Parece que foi ontem que o querido Paulo Gustavo nos encantou e nos fez chorar de tanto rir com sua maior criação, a Dona Hermínia, chegando aos cinemas pela primeira vez. Mas já passaram 10 anos desde o primeiro filme. Dá para acreditar? De lá para cá aconteceu muita coisa, como a triste morte do comediante, que era uma paixão nacional, graças ao vírus da COVID na pandemia. É simplesmente inacreditável. Mas aqui iremos falar de coisas boas e o legado de Paulo Gustavo será eterno.
Este ano, a ótima Sophie Charlotte estrelou como Gal Costa em ‘Meu Nome é Gal’ e participou até mesmo de ‘O Assassino’, filme internacional dirigido por David Fincher. Mas há 10 anos, ela estreava no cinema em sua primeira produção nacional. Bem, com essas introduções você já deve ter sentido que: A) esta nova matéria irá falar sobre filmes brasileiros; e B) terá foco nas produções nacionais mais queridas que estão completando 10 anos de estreia em 2023. Pois é isso mesmo. Confira abaixo e diga quais já assistiu.
Minha Mãe é uma Peça
O saudoso e inesquecível Paulo Gustavo sequestrava nossos corações com ‘Minha Mãe é uma Peça’, uma das comédias nacionais mais queridas e engraçadas de todos os tempos. O filme, é claro, adapta para as telonas a peça de mesmo nome criado por Paulo e baseada em sua vivência com a mãe, Dona Déa Lúcia. O filme que conta as desventuras de uma mulher divorciada de meia idade, com três filhos adultos, fez tanto sucesso que gerou duas continuações, uma em 2016 e outra em 2019. E temos certeza que se não fosse a morte de Paulo Gustavo ainda iríamos ganhar um ‘Minha Mãe é uma Peça 4’. É uma pena. Os filmes foram alguns dos maiores sucessos nacionais de todos os tempos.
O Lobo Atrás da Porta
Aqui pulamos de uma comédia hilária (que é uma preferência nacional) para um thriller dramático que é um verdadeiro soco no estômago. Que a talentosíssima Leandra Leal é um dos maiores nomes de nosso cinema, isso todos já sabem. Leandra começou bem jovenzinha, e há 10 anos já era um talento enorme, entregando uma atuação poderosa como “a fera da Penha” – uma mulher renegada pelo homem que achava ser o amor de sua vida, que perde completamente a cabeça e comete uma das maiores atrocidades que se tem notícia.
Escrito e dirigido por Fernando Coimbra (cineasta que se solidificou nos EUA com carreira por lá e trabalhos como ‘Narcos’, ‘Outcast’, ‘Dilema’ e ‘Perry Mason’), o filme é baseado em uma aterradora história real. Uma ‘Atração Fatal’ levada às últimas consequências, sem final feliz, por se tratar do mundo real. Assim como o personagem de Michael Douglas, o hipnótico Milhem Cortaz vive um homem casado, que tem um caso e traz a tragédia para dentro de casa.
Flores Raras
Com ares de produção internacional, mas sendo uma obra cem por cento brasileiras, ‘Flores Raras’ também é baseado em uma história real, e conta sobre o relacionamento entre a poetiza americana Elizabeth Bishop e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares durante as décadas de 1950 e 1960. O filme é dirigido pelo lendário Bruno Barreto, responsável por grandes sucessos atemporais do cinema brasileiro, vide ‘Dona Flor e seus Dois Maridos’ (1976), ‘Gabriela’ (1983) e ‘O Que é Isso Companheiro?’ (1997). Nos papeis principais, a nossa musa Glória Pires e a australiana Miranda Otto.
Faroeste Caboclo
No Brasil e no mundo, um dos subgêneros que ganhou muita força nos últimos anos – apesar de sempre ter existido – foi o das cinebiografias musicais. Esses tipos de filme contagiam os espectadores que podem ouvir em grande estilo as canções de seu músico ou banda preferidos, e ainda por cima conhecer um pouco mais de sua trajetória. Foi o caso recente com a banda Queen em ‘Bohemian Rhapsody’ e Elton John em ‘Rocketman’.
No Brasil, o cineasta René Sampaio descobriu ainda um novo filão: adaptar músicas de bandas queridas para o cinema. Bem, na verdade ele por enquanto só fez com uma banda, uma das maiores do país: a Legião Urbana. Foi o que inspirou o diretor a criar ‘Faroeste Caboclo’, com Fabrício Boliveira e Isis Valverde. Anos depois ele repetiria a dose com ‘Eduardo e Mônica’. E já queremos a próxima, assim como a adaptação de músicas de outros artistas também.
