A cerimônia do Oscar 2019 foi ao ar no último domingo e, como sempre, alguns vencedores dividiram a opinião dos fãs e cinéfilos. No entanto, nem só de prestígio e prêmios é feito uma carreira e todo mundo tem seus “esqueletos no armário”, que gostariam de apagar da existência. Isso acontece até mesmo com atores vencedores ou indicados ao Oscar.
E para pegar o gancho ainda muito fresco dos últimos prêmios da Academia, o CinePOP resolveu criar uma lista diferente e divertida, apresentando alguns dos maiores deslizes nas carreiras dos atores indicados ao prêmio máximo do cinema nesta última edição.
Queremos deixar claro que esta lista não pretende ofender ninguém e você tem todo o direito de gostar de muitos, alguns ou todos os filmes nela contidos. A lista é baseada somente na recepção de crítica e público de tais obras em seus lançamentos. Então, vem conhecer.
Rami Malek (Need for Speed, 2014)
O jovem Rami Malek venceu o Oscar de melhor ator por seu retrato do icônico frontman da banda Queen, Freddie Mercury, em Bohemian Rhapsody. O talento do rapaz de 37 anos não é novidade, no entanto, basta olhar para trabalhos como a série Mr. Robot (2015- ) ou o remake de Papillon (2017), no qual interpretou o papel que havia sido de Dustin Hoffman no original. Em 2014, porém, Malek foi Finn, um dos colegas que adoram tunar carros do protagonista vivido por Aaron Paul em Need for Speed: O Filme, blockbuster baseado num famoso vídeo game, que tinha potencial para se tornar o novo Velozes e Furiosos, mas terminou passando em branco.
Mahershala Ali (Predadores, 2010)
O talentosíssimo Mahershala Ali aos poucos vai adentrando o seleto time dos maiores astros de Hollywood na atualidade. E se dois Oscar num intervalo de dois anos não aumentar consideravelmente as possibilidades para ele, nada mais vai. De trabalhos consistentes após sua vitória por Moonlight (2017), Ali parece estar em todo lugar (atualmente em Homem-Aranha no Aranhaverso, Alita: Anjo de Combate e na nova temporada de True Detective). O ator arrumou uma nova amiga para sua estatueta no último domingo, se consagrando pelo papel do músico Dr. Don Shirley no drama racial Green Book. Quando não era muito famoso, Ali foi um dos exímios matadores condenados, que caíram literalmente de paraquedas num hostil planeta para serem caçados por criaturas alienígenas em Predadores (2010), terceiro filme da franquia O Predador, produzido por Robert Rodriguez. O curioso é que no filme, o ator é creditado por seu nome de batismo – ainda mais complicado do que o atual: Mahershalalhashbaz (é sério!) Ali -, nome que utilizou em todos os seus créditos até 2012.
Bradley Cooper (Sob o Mesmo Céu, 2015)
Um dos nomes mais quentes de Hollywood no momento, o ator Bradley Cooper fez a transição perfeita para trás das câmeras, se tornando um diretor de mão cheia. Incentivado pelo mestre Clint Eastwood, com quem aprendeu muito do que utilizou em Nasce uma Estrela, Cooper recebeu de uma tacada só três indicações este ano pelo longa: ator, roteirista e produtor (e merecia de diretor também), e ainda aprendeu a cantar, mas infelizmente não levou nenhum. Antes disso, foram indicações como ator por O Lado Bom da Vida (2012), Trapaça (2013), Sniper Americano (2014) e produtor deste último filme. Mas não pense você que Cooper não tem seus deslizes. Aqui iremos abordar um dos mais recentes, quando seu nome já era grande. Trata-se do equivocadíssimo Sob o Mesmo Céu (Aloha), bola muito fora do diretor Cameron Crowe em 2015. Era para ser um romance fofo, mas se torna, entre outras coisas, extremamente de mau gosto e até racista. Mas você pensa que Cooper entrou nessa sozinho? Olha só este elenco: Rachel McAdams, John Krasinski, Alec Baldwin e Bill Murray. Porém, quem mais sofreu com a negatividade foi Emma Stone, que no filme interpreta uma descendente de asiáticos – o típico Whitewashing de Hollywood – pelo qual a estrela pediu desculpas publicamente.
