domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Superação: O Milagre da Fé – O Verdadeiro Milagre é o Amor

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Antes de começar a crítica, é preciso entender uma coisa sobre ‘Superação: O Milagre da Fé’: ele não é um filme sobre religião. Muito embora ela esteja ali, conduzindo o enredo, o filme é, na verdade, sobre fé e amor. Mas vamos explicar.

John (Marcel Ruiz) é o típico aborrecente: arrogante, com vergonha de demonstrar afeto pelos pais, cheio de atitude e de razão. Um dia, sai para brincar no lago congelado com os amigos, em St. Charles, Missouri. Só que, de repente, o gelo se parte e os três meninos caem na água congelante. Por sorte, um senhor do restaurante viu e imediatamente chamou o socorro. Dois dos meninos são resgatados prontamente, porém John fica submerso mais tempo e, quando enfim é socorrido, suas chances de sobrevivência são mínimas. É quando entra o protagonismo da mãe, Joyce (Chrissy Metz).



Em atuação primorosa, Chrissy Metz – mais conhecida por seu papel na série ‘This Is Us’ – interpreta uma mãe que se recusa a desistir do próprio filho. Enquanto as equipes médicas e amigos da comunidade comentam que o menino não tem chances, Joyce se apega à sua fé cristã para buscar forças para suportar as horas mais difíceis de sua vida, assistindo o filho em coma lutando pela própria vida. Carismática, amorosa, superprotetora e um bocado exigente, Joyce é MÃE em maiúsculo, com todos os seus defeitos e virtudes. A competência de Chrissy Metz em traduzir toda a mistura de sentimentos dessa mãe em estado de desespero pode lhe garantir algumas indicações a prêmios ao longo do ano.

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Baseado em uma história real – que originou o livro ‘The Impossible’, escrito pela própria Joyce Smith, mãe do rapaz –, o roteiro de Grant Nieporte é empático e sentimental, apesar de algumas soluções óbvias bastante convenientes para a condução da trama. Sendo uma história que não tem explicação, fica impossível fugir de um clichê ou outro para justificar os fatos. Com direção de Roxann Dawson, o roteiro ganhou profundidade ao colocar o espectador dentro da angústia da família Smith e de todos que se empenharam no salvamento do jovem John – por exemplo, a cena em que a mãe chega no primeiro hospital, e a câmera altera entre os gritos desesperados de Joyce e a desolação da equipe médica, que já não sabia mais o que fazer. Essa alternância, sem que a gente perceba, faz nosso coração bater mais rápido, torcendo pelo melhor.

O pai de John, Brian (Josh Lucas) é pintado quase como um vilão, pelo simples fato de não conseguir ter nervo suficiente para sustentar a situação do filho. Por outro lado, o roteiro se preocupou em mostrar e reconhecer que não foi só a fé de Joyce que foi fundamental para a recuperação do filho, mas também as dezenas de pessoas que lutaram, se esforçaram, trabalharam e rezaram pelo menino John.

Por tudo isso, ‘Superação: O Milagre da Fé’ não é um filme religioso. É um filme sobre amor ao próximo. É sobre uma mãe que se nega a abrir mão do próprio filho, que se recusa a desistir, e sobre todas as pessoas que deram um pouquinho de si para ajudar o garoto, fosse da forma que fosse. Essa crença de que as coisas vão melhorar – têm que melhorar – é o que move os personagens do filme.

Sendo eu mesma moradora do Rio de Janeiro, vejo histórias assim todos os dias, de mães que perdem seus filhos por conta de situações incontroláveis alheias às nossas vontades. E por isso sei que para além de religião, existe a necessidade que o ser humano precisa ter de acreditar que há algo além de nós mesmos a que se pode recorrer na hora do desespero. É essa fé que faz tanto Joyce quanto as milhares de mães cariocas acordarem todos os dias e acreditarem que tudo irá ficar bem. É o que nos move no mundo, dentro e fora da ficção.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Crítica | Superação: O Milagre da Fé – O Verdadeiro Milagre é o Amor

Antes de começar a crítica, é preciso entender uma coisa sobre ‘Superação: O Milagre da Fé’: ele não é um filme sobre religião. Muito embora ela esteja ali, conduzindo o enredo, o filme é, na verdade, sobre fé e amor. Mas vamos explicar.

