terça-feira , 5 novembro , 2024

Emmy 2020 cumpre o prometido e entrega cerimônia competente e funcional

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Antes da cerimônia do Emmy 2020, a resposta para a pergunta “o que pode dar errado?” era: absolutamente tudo! A megaprodução realizada de forma remota demandou um esforço hercúleo, que incluiu o envio de equipamentos para mais de 130 localidades, a fim de garantir que nenhum dos indicados ou vencedores aparecesse com uma qualidade ruim de teleconferência no Zoom. A cerimônia foi movida do Microsoft Theater para o Staples Center, a fim de garantir um espaço maior para a circulação da equipe e também uma sala de controle que fosse grande para receber o retorno dessas mais de 130 câmeras. Com tudo dependendo de conexão Wi-Fi mais do que seria prudente em qualquer evento deste porte, a tragédia poderia ser gigantesca. Felizmente, não foi.

De modo geral, o evento fluiu de forma bastante orgânica, ainda que a piada com a plateia fake no monólogo de abertura de Jimmy Kimmel tenha durado tempo demais — e a falha com a tradução simultânea na exibição local também. É natural que haja certas limitações: sem o tapete vermelho e sem a presença dos indicados e companhia, a quantidade de memes e piadas é menor, a emoção de algumas vitórias é sentida com menor impacto quando aquele vencedor não precisa se levantar de sua cadeira e abraçar alguns à sua volta enquanto se dirige ao palco. Na grande maioria das vezes, a graça dos segmentos é mais a interação entre aqueles astros do que as piadas em si, e isso é um fator que sumiu. Justiça seja feita, ele é dificilmente replicável durante uma situação de isolamento social.

É importante ter em mente que alguns desses fatores estão além da capacidade dos produtores da cerimônia resolver. O que cabia a eles foi feito: os feeds funcionaram, as homenagens ocorreram sem grandes transtornos e nenhum premiado faltou ou deixou de discursar. Dever cumprido.

Para evitar maiores problemas, a cerimônia foi dividida em blocos, de forma que todos os prêmios de cada um dos segmentos — comédia, drama, variedade, série limitada, etc — foram entregues em sequência. Por um lado, isso tornou a limpa de Schitt’s Creek ainda mais impactante. Por outro, fez com que o evento ficasse ainda mais hermético e compartimentado do que seria caso pudesse seguir uma ordem mais tradicional. 

É claro que havia expectativa para o resultado final da cerimônia, mas levando em conta o tamanho da missão assumida pelo Emmy — uma empreitada que nenhum outro evento ao vivo tentou em 2020, diga-se de passagem —, há de se aplaudir o quanto a execução ocorreu sem deslizes que não fossem a ausência de um ou outro indicado que não apareceu. 

Quanto aos vencedores, poucas surpresas diante da esperada dominação de Schitt’s Creek, Succession e Watchmen. Se a comédia canadense trouxe um feito inédito para o gênero, tivemos algumas surpresas com a vitória deNada Ortodoxa em direção de série limitada, Uzo Aduba em melhor atriz coadjuvante em série limitada (Mrs. America) e, é claro, Zendaya em atriz de série dramática — esta última, aliás, certamente a melhor surpresa da noite, ainda mais levando em conta a esnobada deEuphoria entre as indicadas a melhor drama.

Diante de tudo isso, era esperado que a HBO seguisse sua própria tradição e levasse para casa a maior quantidade de estatuetas entre todas as plataformas indicadas — algo que sedimenta a eficácia da estratégia do canal a cabo premium. A disputa de qualidade x quantidade continua, mas o recado deste ano foi bem claro. 

Em um momento tão atípico, uma cerimônia como o Emmy Awards serve como um ponto fixo de normalidade, embora ele inevitavelmente tenha vindo com suas pontadas de tristeza — este não é o ‘novo normal’, é um lembrete triste da realidade momentânea e limitante. Mas dentro do possível, a cerimônia cumpriu o que prometeu, decepcionou quem esperava um caos generalizado e colocou sorrisos em alguns rostos com os anúncios dos premiados.

E isso, nessa situação, já é o suficiente. 

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Laysa Zanettihttps://cinepop.com.br
Repórter, Crítica de Cinema e TV formada em Twin Peaks, Fringe, The Leftovers e The Americans. Já vi Laranja Mecânica mais vezes que você e defendo o final de Lost.

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De modo geral, o evento fluiu de forma bastante orgânica, ainda que a piada com a plateia fake no monólogo de abertura de Jimmy Kimmel tenha durado tempo demais — e a falha com a tradução simultânea na exibição local também. É natural que haja certas limitações: sem o tapete vermelho e sem a presença dos indicados e companhia, a quantidade de memes e piadas é menor, a emoção de algumas vitórias é sentida com menor impacto quando aquele vencedor não precisa se levantar de sua cadeira e abraçar alguns à sua volta enquanto se dirige ao palco. Na grande maioria das vezes, a graça dos segmentos é mais a interação entre aqueles astros do que as piadas em si, e isso é um fator que sumiu. Justiça seja feita, ele é dificilmente replicável durante uma situação de isolamento social.

É importante ter em mente que alguns desses fatores estão além da capacidade dos produtores da cerimônia resolver. O que cabia a eles foi feito: os feeds funcionaram, as homenagens ocorreram sem grandes transtornos e nenhum premiado faltou ou deixou de discursar. Dever cumprido.

Para evitar maiores problemas, a cerimônia foi dividida em blocos, de forma que todos os prêmios de cada um dos segmentos — comédia, drama, variedade, série limitada, etc — foram entregues em sequência. Por um lado, isso tornou a limpa de Schitt’s Creek ainda mais impactante. Por outro, fez com que o evento ficasse ainda mais hermético e compartimentado do que seria caso pudesse seguir uma ordem mais tradicional. 

É claro que havia expectativa para o resultado final da cerimônia, mas levando em conta o tamanho da missão assumida pelo Emmy — uma empreitada que nenhum outro evento ao vivo tentou em 2020, diga-se de passagem —, há de se aplaudir o quanto a execução ocorreu sem deslizes que não fossem a ausência de um ou outro indicado que não apareceu. 

Quanto aos vencedores, poucas surpresas diante da esperada dominação de Schitt’s Creek, Succession e Watchmen. Se a comédia canadense trouxe um feito inédito para o gênero, tivemos algumas surpresas com a vitória deNada Ortodoxa em direção de série limitada, Uzo Aduba em melhor atriz coadjuvante em série limitada (Mrs. America) e, é claro, Zendaya em atriz de série dramática — esta última, aliás, certamente a melhor surpresa da noite, ainda mais levando em conta a esnobada deEuphoria entre as indicadas a melhor drama.

Diante de tudo isso, era esperado que a HBO seguisse sua própria tradição e levasse para casa a maior quantidade de estatuetas entre todas as plataformas indicadas — algo que sedimenta a eficácia da estratégia do canal a cabo premium. A disputa de qualidade x quantidade continua, mas o recado deste ano foi bem claro. 

Em um momento tão atípico, uma cerimônia como o Emmy Awards serve como um ponto fixo de normalidade, embora ele inevitavelmente tenha vindo com suas pontadas de tristeza — este não é o ‘novo normal’, é um lembrete triste da realidade momentânea e limitante. Mas dentro do possível, a cerimônia cumpriu o que prometeu, decepcionou quem esperava um caos generalizado e colocou sorrisos em alguns rostos com os anúncios dos premiados.

E isso, nessa situação, já é o suficiente. 

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