Sam Elliott (Cadê os Morgan?, 2009)
Com jeitão do típico cowboy americano, sua peculiar voz grave e um senhor bigode grisalho, Sam Elliott é um dos grandes veteranos da indústria. Com 99 créditos como ator e uma carreira que já dura quase 5 décadas, o ator nunca havia sido indicado ao Oscar. O erro foi corrigido nesta edição, na qual foi lembrado para uma nomeação como coadjuvante em Nasce uma Estrela, por seu desempenho como o irmão mais velho do personagem de Cooper. E Elliott está mesmo grandioso em cena. Porém, com uma carreira tão extensa quanto a sua era de se esperar um deslize uma hora ou outra. Aqui, iremos apresentar um longa um pouco mais recente. Na comédia Cadê os Morgan?, Hugh Grant e Sarah Jessica Parker vivem um casal yuppie divorciado que presencia um crime e precisa aderir ao programa de relocação de testemunhas para não se tornarem as próximas vítimas. Assim, além de precisarem conviver novamente, eles são levados a viver no interior, numa área rural acolhidos por xerife de uma cidadezinha e sua esposa. E adivinha quem é o xerife cowboy com direito a chapéu e tudo? Isso mesmo, Sam Elliott. Cadê os Morgan? parece um destes roteiros congelados no tempo, saídos lá da década de 1980.
Christian Bale (O Exterminador do Futuro: Salvação, 2009)
Um dos grandes atores de sua geração, Christian Bale já fez quase tudo em sua carreira. Uma de suas especialidades, além de interpretar o Batman, é perder ou ganhar muito peso. O ator camaleônico também soma nada menos que 4 indicações ao Oscar – sendo que sua primeira, em 2011 por O Vencedor, também lhe rendeu o Oscar de melhor coadjuvante. Por seu retrato como Dick Cheney na sátira política Vice, muitos acreditavam que ele teria agora um Oscar como ator principal. Não foi desta vez, mas seu talento é indiscutível. Olhando para os pontos baixos (poucos, já que Bale escolhe bem seus projetos), podemos apontar um filme que não foi sucesso de crítica ou público, mas que na humilde opinião deste colega que vos fala, está longe de ser um filme ruim. Em O Exterminador do Futuro: A Salvação (2009), Bale vive o líder da revolução contra as máquinas, John Connor, já adulto. Este é o primeiro filme da franquia passado inteiramente no futuro e o único que não envolve viagem no tempo. Talvez por isso não tenha caído tanto no gosto popular. Mas mesmo assim, está anos luz acima do último exemplar, Gênesis (2015).
Adam Driver (Sete Dias Sem Fim, 2014)
Adam Driver é um ator que se tornou motivo de culto no meio alternativo. Em parte, este status vem de sua participação em séries como Girls (2012-2017) e filmes como Frances Ha (2012), celebradas entre as meninas da geração milênio. Aos poucos foi popularizando seu nome fora de nichos, em especial quando se tornou o vilão Kylo Ren da maior franquia do cinema: Star Wars. Este ano, Driver recebeu sua primeira indicação ao Oscar pelo desempenho em Infiltrado na Klan, de Spike Lee, no qual vive um policial ajudando a desbaratinar uma célula da Ku Klux Klan. Antes disso, mas não tão antes assim, Driver foi um dos membros de uma disfuncional família em Sete Dias Sem Fim, que se reúne para o enterro e velório do pai. O longa tinha tudo para ser uma afiada comédia dramática, já que conta com nomes como Tina Fey, Jason Bateman, Jane Fonda, Rose Byrne, Kathryn Hahn, Corey Stoll, Connie Britton e Timothy Olyphant – mas se torna apenas um exercício tedioso em frustração.
