Quatro anos após ‘O Candidato Honesto‘ se tornar um sucesso de público, chega a sequência no timing próximo às eleições presidenciais, para tentar fazer humor usando o triste momento político em que nosso país se encontra após o complicado Impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Enquanto o primeiro filme mostrava um político qualquer que não conseguia mentir após uma praga de sua finada avó, em uma pegada ‘O Mentiroso‘, com o Jim Carrey, a sequência decide usar várias figuras politicas para reencenar a destituição da Dilma e posse do Michel Temer adicionando humor.
Porém, a piada não funciona como esperado, já que a ferida ainda está aberta e a piada em todo esse processo fomos nós, os cidadãos. Sabe quando algo muito triste acontece em sua vida, e um amigo vem tentar fazer uma piada para aliviar a dor mas acaba piorando? Essa é a sensação que temos ao assistir ‘O Candidato Honesto 2‘.
Com roteiro de Paulo Cursino, o filme traz João Ernesto depois de cumprir quatro anos de prisão. Mesmo decidido a levar uma vida comum, fora dos holofotes, ele é convencido a se candidatar mais uma vez à presidência da República, em meio a uma grande crise no Brasil. Agora, ele garante que tudo será diferente: está disposto a promover uma reforma política no país. João só não contava que os problemas, dessa vez, seriam outros. Ele vai acabar se envolvendo em novos escândalos, além de ser perseguido e dominado pelo seu vice, Ivan Pires.
Leandro Hassum dá o melhor de si como o protagonista. Após uma explicação sobre como ele perdeu vários quilos na cadeia, o ator improvisa, faz monólogos divertidos e até dança balé. O ator se esforça para salvar o roteiro, cheio de esquetes rápidas parodiando situações que vimos na TV nos últimos anos.
Temos o presidente-vampiro Ivan Pires, que surge das trevas tentando sugar o sangue dos brasileiros; Temos uma sósia da Dilma, que fala coisas sem nexo o tempo todo – como o famoso diálogo do cachorro ser o melhor amigo da criança e o estoque do vento; além de várias outras paródias de políticos que tomaram os jornais nos últimos quatro anos.
Já Rosane Mulholland, que faz o interesse romântico do protagonista, entrega uma personagem insossa e sem graça, que destoa totalmente da agilidade de fazer piadas do Hassum. Ela tenta trazer uma carga dramática para uma comédia cheia de deboche, e o resultado é desastroso.
A intenção da comédia é boa, mas a execução não sai tão divertida como o esperado. Algumas pessoas vão comprar a ideia da comédia, mas a maioria pode se sentir ofendida com as piadas envolvendo a situação deplorável que a política brasileira se encontra.
‘O Candidato Honesto 2‘ é um filme datado, que deveria ser lançado em um momento politico melhor – se é que vai melhorar. No atual cenário, é apenas uma piada de mal gosto. É triste dizer isso, mas é muito mais engraçado assistir aos debates eleitorais…