Frank Capra disse que o cinema é uma das três linguagens universais, junto com música e matemática. Mas por que o cinema é uma linguagem universal? Talvez porque sabemos, intuitivamente, que o poder do cinema de nos lançar em uma história e transmitir emoções verdadeiras quebra e derruba as barreiras da linguagem. O que acontece é que, na linguagem do cinema, gramática, sintaxe e pontuação são música, transições e movimentos de câmera. As imagens que compõem um filme são entendidas em qualquer idioma, e o efeito da linguagem cinematográfica é familiar: os filmes nos movem, nos fazem sonhar e nos colocam em ação. A catarse emocional varre as regras da linguagem. É a magia do cinema.
Para Martin Scorsese, “cinema é sobre o que está dentro da imagem e o que é deixado de fora”. Este é exatamente o ponto onde tudo pode ser diferente. O cinema comercial de Hollywood não mostrava temas diversos e grupos culturais desconhecidos ou desacreditados. Por estarem fora do cenário de Hollywood, eles se transformavam nos “invisíveis”. Porém, os serviços de Streaming, como a Netflix, chegaram para mudar esta realidade de uma vez por todas e estão tomando uma parte considerável dos espectadores do cinema.
Nos últimos anos, a Netflix vem investindo dinheiro no Brasil, e produziu a primeira série original no País: o drama de ficção científica chamado “3%” tendo como protagonista a atriz Bianca Comparato. 3% foi disponibilizada em 190 países ao redor do mundo e se tornou um tremendo sucesso. E foi só o começo. No final de agosto de 2015, a Netflix lançou outra série original chamada Narcos, um drama sobre o traficante colombiano Pablo Escobar. A história sobre chefão da cocaína, produzido por uma empresa francesa em uma mistura de espanhol e Inglês, logo alcançou um feito que tem atormentado os estúdios de Hollywood: Narcos atraiu o público de vários países, falando línguas diferentes, ao mesmo tempo. Nenhuma série fez mais para melhorar a posição da Netflix no Brasil. Wagner Moura, um dos atores mais famosos do país, foi escolhido como Escobar.
Analistas estimam que a Netflix tenha entre 4 e 5 milhões de assinantes no Brasil, atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido. Reed Hastings, diretor da empresa, definiu muito bem a plataforma: “Para ser um serviço global de sucesso, precisamos ser mais do que Hollywood para o mundo, temos que ser uma empresa que compartilhe histórias de todo o mundo”.
As pessoas ainda gostam de ir ao cinema, portanto, pode-se dizer que ir ao cinema é muito mais do que comprar um ingresso. O que vale é experiência. Mas, embora o setor ainda permaneça dinâmico, ele precisa estar alinhado com o que acontece com serviços como os oferecidos pela Netflix e o valor agregado que pode ser adicionado ao longo do tempo aos usuários atuais e também aos potenciais. Quem ganha de qualquer forma, é o público.