Willem Dafoe (Death Note, 2017)
O grande Willem Dafoe é indiscutivelmente um dos melhores atores do cinema ainda em atividade. Com três indicações ao Oscar anteriores ao longo de sua carreira, este ano ele foi novamente lembrado por seu desempenho biográfico do pintor Vincent van Gogh no sensível No Portal da Eternidade. Como todo grande ator, Dafoe também possui sua cota de fiascos na carreira e poderíamos apresentar alguns aqui – vide Corpo em Evidência (1993), com Madonna, ou Velocidade Máxima 2 (1997). No entanto, a escolha foi por algo mais recente e ainda na memória de vocês (por mais que pessoalmente não concorde muito – risos). Explico. Talvez eu seja a única pessoa na face da Terra que não morreu de ódio por Death Note, a versão americana do famoso anime, lançado na Neflix em 2017. Em partes por não ser fã de tais desenhos japoneses, o longa não me pareceu muito errado. No filme, Dafoe empresta sua voz para o demônio Ryuk.
Sam Rockwell (Poltergeist, 2015)
Esse é indefensável. Sam Rockwell é um ótimo ator e nos últimos tempos os votantes da Academia começaram a notar isso – tanto que ele levou para casa o Oscar ano passado por Três Anúncios para um Crime. E voltou a disputar o prêmio este ano ao viver George W. Bush em Vice. Mas é só dar uma olhada em trabalhos como À Espera de um Milagre (1999), Confissões de uma Mente Perigosa (2002) e Lunar (2009) para perceber que seu talento esteve sempre ali, as pessoas só precisavam olhar. Porém, em 2015, quando aceitou viver o pai da família na refilmagem do clássico oitentista Poltergeist – O Fenômeno, Rockwell estava prestes a pagar muitos de seus pecados. Percebemos em tela o desconforto e a má vontade do ator no filme – má vontade esta que se estendeu durante a divulgação da bomba, digo, longa.
Viggo Mortensen (Psicose, 1998)
Outro ator mais do que talentoso que ainda não viu seu lugar ao sol, Viggo Mortensen juntava indicações por Senhores do Crime (2007) e Capitão Fantástico (2016), filmes que exalam sua criatividade e alcance. Green Book soma a esta lista com seu desempenho do motorista italiano grosseirão Tony Lip – com direito a muitos quilos a mais, coisa que a Academia adora. Em sua carreira, Mortensen tem alguns deslizes também, afinal é apenas humano. Entre eles, um dos que mais se destacam é o remake do clássico absoluto de Alfred Hitchcock, Psicose. Assim como no item acima, mexer com uma produção clássica adorada é como fuxicar uma casa de marimbondos, nada de bom sairá disso. Mas ao contrário do item acima, o remake de Psicose foi dirigido por um cineasta muito tarimbado, Gus Van Sant. No filme, Viggo é Sam Loomis, o namorado da protagonista Marion Crane, vivida pela sumida Anne Heche.
Richard E. Grant (Penelope, 2006)
Talvez o ator menos conhecido da lista, o britânico Richard E. Grant é aquele tipo de ator que sabemos ter visto em algum filme, mas não lembramos em qual e nem mesmo seu nome. Bem, isto é, até agora. Com sua indicações este ano pelo subestimado Poderia me Perdoar?, Grant promete escrever seu nome na história do cinema e galgar novos patamares em seu currículo. O ator já esteve presente em títulos como Game of Thrones (2016), Logan (2017), Dupla Explosiva (2017) e O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos (2018). Uma de suas performances mais marcantes é em A Recompensa (2013), com Jude Law, e em breve ele poderá ser visto em Star Wars – Episódio IX, que será lançado em dezembro deste ano. Mas onde E. Grant pode ser visto também é no bizarro Penelope, filme baseado em um livro e protagonizado por Christina Ricci, James McAvoy e Reese Witherspoon. Na trama, Ricci é uma jovem que nasceu com nariz de porco, o que afasta todos os seus pretendentes. O ator vive seu pai nesta definição de roteiro estranho.