Para fecharmos as comemorações dos 15 anos do CinePOP e já começarmos o ano de forma produtiva, vamos apresentar a terceira e última lista com 15 filmes desses 15 anos. A primeira listou grandes filmes alternativos, pouco conhecidos do público, mas que merecem ser vistos. A segunda enumerou filmes que, nesses 15 anos, mudaram o cinema ou atiçaram o comportamento das pessoas. São 30 filmes que, em sua maioria, têm fôlego para serem clássicos no futuro. Porém, se na primeira lista o critérios foi a pouca fama dos filmes e na segunda não precisava ser um bom filme para entrar nela (caso de Avatar), nesta última, vamos escolher 15 filmes que mesmo não mudando o cinema e nem sendo tão alternativos quanto os filmes cults, possuem qualidades artísticas que fazem deles candidatos a se tornarem clássicos!
Lista em ordem cronológica:
O Pianista (2002), dirigido por Roman Polanski
Em um dos filmes mais fortes sobre a Segunda Guerra, Roman Polanski acompanhou um judeu tentando sobreviver e não ser preso pelos nazistas em pleno gueto de Varsóvia. Contundente, o filme é um hino contra a guerra e uma declaração de amor às artes, o último refúgio de humanidade quando nada mais resta.
Dogville (2003), dirigido por Lars Von Trier
Dogville ficou muito conhecido pela ausência de cenários convencionais. Lars Von Trier usou apenas marcações em um tablado para contar a história de Grace Mulligan, mulher que chega misteriosamente em uma cidade e começa a sofrer todos os tipos de provações. Dos filmes mais impressionantes da carreira do diretor, Dogville não deixa nenhum maniqueísmo de pé!
Kill Bill, 1 e 2 (2003-2004), dirigido por Quentin Tarantino
Escolher o melhor filme de Quentin Tarantino sempre foi difícil, tarefa que se tornou bem mais complicada depois de Bastardos Inglórios, quando o estilo do diretor deixou de ser apenas uma releitura do cinema e passou a ser uma releitura da história a partir da releitura do cinema. Mesmo achando que os grandes clássicos de Tarantino sairão dessa nova fase, não se pode negar que Kill Bill, 1 e 2, tem forte apelo pop e suas imagens entraram o inconsciente de muitos cinéfilos.
Match Point (2005), dirigido por Woody Allen
Woody Allen vinha de uma fase muito fraca, dirigindo filmes magros em comparação com a média de sua obra. Muitos acreditavam que Allen já estava em fim de carreira. Daí, ele pegou seu passaporte, foi para Londres e nos presenteou com Match Point. Desde então, o nível de suas produções cresceu. Match Point será lembrado por sua releitura genial do romance Crime e Castigo e por ter inaugurado uma das fases mais interessantes do diretor.
O Labirinto do Fauno (2006), dirigido por Guillermo del Toro
Primeiro grande sucesso de Guillermo del Toro. Fui ver O Labirinto do Fauno sabendo quase nada sobre o filme e seu diretor. Foi das maiores surpresas que tive nesses 15 anos. Rara combinação de fantasia e realismo, O Labirinto do Fauno continua a ser a obra-prima de del Toro.
Sangue Negro (2007), dirigido por Paul Thomas Anderson
Sangue Negro é um ponto importante da carreira do diretor Paul Thomas Anderson, sendo seu trabalho de maior repercussão e apogeu de seu estilo. Porém, foi seu último filme mais acessível. Realmente, P.T. Anderson nunca foi dos mais fáceis, mas, se compararmos com o que veio depois (O Mestre e Vício Inerente), Sangue Negro é pop. Através da história do explorador de petróleo Daniel Plainview e de sua relação com Sunday, Anderson cria uma trama de drama e tensão, sem se descuidar de brindar o espectador com metáforas e belas imagens.
Onde Os Fracos Não Tem Vez (2007), dirigido por Ethan Coen e Joel Coen
Um faroeste urbano, um suspense com toques de humor negro, um drama intimista em meio ao caos do banditismo. Onde Os Fracos Não Tem Vez é uma das maiores realizações dos irmãos Coen.
Universo Marvel (desde 2008)
Alguns dos leitores podem falar que o Universo Cinematográfico da Marvel deveria estar na lista dos filmes que mudaram o cinema. Talvez, mas, por via das dúvidas, coloco os filmes do estúdio entre os potenciais clássicos. Iniciada em 2008 com o primeiro Homem de Ferro, a Marvel atualizou o velho sistema de estúdio e vem colhendo sucessos de crítica e público. Seja por méritos artísticos ou por sua onipresença no imaginário desta geração, os filmes do estúdio terão algum espaço no cânone cinematográfico.
