Faltam poucos dias para que Game Of Thrones – GoT chegue ao fim. Finalmente vamos descobrir o que George R. R. Martin entende por final agridoce – certa vez, ele disse que a sua história teria esse gostinho. GoT termina como a maior série dos últimos anos e uma das mais importantes da história da televisão. Há uma infinidade de razões para esta série ter alcançado tanto êxito: a qualidade do elenco, produção impecável, personagens fortes, o momento de alta das narrativas de fantasia, um roteiro profundo e cheio de reviravoltas.
Claro que há muitos motivos para a narrativa da série ter conquistado o público. Certamente, um dos mais marcantes são as mortes. Uma verdadeira marca, a série usa a morte como elemento essencial para impulsionar a narrativa. Tanto que muitas das mortes desta lista foram determinantes para os eventos da série.
Outras narrativas tiveram a morte como elemento essencial. Atualmente, The Walking Dead tem nelas um ponto chave. Todavia, os roteiristas de GoT conseguiram dar um tratamento diferenciado para essa estratégia narrativa. Primeiro, porque as mortes têm peso, alterando a trama; não são mortes sem importância, que logo são esquecidas pelo roteiro. Os espectadores realmente sentem o impacto do evento. Há também o grafismo. São mortes em sua maioria elaboradas e com um apelo visual forte. Por fim, até a última temporada os roteiristas conseguem surpreender o público.
Nesta lista, reunimos mortes marcantes. Algumas entraram mais pelo impacto narrativo, outras pelo lado emotivo, e ainda há muitas que marcaram por serem surpreendentes. Vamos lá! A lista está em ordem cronológica.
Eddard ‘Ned’ Stark
1ª Temporada – Ep. Baelor
A primeira morte de impacto foi a de Eddard ‘Ned’ Stark (Sean Bean). A mãe de todas as mortes. Ned foi apresentado ao público como o protagonista de GoT – até o material publicitário da série brincava com essa expectativa. Afinal, o comum é que uma história se estruture em torno de personagens centrais.
GoT banca o Hitchcock em Psicose e brinca com nossas expectativas: Ned não é o protagonista da série, mas apenas da primeira temporada. A sua morte e seus “erros” políticos são a base da guerra pelo trono de ferro que alimenta muitos dos eventos da série. Ned sempre foi honrado e buscou sê-lo no jogo político de Westeros. Este seu “erro” selou sua morte, que estabeleceu o conflito entre Stark e Lannister.
Além de todo esse impacto, foi ela que ensinou ao público que ninguém estava a salvo em Westeros.
O Casamento Vermelho
3ª Temporada – Ep. The Rains Of Castamere
Ok, não é uma morte, mas um evento. E dos mais importantes. Em termos narrativos, este é, juntamente com a morte de Ned Stark, responsável por muito que aconteceu na série até temporadas recentes. O Casamento Vermelho também foi importante como um recado definitivo: se você ainda não entendeu que ninguém está a salvo, é bom se acostumar!
O evento tem muitas das características que a série deu às mortes: grafismo, dramaticidade e importância nos rumos da história. Até aquele ponto, Robb Stark (Richard Madden) e Catelyn Stark (Michelle Fairley) estavam liderando as batalhas em Westeros. Com o massacre do Casamento Vermelho todo o jogo foi reconfigurado, novas casas ganharam importância e os remanescentes da família Stark caíram no mundo. Foi neste momento que comecei a defender a ideia de que GoT era a narrativa sobre a queda e redenção da família Stark.
Joffrey Baratheon
4ª Temporada – Ep. The Lion and The Rose
Em geral, as mortes em GoT são sentidas pelo público. A de Joffrey Baratheon (Jack Gleeson) foi comemorada! Sádico e mimado, foi o personagem mais insuportável da série! Alguém, certa vez, o comparou àquele moleque mimado que assume a chefia da empresa. Os roteiristas, sabendo que iríamos nos regozijar, deu-lhe uma morte rápida e pouco trágica – se comparada com outras desta lista.
