sexta-feira, março 29, 2024

Crítica | Valentina – Filme sobre jovem trans sem pai estreia na Netflix

A educação é um direito básico de todo ser humano, especialmente aos menores de idade. Qualquer criança ou adolescente deve poder ter acesso aos estudos e ser bem aceito na instituição escolar, independentemente de sua origem, seu gênero, seu biotipo, sua classe social, seu poder aquisitivo, etc. Porém, sabemos que não é bem isso que acontece na vida real. Pensando nessa problemática, estreia essa semana na Netflix o longa ‘Valentina’.

Valentina (Thiessa Woinbackk) tem dezessete anos e mora numa cidade do interior de Minas Gerais. Sua mãe, Márcia (Guta Stresser), passou para um concurso em um hospital em outra cidade do interior, e, diante da mudança, Valentina toma uma decisão: quer se matricular na nova escola com seu nome social, deixando de vez seu passado masculino para trás, pois se identifica com o gênero feminino. Porém, a nova escola exige como requisito que ambos os pais assinem a matrícula da jovem, e, por isso, Valentina e sua mãe precisam encontrar onde está Renato (Rômulo Braga), o pai da jovem. Só que em uma cidade pequena, qualquer segredo tem perna curta, e talvez a nova vida não seja tão fácil quanto a menina gostaria.

Escrito e dirigido por Cássio Pereira dos Santos, o filme consegue trazer aquele ar interiorano de uma passagem de tempo mais devagar, pois a vida é, em si, desacelerada, se comparada às grandes cidades. Esse é um grande acerto do enredo: localizar-se em um ambiente onde as discussões de gênero ainda são, em grande parte, inexistentes, e o preconceito e a violência contra as pessoas transgêneros ainda são muito alto. Outro fator importantíssimo que Cássio acerta em seu longa é trazer essa pauta para o universo jovem, jogando luz sobre um tema que precisa ser conversado mais abertamente pela sociedade, e, por isso, ‘Valentina’ presta um importante serviço ao levantar essa inquietação para o espectador.

Entretanto, a execução da produção ficou um pouco imprecisa, o que por vezes comprometeu o filme. A recorrência do close fechado nos atores sem abrir a câmera, por exemplo, impede com que seja sabido que uma das personagens, amiga de Valentina, está grávida. Isso só é descoberto pelo espectador quando as jovens decidem fazer um chá de bebê – até então, com a close focando apenas o rosto dos personagens, sem vê-las de longa o espectador não consegue ver a barriga da moça; assim, a gravidez, lá na metade do filme, soa surpreendente.

Valentina’ é um sensível filme que levanta a importantíssima questão da inclusão de adolescentes transgêneros nos ciclos e nas instituições sociais. Sem recair no drama exagerado nem na violência, o longa nacional provoca o questionamento sobre as dificuldades diárias que esses jovens cidadãos enfrentam para terem o direito simples de serem chamados pelos nomes que escolheram.

Através da inocência de ‘Valentina’, é possível ter uma ideia de que as batalhas para as pessoas transgêneros são diárias e constantes, inclusive em questões tão simples quanto uma matrícula escolar. Talvez, com filmes como este, o debate se torne mais aberto e frequente, e, quem sabe, com o tempo, as dificuldades para os e as jovens trans diminuam.

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