quinta-feira, maio 2, 2024

Ziraldo, lenda dos quadrinhos e da literatura infantil, morre aos 91 anos

O Brasil se despede neste sábado (6) de um de seus maiores artistas de todos os tempos. Aos 91 anos de idade, Ziraldo faleceu. A informação foi confirmada pela família do quadrinista, que afirmou que ele morreu dormindo em sua casa na Lagoa, na Zona Sul do Rio de Janeiro, por volta das 15h.

Natural de Caratinga, Minas Gerais, Ziraldo Alves Pinto ganhou esse nome incomum como uma homenagem aos nomes de seus pais. Foi da mistura de dona Zizinha e seu Geraldo que o pequeno Ziraldo nasceu. O menino se apaixonou pela literatura ainda na infância. Aos seis anos de idade, ele teve seu primeiro desenho publicado no jornal Folha de Minas. Foi a primeira de incontáveis ilustrações que viriam a marcar o cotidiano do povo brasileiro e viraria um dos traços mais marcantes da história do país.

Ao longo de sua vida, Ziraldo esteve intrinsecamente ligado à imprensa e às artes. No entanto, quis o destino que o cartunista, chargista, pintor, escritor, dramaturgo, cartazista, caricaturista, poeta, cronista, desenhista, apresentador, humorista e jornalista começasse sua carreira acadêmica no Direito, graduação que concluiu em 1957 na UFMG.

Porém, foi nas páginas da Folha da Manhã, atual Folha de São Paulo, que Ziraldo começou a encantar o Brasil. Ele ganhou uma coluna humorística, que virou sucesso e abriu as portas para que ele fosse para a revista O Cruzeiro. Na década de 50, O Cruzeiro era uma das revistas de maior prestígio do país. Com suas charges e personagens repletos de personalidade, Ziraldo “explodiu”. Seu sucesso foi enorme e o levou para o Jornal do Brasil, onde cativou incontáveis leitores com sua arte.

Então, na década de 1960, ele começou a trabalhar com a mídia que o imortalizaria: as histórias em quadrinhos. Ziraldo pegou os personagens das charges da revista O Cruzeiro e deu a eles uma HQ própria com Turma do Pererê. Inspirado no folclore do país, o Pererê entrou na história dos quadrinhos nacionais por ser o primeiro gibi impresso em cores 100% brasileiro. Foi um sucesso total com 43 edições publicadas com a impressionante tiragem de 120 mil exemplares por edição.

Infelizmente, o gibi foi cancelado em 1964 logo após o golpe da Ditadura Militar. Ainda assim, Ziraldo foi voz ativa na luta contra o Regime. Ele foi membro-fundador e editor do semanário O Pasquim, que abraçava a Contracultura, falando sobre sexo, feminismo e tocava em tabus sociais, além de criticar abertamente os militares do país. Não por acaso, ele foi preso no dia seguinte à aprovação do nefasto AI-5.

Sua subversão o ajudou a se consolidar como um dos artistas populares da época. Curiosamente, foi nesse mesmo período que ele adentrou no ramo da literatura infantil. Sua estreia foi em 1969 com uma das obras infantis mais marcantes da história, o clássico Flicts. A história da cor ‘Flicts’, que não se encaixava em nenhuma das sete cores do arco-íris, mas embarca numa jornada para conhecer seu valor, foi escrita e ilustrada em apenas três dias. Com um argumento poético, fio sucesso instantâneo.

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E mesmo com tantos sucessos publicados, seu ‘garoto de ouro’ viria a nascer apenas na década de 80. Sim, em 1980, Ziraldo publicava o livro O Menino Maluquinho, que contava a história de “um menino que tinha o olho maior que a barriga, fogo no rabo e vento nos pés”. Com sua personalidade agitada e suas aventuras divertidas, o Maluquinho se tornou um fenômeno literário tão grande que virou história em quadrinhos.

Nos gibis, o Menino Maluquinho atravessou décadas e gerações, chegando ao Olimpo dos personagens de quadrinhos sul-americanos, ao lado de ícones como a Mônica e a Mafalda. Sua popularidade foi tão grande que ele virou desenho animado, série de TV e filme de cinema.

Ziraldo se tornou um dos maiores embaixadores da cultura brasileira, recebendo diversos prêmios pelo mundo e encantando gerações com suas obras. Neste sábado (6), o Brasil perdeu uma verdadeira lenda que, com seu trabalho, incentivou diferentes gerações a se apaixonarem pela literatura e a questionarem imposições políticas em tempos sombrios.

Um perda inestimável para a história brasileira. Os fãs do Rio de Janeiro poderão ter um contato especial com as obras de Ziraldo, porque o Centro Cultural Banco do Brasil, o CCBB-RJ, está com a exposição interativa Mundo Zira em cartaz até 13 de maio.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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