John (Marcel Ruiz) é o típico aborrecente: arrogante, com vergonha de demonstrar afeto pelos pais, cheio de atitude e de razão. Um dia, sai para brincar no lago congelado com os amigos, em St. Charles, Missouri. Só que, de repente, o gelo se parte e os três meninos caem na água congelante. Por sorte, um senhor do restaurante viu e imediatamente chamou o socorro. Dois dos meninos são resgatados prontamente, porém John fica submerso mais tempo e, quando enfim é socorrido, suas chances de sobrevivência são mínimas. É quando entra o protagonismo da mãe, Joyce (Chrissy Metz).

Em atuação primorosa, Chrissy Metz – mais conhecida por seu papel na série ‘This Is Us’ – interpreta uma mãe que se recusa a desistir do próprio filho. Enquanto as equipes médicas e amigos da comunidade comentam que o menino não tem chances, Joyce se apega à sua fé cristã para buscar forças para suportar as horas mais difíceis de sua vida, assistindo o filho em coma lutando pela própria vida. Carismática, amorosa, superprotetora e um bocado exigente, Joyce é MÃE em maiúsculo, com todos os seus defeitos e virtudes. A competência de Chrissy Metz em traduzir toda a mistura de sentimentos dessa mãe em estado de desespero pode lhe garantir algumas indicações a prêmios ao longo do ano.

Baseado em uma história real – que originou o livro ‘The Impossible’, escrito pela própria Joyce Smith, mãe do rapaz –, o roteiro de Grant Nieporte é empático e sentimental, apesar de algumas soluções óbvias bastante convenientes para a condução da trama. Sendo uma história que não tem explicação, fica impossível fugir de um clichê ou outro para justificar os fatos. Com direção de Roxann Dawson, o roteiro ganhou profundidade ao colocar o espectador dentro da angústia da família Smith e de todos que se empenharam no salvamento do jovem John – por exemplo, a cena em que a mãe chega no primeiro hospital, e a câmera altera entre os gritos desesperados de Joyce e a desolação da equipe médica, que já não sabia mais o que fazer. Essa alternância, sem que a gente perceba, faz nosso coração bater mais rápido, torcendo pelo melhor.

O pai de John, Brian (Josh Lucas) é pintado quase como um vilão, pelo simples fato de não conseguir ter nervo suficiente para sustentar a situação do filho. Por outro lado, o roteiro se preocupou em mostrar e reconhecer que não foi só a fé de Joyce que foi fundamental para a recuperação do filho, mas também as dezenas de pessoas que lutaram, se esforçaram, trabalharam e rezaram pelo menino John.

Por tudo isso, ‘Superação: O Milagre da Fé’ não é um filme religioso. É um filme sobre amor ao próximo. É sobre uma mãe que se nega a abrir mão do próprio filho, que se recusa a desistir, e sobre todas as pessoas que deram um pouquinho de si para ajudar o garoto, fosse da forma que fosse. Essa crença de que as coisas vão melhorar – têm que melhorar – é o que move os personagens do filme.

Sendo eu mesma moradora do Rio de Janeiro, vejo histórias assim todos os dias, de mães que perdem seus filhos por conta de situações incontroláveis alheias às nossas vontades. E por isso sei que para além de religião, existe a necessidade que o ser humano precisa ter de acreditar que há algo além de nós mesmos a que se pode recorrer na hora do desespero. É essa fé que faz tanto Joyce quanto as milhares de mães cariocas acordarem todos os dias e acreditarem que tudo irá ficar bem. É o que nos move no mundo, dentro e fora da ficção.

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