quarta-feira , 20 novembro , 2024

20 anos de ‘Dinossauro’ | A epopeia visual da Disney

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Os anos 2000 foram complicados para a Disney. Enquanto a Pixar estava em franca ascensão, emplacando sucesso atrás de sucesso, a Disney não conseguia replicar o sucesso das animações clássicas dos anos 1990. Para piorar o cenário, a DreamWorks Animations vinha com um forte investimento de seu criador, Steven Spielberg. Naquele momento, parecia que o reinado de Mickey Mouse chegaria ao fim. E foi nesse contexto que surgiram diversas sequências de nível infinitamente inferior dos sucessos da década passada. O resultado era uma graninha entrando nos cofres, mas uma série de fracassos de crítica. Porém, isso permitiu o surgimento de filmes mais ousados para os padrões da Disney na época. O estúdio precisava encontrar uma nova cara, e foi assim que tivemos início a uma das fases mais irregulares da empresa nos cinemas.

Com novas concorrentes, a Disney se viu obrigada a ousar.

Um filme que exemplifica bem essa busca por uma nova identidade é Dinossauro, que completou 20 anos agora em 2020. Em 2016, Mogli – O Menino Lobo foi um sucesso ao misturar personagens feitos em computação com cenários realistas. Porém, lá em 2000, a Disney já havia feito algo parecido. Com cenários reais gravados na Flórida, Austrália, Havaí, Califórnia e principalmente na Venezuela, a equipe criativa do filme buscou compor uma identidade visual que remetesse a pré-história. Esse background ficou perfeito e funciona como um dos elementos narrativos mais interessantes da trama. Os cenários refletem o sentimento dos personagens e criam quadros lindos de serem assistidos.



Com o alto custo de US$ 127,5 milhões, o filme causou frio na espinha de muitos executivos, já que era um valor altíssimo para um longa animado diferente do que costumava fazer dinheiro. O alto investimento se deu muito pela necessidade de fazer os personagens completamente em computação gráfica. Dessa forma, Dinossauro se tornou o primeiro filme feito por personagens 100% de CGI da Disney. E deu certo, porque o visual realista beirou a perfeição e a bilheteria foi muito boa. Arrecadando US$ 349 milhões, Dinossauro foi a quinta maior bilheteria de 2000.

Liderados por Aladar, um Iguanadon órfão, os personagens do filme são dinossauros ou lêmures. Ou seja, nenhum deles tem um visual antropomorfizado, o que dificulta as movimentações do cinema. Então, coube a equipe buscar o máximo de fidelidade paleontológica e adicionar carisma à personalidade deles. Por isso, Aladar é praticamente o Capitão América dos dinossauros, os lêmures desempenham a função de alívio cômico, enquanto Eema, Baylene e Url têm o papel de um trio de idosas em um filme de fuga. No geral, os personagens são bem interessantes, mesmo com o nível de dificuldade de se manter fiel àquilo que os especialistas da época definiam como o comportamento dos dinossauros.

Porém, há um ponto importantíssimo que justifica o motivo de muita gente não lembrar que esse filme existe: o roteiro. A trama do filme é praticamente idêntica a de qualquer filme sobre um ícone revolucionário, mas com uns 20 minutos de cenas de debandada/ fuga. E como os dinossauros são pesadões, a história parece seguir um ritmo lento igual a eles. Alguns momentos remetem a documentários, chegando até mesmo a ter narração em off. Ou seja, é um roteiro cansativo, sem tanta inspiração e… Bem, chato.

A versão brasileira tem um ponto de carisma a mais por trazer um elenco de “star talents”. Aladar, por exemplo, é dublado pelo galã da época: Fábio Assunção. Malu Mader dá voz a Neera. Mas o grande chamariz mesmo é a dupla Hebe Camargo (Baylene) e Nair Bello (Eema). Ouvir esses ícones da televisão e do humor nacional interpretando dinossauros idosos é realmente muito legal.

Para fechar o trio de amigas só faltou Lolita Rodrigues.

