Os 40 são os novos 30. Quando falamos em cinema isso pode muito bem ser verdade. Afinal, só de pensar que alguns filmes verdadeiramente icônicos farão 40 anos em 2020, dá aquela nostalgia e cai a ficha de que os anos estão passando para nós também. Quem cresceu nos anos 1980, começará a sentir o peso nesta década que chegou.
E para começar a nos sentir mais velhos, O CinePOP resolveu olhar para um gênero específico, que tanto adoramos: o terror! Vem com a gente conhecer os clássicos do terror que completam 40 anos em 2020.
O Iluminado
Clássico absoluto não apenas do gênero, como do cinema em geral, este filme do mestre Stanley Kubrick é considerado uma das melhores obras de terror já produzidas na sétima arte. Isto é, na opinião de grande parte do público e dos críticos, porque se dependesse do criador do texto, Stephen King, o filme estaria relegado ao fracasso. Coisa de gênio excêntrico. E tudo porque Kubrick mudou muito do livro (e melhorou) do autor. Como comemoração do aniversário desta obra-prima imortal, a Warner confeccionou ano passado uma continuação para O Iluminado nos cinemas. Doutor Sono é igualmente baseado num livro de King.
Sexta-Feira 13
Tudo começou aqui! A franquia Sexta-Feira 13 se tornou uma das mais populares do cinema slasher, e nos anos 1980 reinou absoluta, lançando um longa por ano basicamente. A ideia do produtor e diretor Sean S. Cunningham foi pegar carona no sucesso de Halloween (1978), que havia estreado dois anos antes, garantindo para si um terror criado nos mesmos moldes (psicopata misterioso persegue jovens) e uma marca com o título de uma data icônica relacionada ao terror. Outras diferenças eram que o ambiente urbano da cidade dava lugar a um acampamento de férias (criando assim seu próprio subgênero) e a identidade do assassino era mantida até a revelação final – e não, não era o Jason.
The Fog – A Bruma Assassina
Falando de Halloween, antes de produzir a sequência para seu mega sucesso independente, o criador John Carpenter confeccionou esta obra, dona de uma premissa original, mas que infelizmente não emplacou no gosto dos críticos e do público como seu trabalho anterior. Mais ambicioso, o filme seguinte de Carpenter contava uma história de piratas fantasmas amaldiçoados, que fariam os Piratas do Caribe (2003) se borrarem nas calças de medo. De fato, esta pode ser considerada a primeira continuação não oficial do filme anterior do cineasta, já que conta com a presença de Jamie Lee Curtis protagonizando e o roteiro e produção de Debra Hill, parceira do diretor em Halloween. O longa ganhou um remake em 2005.
A Mansão do Inferno
Seguindo com grandes nomes do terror, pulamos de John Carpenter para o italiano Dario Argento. O cineasta sempre esteve no submundo, nunca adentrando o mainstream, e ainda é desconhecido para grande parte do público. Porém, sua importância é inegável, e Argento é considerado um mestre para os cinéfilos e especialistas no gênero. Ele foi um dos pais do subgênero Giallo – tipo de filme que ajudou a criar as produções slasher americanas na década de 1980. Mas Argento também trabalhou com temáticas sobrenaturais, como em seu clássico absoluto Suspiria (1977), que foi refilmado recentemente. E A Mansão do Inferno é justamente a continuação espiritual (ou devemos dizer, assombrada) de Suspiria – ou como ficou conhecida, a trilogia das mães. O foco volta a ser o covil de bruxas, visto anteriormente numa escola de dança na Alemanha, desta vez ocupando Roma e Nova York simultaneamente, onde dois irmãos investigam cada um nas respectivas cidades.
Viagens Alucinantes
Um dos melhores e mais subestimados filmes da década de 1980, o longa do diretor Ken Russell é baseado num livro, cujo roteiro foi escrito pelo mesmo autor da obra, Paddy Chayefsky. Quem protagoniza é William Hurt, na pele de um jovem cientista em vias de receber um grande prêmio por suas pesquisas. Seus novos experimentos envolvem um alucinógeno fortíssimo, o qual ele começa a testar em si mesmo. As alucinações do sujeito começam a se tornar cada vez mais reais, e sua estrutura e DNA começam a ser alterados, numa espécie de regressão a uma vida passada. O filme foi indicado para dois Oscar: melhor som e trilha sonora.
Baile de Formatura
Também conhecido por seu título original, Prom Night, e pelo nome que a refilmagem recebeu (A Morte Convida para Dançar, 2008), este slasher rotineiro tem como protagonista a “rainha do grito” da época, Jamie Lee Curtis. A trama gira em torno de um psicopata mascarado, buscando vingança contra quatro adolescentes em seu baile de formatura do colégio. As jovens foram, acidentalmente, responsáveis pela morte de uma colega de classe seis anos antes. Além de Curtis, o elenco traz Leslie Nielsen, que depois ficaria conhecido como protagonista de filmes de comédia besteirol. A trama do remake muda a história para um psicopata abusivo, obcecado por uma colegial. Curiosamente, este filme rendeu uma continuação para o cinema (e outras duas direto em vídeo), que resolveram focar no teor sobrenatural, trazendo o espírito de uma menina morta, de volta do túmulo para exercer sua vingança no colégio.