Meu Passado me Condena
Agora finalmente retornamos para as comédias, com Fábio Porchat e Miá Melo adaptando para as telonas a sua peça de teatro, que por sua vez havia virado série de TV depois dos palcos. A história apresenta as desventuras de um casal, com muito bom-humor, e a ironia implícita do humorista. No comando da obra para o cinema a talentosa cineasta Julia Rezende, dos ótimos ‘Ponte Aérea’ (2015), ‘De Pernas Pro Ar 3’ (2019) e ‘Depois a Louca Sou Eu’ (2019).
Na trama, Fábio é um sujeito imaturo, e Miá é uma pseudointelectual. Eles não poderiam ser mais diferentes, mas se apaixonam e se casam. A lua de mel é um cruzeiro para a Europa, onde tudo e mais um pouco irá acontecer. O sucesso gerou uma sequência dois anos depois. Sabemos que Fábio Porchat é provavelmente um dos homens mais ocupados do Brasil, mas que seria legal um terceiro filme, seria.
Somos Tão Jovens
Por falar em ‘Faroeste Caboclo’, a banda Legião Urbana nunca esteve tão viva na cultura pop quanto há 10 anos – quando recebeu duas belíssimas homenagens nas telonas. Ao contrário de ‘Faroeste Caboclo’ e ‘Eduardo e Mônica’, ‘Somos Tão Jovens’ é a própria biografia da banda e de seu frontman Renato Russo, vivido por Thiago Mendonça. Os filmes foram lançados quase 20 anos após a morte do saudoso e inesquecível músico.
Serra Pelada
Outro filme nacional que chamou bastante atenção há 10 anos foi ‘Serra Pelada’, longa de Heitor Dhalia, que retrata o maior garimpo a céu aberto do mundo. Em uma época em que se combate muito o garimpo ilegal em nosso país, pelos malefícios extremos que causam ao meio ambiente, ‘Serra Pelada’ é obrigatório para aprendermos com a história. Passado na década de 1970, quando ocorreu uma verdadeira corrida pelo ouro em nosso país.
O diretor é conhecido pelos ótimos ‘O Cheio do Ralo’ e ‘À Deriva’, e já fez filme na gringa com o thriller ’12 Horas’. O elenco conta com a nata do cinema nacional: Juliano Cazarré, Júlio Andrade, Matheus Nachtergaele, Wagner Moura (quase irreconhecível) e a estreia da talentosa Sophie Charlotte no cinema.
Até que a Sorte nos Separe 2
Entre grandes produções nacionais, dramas e as adoradas cinebiogragfias, não podemos esquecer as comédias – uma grande paixão nacional. E por enquanto só tivemos duas na lista. Agora chega a terceira. ‘Até que a Sorte nos Separe’ foi o primeiro grande sucesso da carreira de Leandro Hassum nos cinemas e se tornou uma de nossas maiores franquias. A prova disso é que um quarto filme já está sendo planejado.
Na trama baseada no livro ‘Casais Inteligentes Enriquecem Juntos’, Leandro Hassum é Tino, um professor de academia que ganha na loteria e do dia para a noite fica milionário. Porém, ele, ao lado da esposa, e da família, torra todo o dinheiro e agora precisa disfarçar a perda. Essa primeira sequência os leva para Las Vegas, traz participação especial do lendário Jerry Lewis reprisando um de seus papeis mais icônicos, e ainda brinca com a mudança de Danielle Winits para Camila Morgado no papel da esposa. O terceiro filme foi lançado em 2015.
Uma História de Amor e Fúria
Finalizando a lista temos duas animações, para os que acham que o Brasil não aposta em outros gêneros. Só aqui nesta lista tivemos exemplos de gêneros dos mais variados. Em uma mistura de aventura e ficção científica, acompanhamos um amor que dura 600 anos, e segue a história de nosso país, desde a colonização, a época da escravidão, o domínio militar na ditadura até chegar ao futuro do país, no ano de 2096, com uma nova guerra, a da água. O filme teve prestígio internacional, e traz as vozes de um trio de peso, com Selton Mello, Camila Pitanga e Rodrigo Santoro encabeçando o elenco de dubladores.
O Menino e o Mundo
Agora chegamos ao último filme presente na lista e que também é uma animação. Indo na contramão do item acima, ‘O Menino e o Mundo’ é uma animação “muda”, ou seja, não possui diálogos, apesar de ter som e trilha sonora. É uma experiência imersiva e muito mais visual. Ao contrário da badalação do item acima, é um longa muito mais intimista, criado através de uma técnica simples, mas muito eficiente. Tanto que se tornou um dos filmes mais prestigiados da história recente do cinema brasileiro, concorrendo ao Oscar de melhor animação em 2016. Definitivamente um feito histórico para nosso país.