O mais novo filme de Peter Pan acaba de chegar neste final de semana na plataforma de streaming da Disney+. A história do menino que não queria crescer é um clássico para contar para as crianças na hora de dormir. Escrita na virada do século XIX para o XX, em meio a muitas mudanças na Inglaterra e na Europa, esta é uma história cheia de simbolismos, os quais não necessariamente continuam a fazer sentido neste século XX. Assim, o novo live action da Disney não é apenas mais uma versão da mesma história: importantes modificações foram feitas, e aqui listamos 10 exemplos que tornam esta uma melhor versão de Peter Pan – mas cuidado, pode conter pequenos spoilers.
10 – Novo Peter
O novo Peter Pan não é ruivinho, como na animação, nem loiro, como nos últimos live-actions. Dessa vez é um ator nascido em Londres, mas filho de uma relação interracial. Isso lhe deu características físicas com as quais boa parte dos meninos poderiam se relacionar (de origens latinas, árabes, indianas, etc), e não só os nórdicos. Dessa forma, Peter Pan se tornou muito mais global.
9 – Meninos Perdidos Diversos
Originalmente, em muitas das explicações, James Barrie, o autor de ‘Peter Pan’, comentou que os Meninos Perdidos seriam tanto as crianças que caíam de seus carrinhos por conta de babás distraídas (um clássico culpar as babás, né?), mas também seriam crianças rejeitadas por seus pais, que ou eram abandonadas, por conta da profunda crise econômica, ou fugiam de casa por causa disso. Então, os Meninos desse filme também são Meninas (afinal, elas também se enquadram nessas questões) e inclui crianças de várias etnias. O legal da nova versão é que em vez de evidenciar o lado ruim dessa leitura, a produção transforma esse elemento em algo positivo, diversificando o elenco com atores de múltiplas origens e características, tornando a nova versão mais inclusiva que todas as outras.
8 – Tigrinha
A Tigrinha é uma personagem indígena na Terra do Nunca e está na história original. Mas dessa vez ela finalmente é retratada como uma indígena, com uma atriz realmente indígena, Alyssa Wapanatâhk, do povo Bigstone Cree First Nation, da reserva de Wabasca, e ela fala em sua língua original no filme. A última versão de Tigrina tinha sido interpretada por Rooney Mara…
7 – Tinker Bell
Não foi só o fato de terem escolhido uma atriz negra para ser a fadinha mágica a única diferença nesse ‘Peter Pan e Wendy’. Ela também mudou o nome: deixou de ser Sininho e assumiu de vez no nome original, Tinker Bell. Mais importante ainda: pela primeira ver Tinker Bell não foi retratada como uma menina ciumenta por causa do Peter, que quer expulsar Wendy da Terra do Nunca; ao contrário, pela primeira vez há sororidade entre elas, que se tornam amigas e se ouvem, evidenciando que o mimado da situação sempre foi Peter, não elas. Legal né?
6 – Uma história para Gancho
Algumas versões já haviam trazido uma história para Gancho, mas nenhuma delas o tinha retratado como o melhor amigo de Peter que, por questões pessoais, haviam brigado e, portanto, se tornado inimigos. Em todas as versões que trouxeram alguma história para ele sempre o retrataram como o inimigo, o cara estraga-festa sem motivo. Nesta nova versão, Gancho tem um pouco de razão, né?
5 – Peter não tão bonzinho
Peter Pan sempre foi retratado como o herói bonzinho, mas isso não necessariamente significa que ele esteja certo o tempo todo, né? Nessa versão, em diversos momentos fica bem claro que a teimosia dele fez com que algumas coisas acontecessem e tomassem outros rumos, como a própria história do Capitão Gancho. Dessa vez o filme retrata as falhas do menino, a ponto de fazê-lo até pedir desculpas. Porque nenhum herói é perfeito.
4 – Wendy não é mãe
Tanto na história original quanto nas outras versões a “função” de Wendy ao encontrar os Meninos Perdidos é se tornar a mãe deles – porque afinal né, a única menina do grupo automaticamente assumiria esse papel. Dessa vez não. No filme atual o diálogo até ocorre, mas Wendy dessa vez fala que não sabe nem se quer ser mãe, que está muito jovem para pensar no assunto. Os tempos mudaram, é legal ver Wendy mostrando outras possibilidades para as meninas atuais, para além de ser mãe.
3 – A própria heroína
Outra mudança crucial no filme é que Wendy não é salva: na real, ela salva a si mesma no filme, e, ainda por cima, salva Peter de cair. Pode não significar muita coisa hoje, mas, para gerações que cresceram vendo mocinhas incapazes de se mexer na espera do herói, ter um filme que mostra a autonomia da personagem feminina transmite a ideia de independência às jovens meninas assistindo hoje.
2 – Gancho não é o pai
Em muitas versões do teatro e do audiovisual, o mesmo ator que faz o pai de Wendy sempre acabava interpretando o Gancho também. Fosse por questões de orçamento, fato é que ao longo de cem anos isso levantou teorias da psicanálise por trás do conto de fadas. Bom, na nova versão fica bem claro que Gancho não é o pai de ninguém.
1 – Peter não é herói sozinho
Outro ponto fundamental foi mostrar que embora seja o líder do grupo, Peter Pan não é herói sozinho: sem a ajuda dos amigos, ele não conseguiria realizar boa parte de suas façanhas. Aliás, sem até mesmo o Gancho Peter sequer teria um propósito de vida! Ou seja, realmente ele não é sozinho.
E aí? Olhando agora, dá para ver que o novo ‘Peter Pan e Wendy’ traz valores bem legais para a criançada né, e faz sentido uma nova versão da clássica história. Bora assistir?