quarta-feira, junho 26, 2024

‘X-Men: Primeira Classe’ | 10 anos do reboot que quase deu jeito na franquia dos mutantes

Marcando o dia da toalha de 2011, ou “dia mundial do orgulho nerd”, a FOX lançou um filme dos X-Men que deixaria de investir no futuro dos mutantes e passaria a explorar seu passado. Lançado como um reboot/ prequel, X-Men: Primeira Classe chegou aos cinemas sem muitas expectativas dos fãs, que vinham do decepcionante X-Men 3: O Confronto Final (2006). No entanto, a proposta apresentada pelo diretor Matthew Vaughn (Kingsman: Serviço Secreto) foi tão interessante que até mesmo quem não era fã do universo mutante se interessou pela nova abordagem.

A principal mudança foi a jovialidade do elenco. Enquanto a trilogia original trazia atores adultos, passando por problemas adultos, ‘Primeira Classe’ apostou em mutantes adolescentes ou jovens adultos. Em certo ponto, lembra até mesmo a série X-Men: Evolution, que fez tanto sucesso entre as crianças dos anos 2000. Além disso ter dado uma nova dinâmica muito mais divertida, ainda ajudou na identificação do público alvo do filme, que eram os jovens. Junto a isso, outra grande alteração, mais fiel aos quadrinhos, marcou a nova empreitada: os uniformes. Enquanto os filmes de Bryan Singer ficaram marcados por aqueles trajes pretos de couro, parecendo ter saído de um sonho sadomasoquista, a versão de Matthew Vaugh apostou nos clássicos trajes pretos e amarelos, como nas HQs. Trazer essa cor deu uma nova identidade aos heróis e deixou a composição de figurino bem menos genérica.

Outro grande mérito foi colocar Charles Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) como protagonistas. Em vez de rivais, agora eles trabalhariam como amigos. Lutando por uma mesma causa, eles aprendem um com o outro e já começam a divergir de seus ideais, o que viria a causar a relação de inimigos futuramente. E a escalação de de McAvoy e Fassbender foi perfeita. Mesmo estendendo o legado de personagens interpretados anteriormente pelas lendas do cinema, Patrick Stewart e Ian McKellen, os novos Xavier e Magneto em nada ficaram devendo aos seus antecessores. Na verdade, por mais polêmico que isso possa soar, não seria nenhum absurdo afirmar que o desenvolvimento de personagens e atuações deste filme superaram a da trilogia original. Foi muito interessante poder adentrar na origem desses ícones dos quadrinhos e cinemas e entender melhor como eles viraram dois lados de uma mesma moeda.

E nesse ponto de desenvolvimento de personagem, enfim tivemos uma jornada digna do Magneto, que não teve medo de explorar seu passado de tristeza e sofrimento. Além de ser um mutante, ele é judeu e vivenciou na pele os horrores do Holocausto. A sequência de abertura que mostra ele tendo sua família morta para que Sebastian Shaw (Kevin Bacon) pudesse forçá-lo a mostrar seus poderes é uma das melhores aberturas de filmes com super-heróis e dá início a uma jornada pessoal de vingança que é incrível de ver se desenvolvendo ao longo do filme.

Outro ponto desenvolvido melhor foi a questão da “Wolverinependência”. A franquia anterior era completamente focada no Carcaju (Hugh Jackman), deixando os outros mutantes meio de lado. Quer dizer, eles estavam lá, mas nenhum era tão interessante ou tão bem desenvolvido quanto o Logan. Então, Vaughn inverteu a situação e deixou o Wolverine de lado, resumindo seu papel a uma participação curtíssima, porém memorável. Assim, os outros X-Men puderam brilhar diante dos holofotes, proporcionando novos núcleos para a franquia, como todo o contexto político da Crise dos Mísseis de Cuba.

Infelizmente, nem tudo são flores. Outra vilã mudou de lado nesta história e acabou gerando polêmica foi a Mística (Jennifer Lawrence), que ganhou bastante destaque e protagonizou um triângulo amoroso que não foi lá tão bem desenvolvido, mas foi coerente com o apresentado na história. Dessa forma, ela ganhou um papel interessante como coadjuvante. O problema é que o final do filme deixou um gancho para que ela ganhasse um papel de protagonista na continuação. E como vocês devem se lembrar, a sequência, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014), contou com a direção de Bryan Singer para unir a trilogia antiga com a nova, em uma tentativa de corrigir urgentemente uma centena de erros cronológicos. Ou seja, todas aquelas propostas novas interessantíssimas introduzidas por Matthew Vaughn foram descartadas para contar uma história completamente pasteurizada, contando com todos os maneirismos e pontos negativos que Singer já havia demonstrado nos filmes originais.

Enfim, X-Men: Primeira Classe foi uma tentativa de trazer os mutantes da Marvel em uma nova roupagem, visando conquistar os fãs de quadrinhos e um público mais jovem. E a verdade é que teria conseguido dar início a uma nova franquia brilhante, se não tivesse sofrido com a desorganização e falta de planejamento da extinta FOX quanto aos X-Men. Isoladamente, é um filmaço que une ação, ficção, fantasia e diversão. Como franquia, acaba ficando marcado como o primeiro capítulo de uma malfadada série cinematográfica.

Não deixe de assistir:

X-Men: Primeira Classe está disponível no Disney+

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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