Um dos profissionais de maior importância dentro de todo o processo de um filme (desde ao chamada pré-produção até ao último momentos da finalização), os diretores de fotografias são responsáveis desde pesquisas, iluminação, movimentos de câmera, em cada parte do processo de um filme esses guerreiros do audiovisual desempenham funções diferentes. Estrutura dos planos, luz, lentes… são tantos detalhes que as vezes passam batido quando analisamos uma obra como um todo.
Como forma de homenagem a esses profissionais fantásticos, do Brasil e do mundo, criamos uma lista para relembrar grandes filmes com destacadas fotografias:
A lealdade cega pode se tornar sufocante. Produzido pela Netflix, o trabalho do ótimo cineasta David Fincher (Seven, A Rede Social, Clube da Luta…) é um projeto muito interessante, onde cinéfilos se divertirão pois fala sobre bastidores da maior indústria de cinema do mundo e mais especificamente curiosidades sobre a criação do roteiro de um dos mais aclamados filmes de todos os tempos. Com idas e vindas, com direito a generosos flashbacks e uma trama pincelada por arcos descritos como textos de roteiro há muito mais para refletirmos além dos porquês de Cidadão Kane: As teorias do futuro do cinema para as pessoas da época, As hipocrisias de um mercado capitalista que sempre esteve acima da arte, revoluções e reviravoltas em diversos pontos de ebulições em uma indústria e sua eterna roda gigante de ego e ganância pelos que defendem a interesse de poderosos. Ótima direção de Fincher, grande atuação de Gary Oldman. O diretor de fotografia é o norte-americano Erik Messerschmidt.
Quando a lealdade se encontra com a humanidade. O projeto do ótimo diretor britânico Sam Mendes (Beleza Americana) é um show de técnicas de cinema, uma trama empolgante e deliciosamente constante aos nossos olhos, é difícil até parar para respirar ao longo dos 120 minutos de projeção. Rodeado de nomes famosos no elenco, em papéis bastante secundários, vale o destaque para o jovem George MacKay. Um grande filme de guerra, de um grande diretor. Diretor de fotografia: Roger Deakins.
Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum
Com uma introdução musical belíssima, o novo trabalho dos irmãos mais famosos do mundo do cinema pode ser considerado uma baladinha Folk dentro do cinema. Tecnicamente excelente, Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum mostra uma incrível jornada, rumo ao fundo do poço, ao mundo do Entretenimento musical norte-americano, trajeto vivido por uma alma conturbada e deveras sonhadora. A história fica engessada no protagonista mas bons coadjuvantes ajudam a contar esse conto sonhador moderno. Diretor de fotografia: Bruno Delbonnel.
A vida não passa de uma sombra nômade para os que necessitam de algum gesto de reconhecimento. Estimado em U$$ 22 Milhões de Dólares, o inovador projeto do cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu é uma crítica à uma sociedade que necessita dos aplausos e deseja algum dia se tornar um viral da tecnologia. Em Birdman, somos apresentados a um ator, interpretado de maneira brilhante por Michael Keaton, que confunde amor com admiração e que se encontra em uma semi-realidade nada confiante. Nos bastidores de uma peça na Broadway o filme vai ganhando ritmo, tendo por base um roteiro inteligente e dinâmico. Diretor de fotografia: Emmanuel Lubezki.
Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois
Quando a dor é maior que o desejo, o corpo não suporta mais. Lançado anos atrás no circuito exibidor brasileiro, depois de passagens em alguns ótimos festivais, o suspense brasileiro Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois afirma a tese de que cinema também é detalhe, movimento, e algumas vezes uma jornada sob ótica muito individual. Dirigido pelo cearense Petrus Cariry, percebemos uma tentativa de personificação do desgaste emocional, um caminho difícil de criar pensando em cinema, porém, a técnica em sua excelência, principalmente da fotografia (assinada pelo próprio diretor) nos leva a pontos de reflexão.
