Notícias sobre o vigésimo segundo filme da franquia James Bond diziam que este é o filme mais curto de toda a série. Pensei que não ia me contentar com apenas 106 minutos de James Bond, ainda mais depois do superior Cassino Royale e seus 144 minutos.
Os rápidos 106 minutos de pura correria vertiginosa, perseguições nas mais variadas formas possíveis chegam a ser entediante. Martin Campbell está de fora da direção e quem assume dessa vez é o alemão Marc Forster (Caçador de Pipas).
O filme começa exatamente onde 007 – Cassino Royale parou, na Itália, e percorre quase o mundo inteiro, passando pela Bolívia, Haiti, Rússia, Áustria e Inglaterra. Em busca da verdade a qualquer custo, Bond acaba caindo no meio de uma intriga da organização Quantum, na qual seus vilões são eco-especuladores em busca do controle de recursos naturais do planeta.
Na tentativa de seguir a mesma linha realista de Royale, o filme simplesmente não funciona como deveria. Somos apresentados ao mesmo Bond em começo de carreira, despreparado e agindo por impulso atrás de sua vingança pessoal pela morte de Vésper. Por onde Bond passa é deixado um enorme rastro de sangue, fazendo o uso inescrupuloso de sua licença para matar.
No meio do caminho Bond se depara com Camille (Olga Kurylenko), nossa bond girl em perigo, que também está numa cruzada em busca da vingança pelas marcas deixadas por um ditador boliviano.
Bond está mais agressivo e impetuoso, seja atirando em alguém, dirigindo seu Aston Martin (que é logo destruído em minutos na seqüência inicial), pilotando um avião e derrubando helicópteros, ou navegando um barco e destruindo tudo à sua volta. O filme não funciona talvez por isso! James está sempre envolvido em alguma perseguição, seja em terra, água ou ar, o que acaba tornando o filme repetitivo e enfadonho.
Alguns elementos da franquia Bond são trazidos de volta para o filme, como a vinheta inicial do filme com as silhuetas femininas, e as deliciosas agentes que sempre morrem. Strawberry Fields interpretada por Gemma Artenton, é a vítima da vez de James nesse filme. O charme galanteador do agente que acaba levando a “inocente” mulher para cama e por fim, sua trágica morte.
Mas em meio a tudo que acontece de errado no filme, uma seqüência chamou minha atenção: a muito bem editada cena no teatro austríaco é surpreendente, mesclando as cenas do espetáculo teatral e o tiroteio de Bond. Essa cena, no meu ponto de vista, foi a melhor do filme.
Talvez Bond precise sempre repetir a clássica frase “Bond, James Bond” a fim de reafirmar sua identidade no filme, porque se não fosse “M” (Judi Dench) repetindo o nome do agente, eu poderia jurar que estava assistindo mais um filme da franquia Jason Bourne.
Crítica por: Caio Cavalcanti