O Maníaco
Polêmico devido a sua violência explícita para a época, O Maníaco é mais um filme da lista que ganhou uma refilmagem – esta lançada em 2012 e protagonizada pelo bom moço Elijah Wood, interpretando o perturbado serial killler. Na trama, um sujeito psicótico, que no passado viveu uma série de abusos na infância, decide sair numa onda de matança por Nova York, coletando o escalpo de suas vítimas como troféus. O maníaco original foi vivido pelo ator Joe Spinell, cuja aparência física é pesada e intensa. No elenco do original, o ator e especialista em efeitos práticos para filmes de terror Tom Savini, que cuidou de algumas das sequências mais famosas do filme, como a do tiro de espingarda na cabeça pelo para-brisa do carro – que fez o crítico de cinema Gene Siskel se retirar da exibição. O remake aposta mais no teor psicológico de seu complexo protagonista, e traz no elenco, no papel da mocinha, a bela francesa Nora Arnezeder.
Alligator: O Jacaré Gigante
Essa é para os nostálgicos das intermináveis reprises do SBT. Também conhecido como O Jacaré Assassino, este filme chegou inclusive a ser exibido nas sessões diurnas do canal do homem de baú – o que, tenho certeza, deve ter traumatizado muitas crianças. Quem cresceu na época, sem dúvidas lembra deste longa com jeitão de trash (mas até que bem produzido para a época, ou seria apenas a memória afetiva falando?). A trama fala sobre um filhote de jacaré sendo jogado na privada e indo parar nos esgotos, onde após ingerir carne de cães usados como cobaia para experiências genéticas e desovados no local, termina por alterar seu tamanho de réptil adulto, virando na fase adulta praticamente um dinossauro andando pela cidade. Quem não ficou chocado com o animal engolindo uma criança dentro da piscina no meio de uma festa de aniversário, não sabe o que era viver nos 80s. Resta apenas descobrir se o filme foi baseado na lenda urbana sobre jacarés nos esgotos dos EUA, ou se a inspirou.
Holocausto Canibal
Voltando a falar de filmes polêmicos e banidos, Holocausto Canibal foi por muitos anos considerado uma das obras mais chocantes e impróprias pelo alto nível do grafismo em sua violência. Há de se argumentar também que o longa do diretor italiano Ruggero Deodato foi o pai dos torture porn – de filmes como Jogos Mortais e O Albergue (e até mesmo A Centopeia Humana), que viriam a perturbar gregos e troianos algumas décadas depois. Este filme foi o precursor da desagradável ideia de mostrar mortes de forma explícita – mesmo que fictícias. Além disso, também se encaixa no subgênero dos found footage, já que a história é contada quando um professor encontra as filmagens de uma equipe de documentaristas violentamente assassinados por uma tribo de canibais na floresta Amazônica. Não chega a ser uma refilmagem, mas Canibais (The Green Infenro, 2013), do diretor Eli Roth (o mesmo de O Albergue), é sua própria versão/homenagem deste terror sádico.
O Trem do Terror
A veterana Jamie Lee Curtis começou a carreira cimentando seu nome como uma das mais proeminentes estrelas de terror da época. O título de “Rainha do Grito” não foi por acaso. Após o sucesso de Halloween, muitos outros roteiros do gênero apareciam em sua porta, e somente nesta lista, ela surgiu em três. Aqui, a ação se desenvolve dentro de um trem (e este parece ser o único diferencial dos milhares de slasher da época). Novamente, assim como Baile de Formatura, uma brincadeira termina de forma trágica, e anos depois os jovens envolvidos são caçados por um assassino mascarado em sua festa de formatura – desta vez, passada dentro de um trem em movimento. Ao contrário dos filmes do gênero estrelados por Curtis anteriormente, este não ganhou uma refilmagem. Uma curiosidade é que no elenco temos o mágico David Copperfield interpretando a si mesmo (ou uma versão de si mesmo), como um ilusionista contratado para a festa, e a beldade Vanity (atriz e modelo falecida) também numa participação.
Saturno 3
Sabe aquela história do “a resposta é essa, mas faz diferente”? Após o sucesso de Alien (1979), um novo subgênero nascia no cinema, e diversas produções tinham como foco uma equipe dentro de uma nave viajando pelo espaço, com alguma criatura monstruosa em seu encalço. E tais obras continham muitas vezes até mesmo nomes pra lá de conhecidos e prestigiados. É o caso desta ficção científica, dirigida por ninguém menos que Stanley Donen, responsável pelo imortal Cantando na Chuva (1952). A trama, apresenta uma estação espacial localizada nos campos de asteroides de Saturno, daí o título, povoada apenas por três oficiais. Ah sim, um deles tem um grande robô que logo começa a lhes dar um grande dor de cabeça. Como se não bastasse o diretor, o filme traz no elenco como únicos personagens gente do peso de Kirk Douglas, Farrah Fawcett e Harvey Keitel.
Intermediário do Diabo
Ainda no terreno doa atores renomados em produções de terror, temos no último item da lista como ator principal o vencedor do Oscar George C. Scott (Patton – Rebelde ou Herói?, 1970). No filme, Scott interpreta um maestro que, num trágico acidente de carro, perde sua esposa e filha. Se recuperando do grande trauma, a pedido de amigos ele aluga uma mansão secular, como forma de ficar isolado, refletir e voltar a compor sua música. Para seu desespero, no entanto, logo o sujeito descobre não estar completamente sozinho no local, ao presenciar o espírito de um menino morto e começar a descobrir toda a trama por trás de tal mistério.