Depois de um intervalo de 12 anos longe dos cinemas, a cineasta neo zelandesa Jane Campion voltou aos longas-metragens, dessa vez em uma produção para a Netflix que desde suas primeiras exibições, nos Festivais de Toronto e San Sebastian principalmente, vem sendo aguardado por cinéfilos de todo o mundo. Ataque dos Cães não é um filme fácil. Rico em detalhes, com excelentes interpretações, caminhamos até o ano de 1925, no velho oeste americano, onde conhecemos a história de dois ricos irmãos fazendeiros e as surpresas que acontecem em suas vidas quando outras pessoas passam a frequentar suas vidas mais de perto. A direção é estupenda, a fotografia fantástica (assinada por Ari Wegner) e a atuação de Benedict Cumberbatch deve levá-lo ao próximo Oscar.
Medo (Strah)
Quando cansamos de sentir medo nossa existência faz mais sentido. Exibido na Mostra de SP em 2021, o longa-metragem Búlgaro, Medo, (Strah, no original), explora a natureza humana e suas relações girando em torno do tema sempre em pauta na Europa: a imigração. Escrito e dirigido por Ivaylo Hristov, o projeto expõe pontos de vistas, metendo o dedo na ferida sobre um assunto diretamente ligado aos direitos humanos. Há também espaço para reflexões sobre a solidão e um combate constante e intimista sobre o medo. Buscando expressar sentimentos e até mesmo emoções, o uso da fotografia em meio a estética em preto e branco pulsa aos nossos olhos como se conseguisse criar um clima de imersão a tudo aquilo que acompanhamos dentro das conflituosas relação humanas do pré conceito e preconceito. Diretores de fotografia: Emil Christov e Emil Kristov.
O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos. Filme de abertura do Festival de Veneza anos atrás, La La Land – Cantando Estações é um daqueles filmes que dificilmente sairão de nossa memória. Falando sobre a magia de Hollywood, o impactante som do Jazz e principalmente sobre as inúmeras tentativas do ser humano em alcançar os seus sonhos mais lindos, o longa-metragem, é uma aula em como fazer o público se divertir através do olhar de protagonistas (interpretados magistralmente por Ryan Gosling e Emma Stone) que louvam o amor. O jovem cineasta Damien Chazelle (do impressionante Whiplash) mais uma vez brinda os cinéfilos com uma pequena obra prima. Diretor de fotografia: Linus Sandgren.
Buoyancy
A falta de perspectiva em um mundo que se distancia das emoções positivas. Indicado da Austrália ao Oscar de Melhor filme estrangeiro anos trás, Buoyancy, ou Empuxo, como alguns denominaram por aqui, é uma forte e dramática saga de um jovem sem rumo que buscando oportunidades na liberdade das escolhas acaba envolvido no submundo absurdo do tráfico de pessoas. Com uma fotografia impecável e um roteiro com bastante profundidade, o projeto dirigido e roteirizado pelo cineasta australiano Rodd Rathjen (debutando em longas) nos guia para uma metáfora de sobrevivência cruel e impactante. Diretor de fotografia: Michael Latham.
Domando o Destino (The Rider)
Sabemos o que somos, mas não sabemos o que poderemos ser. A difícil decisão de desistir dos próprios sonhos por motivo de força maior. Escrito e dirigido pela cineasta chinesa Chloé Zhao, The Rider é uma fábula moderna, muito real, sobre a arte do se reinventar mesmo que isso vá contra tudo o que sempre conquistou. Falando sobre amizade, família e sonhos, o projeto foi organizado a partir do encontro entre e diretora Chloé Zhao e Brady Jandreau durante a pesquisa da primeira para seu filme anterior, Songs My Brothers Taught Me (2015). Colorindo nosso olhar com uma bela fotografia, The Rider é uma trama envolvente, que busca na profundidade de seu protagonista razões para entendermos melhor o louco mundo em que vivemos. Diretor de fotografia: Joshua James Richards.