Se Beber, Não Case! (2009), dirigido por Todd Phillips
Mesmo com duas continuações sofríveis, vimos o talento do diretor Todd Phillips no primeiro Se Beber, Não Case! Dando novo ar às comédias, o primeiro Se Beber, Não Case! merece lugar entre os clássicos da comédia deste começo de século.
A Árvore da Vida (2011), dirigido por Terrence Malick
Este não é apenas um filme estranho de Brad Pitt. É um poema visual. É uma experiência que transcende o cinematográfico, alcançando o metafísico e o espiritual. Depois de um bom tempo parado, Terrence Malick presenteou o público com seu A Árvore da Vida. O filme tem uma rara beleza plástica e metáforas que vão do sagrado ao profano. Pena que, na cena dos dinossauros, muita gente acabou saindo da sala de cinema.
Frozen (2013), dirigido por Chris Buck e Jennifer Lee
Números não são sinônimos de qualidade, mas indicam a força que uma obra tem de ser lembrada pelo público, e isso é um dos fatores que faz com que algo se torne clássico. Frozen foi o desenho de maior sucesso dos Estúdios Disney e virou febre entre as crianças. Frozen também conseguiu atualizar as histórias de princesa agradando todos os públicos.
Invocação do Mal (2013), dirigido por James Wan
É raro um filme de terror ser visto como um clássico pelo grande público. Em geral, os filmes acabam restritos aos fãs do gênero. Mas, de tempos em tempos, algum filme consegue ficar acima da média. Invocação do Mal tem fôlego para ser um caso desses. O diretor James Wan deu ao público uma narrativa com suspense e terror realmente impactantes. Não bastasse isso, o filme possui um trabalho de movimento de câmera de encher os olhos.
Pelo menos um desses filmes de Clint Eastwood: Sobre Meninos e Lobos (2003); Menina de Ouro (2004); Cartas de Iwo Jima (2006); A Conquista da Honra (2006); Grand Torino (2008)
Entre 2003 a 2008, Clint Eastwood foi excepcional. O elogio da crítica, a repercussão junto ao público e o prestígio dos prêmios são traduções da qualidade dos seus filmes no período. Obras que analisam a violência, os afetos feridos, a falsidade da glória e a falsa glória. Senão todos, certamente um desses cinco filmes serão clássicos.
Algum desses filmes independentes (ou todos eles): Encontros e Desencontros (2003); Pequena Miss Sunshine (2006); Juno (2007); Os Descendentes (2011); Ela (2013).
Bom, como a finalidade de uma lista é falar sobre filme, tenho certeza que os leitores não ficarão chateados com este tópico, rsrs. O termo “cinema independente norte-americano” deixou de designar filmes produzidos por pequenos estúdios para designar um estilo. Encontros e Desencontros, de Sofia Coppola, mesmo não sendo tão independente assim, tem traços como a temática mais séria e o estilo indie. Além do filme da filha do Francis, temos mais um punhado de filmes independentes que merecem atenção e tem força, pelos mais diversos motivos, para serem lembrados pelas futuras gerações: Pequena Miss Sunshine, de Jonathan Dayton e Valerie Faris, Juno de Jason Raitman, Os Descendentes de Alexander Payne e Ela, de Spike Jonze.
O Grande Hotel Budapeste (2014), dirigido por Wes Anderson
Fiquei tentado em colocar outros títulos na lista, como Gladiador, de Ridley Scott, Munique, de Steven Spielberg, ou A Invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese. No entanto, são filmes de diretores consagrados, que já haviam construído suas carreiras em décadas passadas. Assim, preferi privilegiar a obra de algum diretor com menos tempo de carreira. O escolhido foi Wes Anderson e seu O Grande Hotel Budapeste. Anderson tem um estilo peculiar, facilmente identificado pelo espectador: muita cor, simetria, figuras estranhas, tudo lembrando uma casa de bonecas. Seu estilo fofo sempre foi usado em filmes que debatiam problemas familiares, especialmente a relação entre pais e filhos. Em O Grande…, Anderson alcançou o seu apogeu e produziu sua melhor obra até aqui, colocando seu estilo fofo a serviço da análise do espírito humano em um período de guerra.
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