois têm a sua primeira experiência sexual em um Toyota Corolla e o encontro acaba no Burger King.

Os aspectos do início do filme são tocantes pela apreciação de ambos crescerem juntos e se apoiarem nos momentos difíceis, tanto quanto constrangedores com a chegada da puberdade e, consequentemente, o sexo entre eles. O promissor casal, no entanto, separa-se e 20 anos depois se reencontram com vidas completamente diferentes. Como toda comédia romântica, o final não é o mais importante, o sabor está na trajetória do casal, os diálogos e os momentos entre eles.

Comediante de palco com um discurso sobre a jornada tripla da mulher como mãe, esposa e profissional, Ali Wong consegue concentrar toda as atenções em suas falas. Quando ela declara “Não acredito que desperdicei os meus melhores anos reprodutivos com você” ao terminar um relacionamento, a atriz aflora os jargões da comediante do palco. Seu tom cômico dominante é um contraponto com o posicionamento acanhado, porém divertido, de Radall Park.

Por muitas vezes coadjuvante no cinema, Park surpreende com carisma e charme no papel de galã, mesmo tendo os estonteantes pretendentes de Sasha em jogo. Seguindo a cartilha dos romances, os personagens são completamente díspares, mas se convencem que são melhores juntos. Para o deleite do público, até eles perceberem-se apaixonados temos a presença de Jenny (Vivian Bang), atual namorada de Marcus, uma espécie de Janice (Maggie Wheeler) do seriado Friends (1994–2004). Quem não lembra idas e vindas com Chandler (Matthew Perry) e sua voz afetada?

Voltando ao longa, Sasha Tran é uma famosa chef e empreendedora de volta à cidade natal de Los Angeles para abrir mais um restaurante. Nesta visita ao passado, ela reencontra o primeiro amor e amigo Marcus. Enquanto ela abandonou suas origens, ele continua a morar na mesma casa, trabalha na empresa do seu pai Harry (James Saito) e a tocar na mesma banda do Ensino Médio. Em outras palavras, Marcus nunca saiu da sua zona de conforto e leva a vida de forma simples.

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Para temperar esse reencontro, os coadjuvantes também roubam a cena. Se de um lado o pai de Marcus insinua que Sasha é o seu futuro, a amiga e assistente Veronica (Michelle Buteau) mexe os seus pauzinhos para a dupla se acertar. Contudo é Keanu Reeves, em uma versão caricata e hilária de si mesmo, que suspende o público do assento e o entretém por longos minutos de júbilo cinematográfico. A participação especial do ator é o ápice do filme e também o arremate final, obrigando todos assistirem aos crédito enquanto Radall Park canta a ótima canção “I Punched Keanu Reeves” com a sua banda Hello Peril.

Vale destacar ainda a química entre os protagonistas, ambos conseguem remontar, aos seus moldes, a cena clássica do final de Um Lugar Chamado Notting Hill (1999) de forma sensível, mas sempre humorada. Até os não apreciadores de comédias românticas vão curtir Meu Eterno Talvez, seja pelo o tom cômico em todos os momentos, seja pelo cenário perfeito para trazer romance ao patamar menos idealizador e mais palpável.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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