Enfim, agora com 20 nas costas, Dinossauro já pode ser considerado o precursor dessas animações/ live-actions que a Disney insiste em fazer nos dias de hoje. E a grande lição que esse filme deixou foi que não adianta proporcionar uma autêntica epopeia visual, utilizando o que há de mais moderno na tecnologia, se a história não tiver originalidade. Dinossauro é um filme que vale a pena ser conferido para ver como sua memória afetiva lidava com ele, mas se prepare, pois é bem provável que dê um leve sono.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Com novas concorrentes, a Disney se viu obrigada a ousar.

Um filme que exemplifica bem essa busca por uma nova identidade é Dinossauro, que completou 20 anos agora em 2020. Em 2016, Mogli – O Menino Lobo foi um sucesso ao misturar personagens feitos em computação com cenários realistas. Porém, lá em 2000, a Disney já havia feito algo parecido. Com cenários reais gravados na Flórida, Austrália, Havaí, Califórnia e principalmente na Venezuela, a equipe criativa do filme buscou compor uma identidade visual que remetesse a pré-história. Esse background ficou perfeito e funciona como um dos elementos narrativos mais interessantes da trama. Os cenários refletem o sentimento dos personagens e criam quadros lindos de serem assistidos.

Com o alto custo de US$ 127,5 milhões, o filme causou frio na espinha de muitos executivos, já que era um valor altíssimo para um longa animado diferente do que costumava fazer dinheiro. O alto investimento se deu muito pela necessidade de fazer os personagens completamente em computação gráfica. Dessa forma, Dinossauro se tornou o primeiro filme feito por personagens 100% de CGI da Disney. E deu certo, porque o visual realista beirou a perfeição e a bilheteria foi muito boa. Arrecadando US$ 349 milhões, Dinossauro foi a quinta maior bilheteria de 2000.

Liderados por Aladar, um Iguanadon órfão, os personagens do filme são dinossauros ou lêmures. Ou seja, nenhum deles tem um visual antropomorfizado, o que dificulta as movimentações do cinema. Então, coube a equipe buscar o máximo de fidelidade paleontológica e adicionar carisma à personalidade deles. Por isso, Aladar é praticamente o Capitão América dos dinossauros, os lêmures desempenham a função de alívio cômico, enquanto Eema, Baylene e Url têm o papel de um trio de idosas em um filme de fuga. No geral, os personagens são bem interessantes, mesmo com o nível de dificuldade de se manter fiel àquilo que os especialistas da época definiam como o comportamento dos dinossauros.

Porém, há um ponto importantíssimo que justifica o motivo de muita gente não lembrar que esse filme existe: o roteiro. A trama do filme é praticamente idêntica a de qualquer filme sobre um ícone revolucionário, mas com uns 20 minutos de cenas de debandada/ fuga. E como os dinossauros são pesadões, a história parece seguir um ritmo lento igual a eles. Alguns momentos remetem a documentários, chegando até mesmo a ter narração em off. Ou seja, é um roteiro cansativo, sem tanta inspiração e… Bem, chato.

A versão brasileira tem um ponto de carisma a mais por trazer um elenco de “star talents”. Aladar, por exemplo, é dublado pelo galã da época: Fábio Assunção. Malu Mader dá voz a Neera. Mas o grande chamariz mesmo é a dupla Hebe Camargo (Baylene) e Nair Bello (Eema). Ouvir esses ícones da televisão e do humor nacional interpretando dinossauros idosos é realmente muito legal.

Para fechar o trio de amigas só faltou Lolita Rodrigues.

Enfim, agora com 20 nas costas, Dinossauro já pode ser considerado o precursor dessas animações/ live-actions que a Disney insiste em fazer nos dias de hoje. E a grande lição que esse filme deixou foi que não adianta proporcionar uma autêntica epopeia visual, utilizando o que há de mais moderno na tecnologia, se a história não tiver originalidade. Dinossauro é um filme que vale a pena ser conferido para ver como sua memória afetiva lidava com ele, mas se prepare, pois é bem provável que dê um leve sono.

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