domingo, abril 28, 2024

Crítica | O Exorcista: O Devoto DECEPCIONA ao tentar resgatar o legado do filme original

O gênero do terror vem se apoiando em narrativas sobre possessões demoníacas desde o sucesso de ‘O Exorcista‘, dirigido por William Friedkin lá em 1973. No entanto, muitos desses filmes pecam por apostarem em excessivas cenas de sustos aleatórios (jump scares) em vez de prenderem a atenção do público através de um roteiro de qualidade.

Além disso, os filmes focados em exorcismos acabaram ficando banalizados ao longo dos anos devido à falta de originalidade e à repetitividade dos elementos que compõem seus enredos.

Nem mesmo as sequências d’O Exorcista‘ vingaram, ficando à sombra do original e sendo ignoradas (e até desconhecidas) por boa parte do público.

Por falar nisso, apesar de ser aguardado com bastante expectativa e ter alguns pontos positivos, ‘O Exorcista – O Devoto‘ acaba se enquadrando na lista de genéricos.

Dirigido e co-escrito por David Gordon Green (‘Halloween Kills’), o longa acompanha duas famílias de costumes distintos que são ligadas após o desaparecimento de suas filhas, Angela (Lidya Jewett) e Katherine (Olivia O’Neill), que são encontradas três dias depois apresentando distúrbios que a medicina convencional não é capaz de diagnosticar… Parece familiar?

Como as perguntas parecem não ter respostas naturais, o pai de Angela, Victor (Leslie Odom Jr.), entra em contato com Chris MacNeil (Ellen Burstyn) após ler o livro que expõe os traumas vividos por ela durante a possessão de sua filha, Regan (Linda Blair), décadas atrás.

É revelado então que Chris se tornou uma especialista em rituais de exorcismo de diferentes culturas e religiões, usando sua própria experiência para atestar a existência do sobrenatural… Mas a exposição acabou afastando-a de Regan, que nunca a perdoou.

Quando o ritmo parecia ganhar um novo fôlego com a chegada de Chris, a personagem é jogada para escanteio, provando que só foi adicionada à trama como uma forma de atrair o público. Além do mais, sua presença não consegue render nem mesmo um epílogo decente para a história que foi iniciada em 1973. Em vez disso, sua conclusão é simplista e menos comovente do que o esperado.

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Retornando para o núcleo principal, o roteiro até tenta implantar uma questão moral baseada em emoções para desestruturar ainda mais o psicológico das famílias de ambas as vítimas, o que poderia ter sido uma grande premissa se fosse trabalhada desde o início, mas a resposta para esse dilema é entregue de forma apressada, previsível, passageira e de pouca expressão, o que se reflete em um final que não deixa espaço para o público refletir.

Entre os pontos positivos, Jewett e O’Neill se entregam de corpo e alma às suas personagens e protagonizam momentos de bastante impacto visual, com direito a rostos deformados, vômitos, palavrões e provocações do demônio, sempre com aquela típica voz grave e gutural.

Ao mesmo tempo, são recursos que te fazem pensar: “eu já vi isso antes”, o que não é suficiente para causar uma atmosfera desconfortável digna da franquia que leva o nome ‘O Exorcista‘.

Por fim, o que mais incomoda entre os descuidos da trama é que, diferente do original, não há uma conexão entre as vítimas e o padre designado para conduzir o exorcismo, tirando todo o peso do título do filme, que ainda comete o erro de transformar um polêmico ritual religioso em uma espécie de palestra motivacional entre aqueles que tentam expulsar os demônios das crianças.

Produzido pela Blumhouse (responsável pelos elogiados ‘A Entidade’, ‘Atividade Paranormal’ e ‘Corra!’), ‘O Exorcista – O Devoto‘ parecia estar em boas mãos, mas acabou se mostrando sem identidade própria e que se aproveita da fama do original para tentar emplacar uma nova trilogia… Uma tarefa que já nasceu fracassada.

Assista nossa crítica:

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