sexta-feira, abril 19, 2024

Crítica | Quando te Conheci

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Quão importante são os seus sentimentos? Se algum dia você os perdesse, o que restaria? Uma casca vazia? Um projeto de ser humano funcionando no automático? O fato é que nossos sentimentos nos acompanham a todo momento; desde que acordamos cedo de mau humor até quando vamos dormir, processando os mais diversos pensamentos sobre o passado, presente e/ou futuro. Engana-se quem acha que pode controlá-los. Nos momentos mais intensos, nós é que somos controlados por eles. E é por isso que, algumas vezes, agimos de formas tão imprevisíveis. Mas e se esses sentimentos, que nos dão tamanha individualidade, nos fossem tirados? É em torno deste conceito que o filme ‘Quando te Conheci‘ desenvolve o seu enredo, mostrando um mundo frio, onde as pessoas não vivem, apenas sobrevivem.

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A trama se passa em um futuro utópico, depois de uma guerra que devastou grande parte do planeta e causou a morte de quase toda a população. Nesta sociedade futurística, as emoções são bloqueadas desde o nascimento; sentimentos são considerados ameaças ao sistema, apontadas como o catalizador da Grande Guerra. O sistema, no entanto, não é infalível, considerando o crescente número de pessoas recuperando suas emoções – que, por sua vez, são tratados como doentes. Apesar de não haver uma cura, eles tomam remédios bloqueadores que retardam os estágios de sua condição. Diagnosticado com a doença, Silas rapidamente sucumbe à tristeza e ao isolamento, mas seu interesse em sua colega de trabalho, Nia, o desperta sentimentos diferentes. Não demora muito para ele ficar convencido que Nia também tem sentimentos, apesar de escondê-los. Agora, em uma sociedade onde até mesmo o toque é proibido, eles terão que arranjar um jeito de ficarem juntos ao mesmo tempo em que tentam evitar as consequências mortais de serem pegos.

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Antes de pesquisar mais sobre o filme, estava convencido que ele era baseado em algum livro – especialmente por já ter criticado um Piloto de TV não aprovado que abordava exatamente o mesmo tema. Fiquei surpreso ao constatar que a saga literária da Lauren Oliver não é a única a desenvolver o assunto, apenas uma das mais recentes.

Este filme foi cansativamente comparado a outras produções, como ‘THX-1130‘, ‘Equilibrium‘, ‘A Ilha‘, e, até mesmo, erroneamente apontado por diversos sites especializados como um remake do filme ‘1984‘. De fato, ‘Quando te Conheci‘ pega vários elementos dos filmes citados – e ainda de mais alguns outros –, mas é aparentemente baseado em um roteiro original. Deixando de lado essas comparações e focando no filme em si, acredito que a trama apresentou sua proposta de forma eficiente, apresentando uma sociedade bem diferente das sagas futurísticas que invadiram os cinemas nos últimos anos.

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O que mais impressiona é que este roteiro tem todos os elementos presentes em adaptações de livros recentes; um futuro utópico/distópico, um romance épico e proibido; o governo maligno; e, ao final de tudo, a sensação de que isso foi apenas o primeiro capítulo de uma saga que focará em derrubar essa sociedade polida e trazer de volta a emoção no coração do povo.

Não deixe de assistir:

É basicamente ‘Jogos Vorazes‘, mas sem os jogos e a emoção. Então não espere grandes confrontos, guerras e a Kristen Stewart com um Mockingjay no ombro dando uma de Katniss. Isso não vai acontecer! ‘Quando te Conheci‘ é um filme cuja história se desenvolve lentamente e sua trama não tem a pretensão de mostrar uma revolução, mas sim o relacionamento amoroso dos dois personagens principais. E, verdade seja dita, Nicholas Hoult e Kristen Stewart têm uma química excelente e estão incríveis em seus respectivos papéis.

Um dos grandes pontos positivos do filme fica por conta de seus valores de produção. A fotografia está excelente, em total harmonia com os conceitos apresentados pelo enredo. Tons frios azulados predominam a tela, até mesmo em cenas ensolaradas – e todos que viram ‘Divertida Mente‘ sabem que azul é a cor da tristeza. Já os tons mais quentes, avermelhados, aparecem justamente nas cenas em que o personagens estão com suas emoções elevadas, criando uma paleta de cores que refletem diretamente as situações da trama. Os cenários, amplos, vazios e sem detalhes, contribuem para a sensação de isolamento, que é um dos pontos principais do roteiro. A direção de arte está realmente impecável, e ajuda a dar credibilidade a este mundo neutro, onde o branco prevalece e a individualidade permanece suprimida.

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Um filme sobre personagens sem sentimentos protagonizado por Kristen Stewart? Parece uma piada pronta para os haters, mas o fato é que ela tem deixado o seu passado de Bella Swan para trás e investido em filmes aclamados criticamente, apesar de desconhecidos pelo grande público. E, como já adiantei, Stewart está muito bem em seu papel, e entrega uma performance forte, assim como o seu companheiro, Nicholas Hoult. Ao final do filme, algumas perguntas ficarão no ar – especialmente sobre o futuro da dupla –, levando a crer que o conceito possa ser expandido em possíveis continuações. O desfecho também traz um ar ligeiramente aberto, cabendo aos espectadores fazerem sua própria interpretação. Se você gostou do romance em ‘Jogos Vorazes‘, provavelmente irá gostar deste filme. Agora, se você só queria mesmo ver os jogos e o romance ficou no meio, afaste-se gentilmente. Brincadeiras à parte, recomendo sim! Achei diferente, tocante e eficiente em sua mensagem.

O DVD e o Blu-Ray chegam às lojas no final de Agosto.

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