quinta-feira, abril 25, 2024

O Mês do Terror | O que Terá Acontecido a Baby Jane? (1962) – A Tragédia por Trás da Fama

Filme traz comentário interessante sobre a iniciação de jovens atrizes em Hollywood

Umas das características mais curiosas da indústria cinematográfica norte-americana são os atores mirins, estes que são iniciados desde tenra idade e consequentemente são expostos desde cedo a todo tipo de privilégios e riquezas. Da década de 30 em diante é possível perceber que a utilização desse tipo de profissional, bem como o esforço de várias famílias em tornar suas crianças astros, era uma realidade em Hollywood.

Foi dessa prática que nomes verdadeiramente pesados para o estabelecimento do cinema no país surgiram, tais como Judy Garland e Shirley Temple (considerada por muitos a maior estrela mirim de todos os tempos). Entretanto, o outro lado dessa situação não poderia ser outro senão o impacto que um sucesso precoce tem no desenvolvimento da criança.

Essa é uma questão que tem muito espaço de discussão, também, no mundo do futebol quando o assunto são jogadores das categorias de base; estes que assinam contratos milionários com marcas antes mesmo de chegar na categoria profissional. Quando se trata de meios como o entretenimento, os efeitos negativos de uma vida precoce em certos artistas são facilmente percebidos quando eles chegam na idade adulta.

Shirley Temple foi o símbolo maior das atrizes mirim.

Não raramente ex estrelas mirins acabam protagonizando escândalos, por vezes relacionados ao vício em drogas ou instabilidade emocional, ou simplesmente desaparecendo do mesmo meio em que, outrora, as colocava em evidência sempre que possível. Todo esse rodeio é para dizer que, em 1962, o diretor Robert Aldrich conduziu um filme voltado justamente sobre o impacto da fama em atores mirins.

O Que teria Acontecido com Baby Jane? apresenta a ex-atriz mirim Baby Jane (Bette Davis em um dos seus grandes momentos) que, agora envelhecida, está não só longe dos olhos do público como também esquecida. O problema é que internamente ela nunca superou sua época de fama e, consequentemente, nunca se adaptou totalmente a uma vida convencional.

Jane vive com sua irmã Blanche (Joan Crawford também tomando as atenções para si), ela que se tornou cadeirante após um acidente de carro. Vivendo juntas em uma mansão, a relação entre as irmãs é caótica e abusiva; enquanto que a carreira artística de Jane esteve no auge, Blanche tinha ressentimentos do sucesso da irmã mais velha. Porém, após seu declínio profissional, é Blanche quem se tornou uma estrela até o mencionado acidente.

Crawford e Davis em atuações históricas.

 

Além de lançar um olhar sobre o abordado impacto de um sucesso financeiro precoce em crianças ele também abrange, mesmo que por alto, a queda do cinema mudo. Com a consolidação da tecnologia para captar o som (mas cuja existência já vinha desde os anos 1900) toda uma geração de atores e atrizes precisou se reinventar; compreender que o estilo de atuação mas focado em emoções faciais, já que as linhas de diálogo eram limitadas aos cartões entre cena, estava caindo em desuso.

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Filmes como Crepúsculo dos Deuses e O Artista são alguns exemplos que dedicaram um olhar sobre o efeito que as novas tecnologias tiveram em artistas (ficcionais) que foram importantes no período do cinema mudo. É desse cenário de “terra arrasada” que Jane surge como um indivíduo amargurado e ressentido pela saudade; bem como tomado pela raiva constante da irmã.

Esse é o ponto em que o horror tem forma, pois sob os olhos de Blanche tanto o espectador como a própria personagem sabem que Jane é alguém sem escrúpulos e que a qualquer momento; no canto de qualquer corredor; pode desferir um ato de violência inesperado. Desde o início é apresentado que, na dinâmica do relacionamento da dupla, Jane não hesita em mentir para a irmã ou isolá-la do mundo. 

O verdadeiro terror em O Que Terá Acontecido com Baby Jane? não é do segmento sanguinolento como visto em Psicose (lançado um ano antes), mas de como a inveja pode corroer até a ligação familiar mais íntima. Potencializado, sem dúvidas, pela entrega de Bette Davis e Joan Crawford (que possuíam uma rivalidade notável fora do ambiente de trabalho) a obra ainda é um retrato interessante, ainda que exagerado, das consequências da fama precoce e sua súbita perda para uma criança. 

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