Lançado em 1998, numa época em que os dinossauros de Steven Spielberg redefiniram os conceitos de aventura nos cinemas, Godzilla tinha a insensata missão de americanizar o maior monstro da história do Japão. Com chancela da Toho, a TriStar gastou uma bolada para tentar criar a próxima franquia de sucesso de Hollywood. Só que o resultado foi tão catastrófico que o tal “Zilla” acabou virando uma piada bizarra dentre os fãs do monstrão. No entanto, mesmo sendo um fracasso de crítica, o longa até que surpreendeu quem esperava uma bomba nas bilheterias. Confira as dez curiosidades que o CinePOP separou sobre esse filme tão controverso!
Tentou impedir
Quando soube que a TriStar estava fazendo um remake norte-americano de Godzilla e que traria Roland Emmerich para dirigir o projeto, o lendário produtor e diretor Steven Spielberg ficou desesperado e tentou ao máximo ligar para Roland para convencê-lo a não dirigir esse filme por considerar uma ideia idiota fazer uma versão hollywoodiana do monstro mais famoso do cinema japonês. Como não conseguiu, ele se recusou a assistir ao longa por amor às boas memórias que o original rendeu a ele durante a infância.
Liberdade total
Ao contrário de Spielberg, Roland Emmerich passava longe de ser um fã do Godzilla original. Na verdade, ele chegou a dizer que não gosta do monstro clássico. E vendo o filme, isso aí fica nítido, porque só mesmo não sendo um fã para cometer tamanho desrespeito ao Rei dos Monstros. Ele justificou que só aceitou o cargo de diretor porque recebeu sinal verde do estúdio para fazer tudo o que quisesse no comando da franquia. Anos mais tarde, ele se disse arrependido de ter aceitado o trabalho.
Desrespeito
Quando concordou em repassar os direitos de adaptação para a versão norte-americana, a Toho enviou um dossiê com 75 páginas descrevendo quais as características do Godzilla, tanto de aparência quanto de comportamento, deveriam ser preservadas para manter o legado e a originalidade do personagem. Dentre elas, estava acordado que ele deveria ter sua origem ligada aos acidentes atômicos, que ele não poderia se alimentar de seres humanos, apenas de peixes, e de forma alguma poderia se parecer com um dinossauro.
Descaracterizado
A bizarrice desse projeto foi tão grande que o diretor conseguiu ignorar praticamente todas as exigências da Toho, descaracterizando por completo o monstrão. Enquanto o original tem sua origem vinda da radiação dos testes nucleares, fazendo com que as potentes e mortais bombas o fortaleçam, o “Godzilla” de Emmerich tem um visual próximo aos dinossauros de Jurassic Park e passa o clímax do filme fugindo dos mísseis nucleares dos EUA.
Ilha familiar
O primeiro vestígio desse “Godzilla” surge em um local bastante familiar. Quem é fã das produções dos anos 90 provavelmente reconheceu a ilha onde aparece a pegada do monstrão como a Ilha Nublar, de Jurassic Park (1993). Isso não é coincidência. Emmerich se inspirou tanto nos dinossauros de Spielberg que acabou gravando na mesma locação que o amigo, no Kualoa Ranch, no Havaí.
Corte jurássico
A ideia da TriStar era ter seu próprio ‘Jurassic Park’, e isso ficou nítido com o teaser do filme que trazia um passeio de escola ao museu, em que as crianças, assim como no filme de 1993, se aterrorizavam com o fóssil de um T-Rex, o grande ‘Rei dos Dinossauros’. Até que o pé gigantesco do Godzilla atravessa o telhado e esmaga o Tiranossauro como se fosse um mosquito. A mensagem que eles quiseram passar foi claríssima, mas acabou que essa cena sequer entrou no corte final do filme, sendo que ela custou nada menos que 600 mil dólares. Bizarro, né?
Furada
Diferentemente dos longas originais, o protagonista da versão norte-americana foi um ser humano, não o Godzilla. E para convencer Matthew Broderick a estrelar o longa, a equipe criativa escreveu o personagem exclusivamente para ser vivido por ele. Esse argumento pesou e seduziu o ator a aceitar o papel sem sequer ter lido o roteiro, que só seria finalizado meses depois. Se tivesse lido a bomba, talvez não tivesse aceitado.
Continuação
Como foi pensado para ser uma franquia, o primeiro filme já deixa um gancho para uma sequência, na qual um dos bebês sobrevive ao ataque no Madison Square Garden. Nos planos originais, o segundo filme mostraria esse bebê sendo mantido em cativeiro na Austrália, o que obviamente não daria certo. Porém, dado o desempenho vexatório nas críticas, essa sequência nunca aconteceu. Em 2004, em Godzilla: Batalha Final, o “Zilla” norte-americano é visto tocando o terror em Sidney, fazendo uma referência à continuação que nunca saiu do papel.
Ofensa internacional
O Godzilla é tão importante para a Cultura Pop japonesa que ele é considerado um dos embaixadores oficiais do país. Então, com as primeiras críticas sobre a versão americana extremamente negativas, o filme chegou aos quatro cantos do mundo sob forte desconfiança. No Japão, a situação foi ainda pior, porque o longa é tão ruim que se tornou ofensivo no país. Tentando reduzir os prejuízos em bilheteria no país, o porta-voz da Toho na época deu uma bola fora daquelas. Ele chamou os fãs de hipócrita porque também criticavam fortemente os filmes clássicos do Godzilla. A fala pegou super mal e o filme se tornou um fracasso colossal no país.
Nem tão mal assim
Apesar das críticas péssimas e de ter fracassado no Japão, Godzilla terminou 1998 com a terceira maior bilheteria daquele ano, arrecadando cerca de 379 milhões de dólares. E isso acabou sendo usado como argumento para que o ator Matthew Broderick dissesse não entender como consideram esse filme um fracasso.
Godzilla está disponível no catálogo da Netflix.