Oberyn Martell
4ª Temporada – Ep. The Mountain and the Viper
A construção desta morte demonstrou o domínio dos roteiristas sobre o elemento morte. Oberyn Martell (Pedro Pascal) apareceu e se foi na 4ª temporada, mas sua passagem foi marcante. Sua personalidade cativante e sua importância na temporada deu ao público a impressão de que ele seria determinante para toda a série. Mas, GoT não tem medo de desperdiçar um grande personagem.
Tywin Lannister
4ª Temporada – Ep. The Children
A morte de Tywin Lannister (Charles Dance) numa latrina foi humilhante para o histórico do personagem. Ele era uma das figuras mais altivas dos sete reinos. Ao matá-lo no banheiro, a série brinca com o contraste – algo recorrente na narrativa. Para a condução da história, a sua morte abriu espaço para Cersei se tornar, em definitivo, líder dos Lannnister e principal figura na guerra pelo trono.
Shireen Baratheon
5ª Temporada – Ep. The Dance of Dragons
Filha de Stannis Baratheon (Stephen Dillane), a pequena Shireen Baratheon (Kerry Ingram) cativou o público com sua fragilidade e doçura. Sua relação com Davos Seaworth foi dos raros momentos de pureza em Westeros. Sua morte foi totalmente inesperada e das mais cruéis, especialmente porque seus pais tiveram culpa. Foi uma das mortes mais sentidas e inesperadas da série.
Stannis Baratheon
5ª Temporada – Ep. Mother’s Mercy
Muitos não vão concordar. Mas, quem acompanhou nossas resenhas ao longo das temporadas de GoT sabe que Stannis está entre os meus personagens favoritos. Figura trágica, sua morte não foi gloriosa, nem esteticamente impactante, sequer foi determinante para o andamento da série. Sua morte ganha destaque pela trajetória do personagem. Um sujeito dividido entre a ambição e a honra, entre a razão e o fanatismo, ele encarava sua vida como uma sina. Sua trajetória de herói trágico grego foi confrontada com uma morte sem glórias, coroando esta figura singular de Westeros.
Jon Snow
5ª Temporada – Ep. Mother’s Mercy
De longe a morte de Jon Snow (Kit Harington) foi a que mais comoveu e surpreendeu o público. O último episódio terminou com seu corpo estendido na neve. Muito se especulou sobre a sua morte e, principalmente, sobre o seu retorno na temporada seguinte. O fato é que poucos personagens na série venceram a morte. No caso, mais do que a morte, foi a ressurreição que marcou. Jon Snow, que já vinha ganhado protagonismo, tornou-se mítico. Agora, é aguardar a temporada final para saber se ele será o Azor Ahai, como se comenta nos corredores da internet.
Hodor
6ª Temporada – Ep. The Door
Aí, você chega à sexta temporada de GoT e acha que nada mais pode te abalar. Nada mais pode ser mais impactante e emotivo. É quando os roteiristas decidem explicar o nome de Hodor (Kristian Nairn) e nos fazem chorar… Foi a morte mais triste de todas. Hodor era uma das figuras mais doces da série e sua morte revelou toda a dor e trauma que ele carregava. Seu heroísmo coroou um dos sujeitos mais boa praça de Westeros.
Tommen Baratheon
6ª Temporada – Ep. The Winds of Winter
O último nome da nossa lista entra muito pelo contexto. O personagem Tommen Baratheon (Dean-Charles Chapman) só ganhou destaque depois da morte do irmão. Figura de rara inocência no universo da série, Tommen foi um joguete nas mãos da mãe. Encerrando uma das sequências mais impressionantes da série, Tommen se atirou da janela – em uma cena extremamente seca e sem firulas – desolado pela perda da sua amada – tudo bem que Margaery Tyrell não era digna do rapaz, mas ele sabia menos do que Jon Snow -, sua morte resultou na usurpação do trono por Cersei, resultando na cena de coroação mais sombria da série.
E aí, quem vocês acham que faltou nesta lista? Game retorna neste domingo para a HBO em sua temporada final. Iremos fazer a nossa tradicional live comentando cada episódio assim que ele acabar. Fiquem de olho nas nossas redes sociais:
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