sábado, abril 20, 2024

Crítica | Taylor Swift volta a nos encantar com a narcótica e instigante poética de “Carolina”

Taylor Swift consagrou-se como uma das maiores artistas de sua geração e continua a dominar as paradas ao redor do mundo com sua invejável habilidade de migrar entre gêneros – passando do country ao pop ao folk com naturalidade impressionante e que, ao longo da carreira, lhe rendeu diversos prêmios (incluindo três estatuetas do Grammy de Álbum do Ano). Mas Swift não se limitou apenas às restrições do cenário fonográfico, emprestando suas habilidades como compositora e performer a várias canções originais de inúmeras produções cinematográficas.

Dentre suas múltiplas investidas, temos a belíssima balada “Safe & Sound” para o adorado ‘Jogos Vorazes’ (a preferida deste que vos escreve), a colaboração “I Don’t Wanna Live Forever” para ’50 Tons Mais Escuros’ e a recente “Beautiful Ghosts”, um dos poucos pontos relativamente bons da esquecível adaptação ‘Cats’. Agora, Taylor está de volta com o aguardado lançamento de “Carolina”, música-tema do longa-metragem ‘Um Lugar Bem Longe Daqui’.

Nos últimos meses, Swift vinha investindo esforços no relançamento de seus icônicos álbuns de estúdio, recuperando o poder sobre as canções que compôs ao reapresentá-los aos fãs nas formas de ‘Fearless (Taylor’s Version)’‘Red (Taylor’s Version)’, aproveitando a força que seus milhões de ouvintes lhe garantiram para entregar pérolas que ficariam marcadas na indústria – afinal, como esquecer da versão de dez minutos de “All Too Well”? Entretanto, era inegável que estivéssemos com saudades de narrativas instigantes e escritas com exímia paixão pelo elo entrelaçado entre a literatura e a música, motivo pelo qual não poderíamos estar mais animados com a chegada dessa faixa que já vem sido prometida há bastante tempo.

Em março deste ano, Swift comentara que havia se apaixonado pelo romance original e que queria honrar o impacto que o enredo causara nela. “Eu queria criar algo impressionante e etéreo, que chegasse aos pés dessa história fascinante”, ela dissera. E sabemos que, quando Taylor se empenha a fazer alguma coisa, é muito difícil que erre a mão; logo, o resultado não poderia ser diferente de uma belíssima e sinestésica jornada que ergue-se como uma de suas melhores incursões para o circuito fílmico.

Guiada pelos acordes do violão, Swift sabe que conhece a si mesma e, depois de mais de uma década descobrindo a própria identidade, parece mergulhar em uma ode quase testamentária, culminante de todas as eras que apresentou ao público – não em relação aos estilos explorados, mas sim a um amadurecimento lírico crítico que arranca exatamente o que esperaríamos dela. Ao longo de quatro minutos que desenrolam-se em uma fluidez surpreendente e uma autorreflexão que transborda para além do escopo que procura adaptar, dialogando com qualquer um que já tenha se sentido invisível ou sozinho.

Taylor sempre teve um apreço enorme pelos ouvintes pelo fato de saber como dialogar com eles – e aqui não seria diferente. “Perdida, eu nasci; solitária, eu vim; solitária, eu ficarei” é a tríade de versos que aglutina as mensagens crípticas assinadas pela performer, cada uma pincelada com vocais sutis e que nos lançam de volta às suas raízes e à estética inebriante de ‘folklore’‘evermore’. Mas não pense que “Carolina” é apenas uma cópia inexpressiva do que vimos nos anos anteriores, e sim uma espécie de continuação que presta homenagem a nomes como Bob DylanJoan Baez – sem se afastar das peculiaridades tão ressoantes de sua imagética instrumental.

Aliando-se novamente a Aaron Dessner, cujo toque especial na produção transmuta a melodia em uma mística aventura recheada de segredos a serem descobertos, a cantora nos carrega a um caudaloso e narcótico rio do qual não queremos sair. E, certamente, é a irretocável poética presente na composição, estampada com rimas inteligentes e uma cadência envolvente, que nos relembra do paixão que sentimos por essa artista tão espetacular que conhecemos como Taylor Swift.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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